Prova Brasil, feita por amostragem, será usada enquanto Enem não for adaptado
A substituição foi criticada por educadores, que veem tentativa de mascarar os resultados ruins
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO, Folha de S.Paulo, 30/8/2012
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que manterá o atual sistema de avaliação de estudantes do ensino médio enquanto o Enem não estiver completamente adaptado para analisar essa etapa.
Há duas semanas, ele disse que pretendia alterar o sistema de avaliação, após dados oficiais mostrarem que a etapa estacionou em patamar insatisfatório de qualidade.
A proposta foi criticada por educadores, que entenderam que a mudança poderia ser uma manobra para mascarar os resultados ruins. E que haveria perda da série histórica, iniciada em 1995.
Hoje, o ensino médio é avaliado por amostra de 70 mil alunos, por meio da Prova Brasil. A ideia do ministro é substituir esse sistema pela prova do Enem, que no ano passado contou com 1,5 milhão dos quase 2 milhões de formandos no ensino médio.
Criado para ser uma autoavaliação dos estudantes, o Enem hoje define quem ingressará no ensino superior via programas federais, como Fies e o Prouni. Também é usado por instituições privadas como parte da nota.
O problema apontado por quem critica o Enem para avaliar o ensino médio é que, como o exame não é obrigatório, a avaliação oficial poderia passar a desconsiderar os que têm mais dificuldades, que nem sequer prestam a prova. E as notas melhorariam artificialmente.
Segundo Mercadante, o sistema amostral será mantido "o tempo necessário", até que o Enem esteja adaptado para a função de avaliar a etapa final da educação básica.
"Não teremos nenhuma iniciativa de amenizar o quadro do ensino médio", afirmou o ministro à Folha.
Mercadante diz que uma das vantagens da substituição é que passará a haver dados e metas por escola.
O desafio é definir como tratar na avaliação os formandos que não prestam o Enem.
Uma ideia é tornar a prova obrigatória. Também poderá haver correções estatísticas.
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