Folha de S.Paulo, 28/8/2012
SÃO PAULO - Neil Armstrong se foi e o jipe-robô Curiosity vai enviando imagens e informações inéditas sobre Marte. É um novo momento da exploração espacial, que se torna menos romântica e mais útil.
Saem as dispendiosas e arriscadas missões tripuladas e entram as mais justificáveis sondas e telescópios espaciais, que geram montanhas de dados relevantes para a ciência. A esperança é que nos ajudem a responder à pergunta fundamental: estamos sós no Universo?
Descartada a pseudociência dos ufólogos, há duas vertentes de busca: sondas como o Curiosity, que permitiriam identificar vida microbiana, e iniciativas como o Seti, que tenta encontrar sinais de rádio emitidos por uma inteligência extraterrestre.
O pressuposto da procura é o princípio da mediocridade, defendido, entre outros, pelos astrônomos Carl Sagan e Frank Drake: se existe vida na Terra e este é um planeta sem nada de excepcional, deve haver seres vivos em muitos outros mundos.
Contrapõe-se a ele a hipótese da Terra rara, elaborada pelo paleontologista Peter Ward e pelo astrobiólogo Donald Brownlee, segundo a qual o surgimento de vida multicelular é um evento menos comum do que supõe o princípio da mediocridade, pois depende de uma combinação improvável de fatores astrofísicos e geológicos, e não só da química.
A Terra rara é uma das respostas possíveis para o silêncio do Seti, mas ela nos deixa mais solitários no Universo. Pensando bem, isso talvez não seja uma má ideia. Se existem aliens com capacidade tecnológica para produzir sinais de rádio e quem sabe construir discos voadores, é prudente ficarmos longe deles.
Mesmo que viessem com as melhores intenções, quando civilizações em diferentes estágios de desenvolvimento tecnológico se encontram, a mais atrasada leva a pior. Foi isso pelo menos o que aconteceu na Terra, como o provam a história das Américas, da África e da Oceania.
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