SÃO PAULO - Em carta aberta à organização do Pisa, o exame internacional que compara o desempenho acadêmico de 65 países, cerca de uma centena de educadores das mais reputadas universidades do mundo criticaram o que qualificam como efeitos perversos do teste.
O principal problema apontado é que, como a prova vem ganhando importância, governos e escolas dedicam cada vez mais esforços a preparar os alunos para sair-se bem no exame, deixando de lado outros objetivos da educação.
Até certo ponto, isso acontece. Basta lembrar que o Pisa avalia só linguagem, matemática e ciências, passando ao largo das humanidades e outros itens que as pessoas tendem a achar importantes como cidadania, religião, habilidades artísticas etc.
Tudo isso pode ser verdade, mas não me parece que o culpado aqui seja o Pisa. Seria melhor imputar a natureza humana por mais esse pecadilho da espécie. Políticos, autoridades educacionais e a imprensa só dão tanta importância ao exame internacional porque ele é reconhecido como um bom termômetro da eficácia dos sistemas. O ideal seria que as instituições avançassem no Pisa sem descuidar das outras áreas, mas o fato de não o fazerem não justifica que se mate ou aleije o mensageiro.
Um possível remédio para o problema, estaria na multiplicação das avaliações, com a criação de outras provas que abordariam diferentes aspectos da educação. Não penso, porém, que isso seja necessário, ao menos não no âmbito das comparações internacionais. Assim como o cozinheiro não precisa tomar todo o caldeirão da sopa para descobrir se ela está bem temperada, testar o aluno em linguagem e matemática é mais que suficiente para aferir seu desempenho acadêmico em geral.
E o Pisa, vale lembrar, deveria ser uma ferramenta para os sistemas descobrirem onde estão indo mal e tentar melhorar, não como peça de propaganda para governantes.
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