Folha de S.Paulo, 26/8/2012
SÃO PAULO - Coube ao ex-ministro Roberto Rodrigues, expoente do agronegócio brasileiro, a 57ª menção do ano à "reforma agrária" nas edições impressas da Folha. Também de sua lavra, no mesmo artigo de sábado passado, surgiu o 270º emprego do vocábulo "sustentabilidade" em 2012.
São palavras que convivem com tendências opostas na passagem dos anos. "Sustentabilidade", que mereceu parcas 15 menções em todo o ano de 1994, foi escrita em média mais de uma vez por dia em 2011.
Já o termo "reforma agrária", que chegou a ser empregado quase seis vezes por dia em 1997, demorava quase quatro dias, em média, para reaparecer no ano passado. Declínio parecido afetou, no mesmo período, a "exclusão social": de 227 aparições em 1997 para perto de um décimo disso (27) em 2011.
Os acervos de jornais e revistas, que vão sendo digitalizados e expostos a eficientes ferramentas de pesquisa, permitem registrar esses flagrantes -na verdade banais- e muitos outros das movimentações históricas do Brasil moderno.
Outro gênero de pesquisa que pode dar saltos com o advento dos acervos digitais é o dos estudos do português escrito para o grande público letrado. Na coleção da Folha, por exemplo, vemos ascender nos últimos anos o modismo do "por conta de", utilizado como preposição.
A expressão, bem empregada quando sinônimo de "por causa" ou "em razão de", aparecia 3 vezes por dia em meados dos anos 1990. Veio ganhando terreno e, no final da década seguinte, recebia 7 menções por edição. Ainda não encontrei uma boa explicação para esse fenômeno.
Nem tudo muda, entretanto -ao menos não no lapso de uma geração. Para cada 100 menções ao "de", já que falamos das preposições, o "em" surgirá de 83 a 86 vezes. Variância irrisória para vocábulos publicados aos 500 por dia.
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