30 de agosto de 2012

Etapa não consegue agregar competências e habilidades


ANÁLISE, Folha de S.Paulo, 30/8/2012
ERNESTO MARTINS FARIA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os indicadores nos anos finais do ensino fundamental evoluíram muito pouco -o Ideb 2011 mostra que passamos de 4,0 para 4,1. Nos anos iniciais, de 4,6 para 5,0.
Apesar do ritmo mais rápido nos primeiros anos, o fato de os alunos não aprenderem o que deveriam faz falta na etapa seguinte -o aprendizado é cumulativo e a defasagem em algum assunto impede o aprendizado de outro.
Uma análise feita pela Fundação Lemann mostra que os municípios em que os alunos do 5º ano obtiveram os melhores resultados em 2007 não mantiveram o desempenho no 9º ano em 2011.
Partindo da hipótese que os grupos representam basicamente a mesma coorte de alunos, isso indica que essa etapa não consegue agregar as habilidades e competências esperadas nem quando recebe alunos com nível melhor de aprendizado.
Uma dificuldade é que, após cinco anos, os alunos estão em patamares de aprendizado bem diferentes. Alguns chegam analfabetos ao 6º ano. Isso exige que a escola seja capaz de traçar estratégias para individualizar o ensino -garantindo o aprendizado dos que não dominam conteúdos básicos e daqueles que estão mais avançados.
Outro ponto é a falta de um currículo estruturado. Não ter definição do que deve ser ensinado em cada série, permitindo ao professor trabalhar com metas claras de aprendizado, já é problema nos anos iniciais -mas é pior nos anos finais, que têm conteúdos mais variados e complexos.
A Fundação Victor Civita acerta ao dizer que faltam mais estudos e atenção a essa etapa de ensino, onde problemas estruturais da educação como a formação dos professores e o despreparo das escolas para lidar com um grupo heterogêneo parecem ter um impacto ainda maior.
ERNESTO MARTINS FARIA é coordenador de projetos da Fundação Lemann

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