Rio - Quatro em cada dez candidatos a uma vaga de estágio no Brasil seriam reprovados em testes de Português. O resultado faz parte da pesquisa feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) com cerca de 7,1 mil estudantes em todo o país ao longo do ano passado e divulgada nesta semana. O percentual de 40,6% de reprovação de 2013 é bem superior aos 28,8% detectado pelo mesmo estudo no ano anterior.
Para medir o índice, pesquisadores do Nube elaboraram uma prova simples de ditado com 30 palavras de uso cotidiano dos brasileiros. Tudo no papel e na caneta. Aqueles que errassem pelo menos sete itens já eram considerados reprovados na prova. Os candidatos teriam de escrever, por exemplo, verbetes como "seiscentos", "escassez", "artificial", "sucesso", "licença" e "censura".
No entanto, houve casos como "efisiência", "concenço" e "inadimicível". Até a palavra "estágio" foi alterada para "estájio" por uma aluna de Jornalismo. Já outro aluno da mesma disciplina escreveu "assessoria" com "c".
Para Mauro de Oliveira, matemático e gerente do Nube, o aumento de quase 12% no índice de reprovação na pesquisa no espaço de um ano se deve ao comprometimento cada vez menor do jovem com a língua, principalmente quando ele interage em redes sociais:
- Percebemos que quando o aluno vai escrever com a caneta e o papel, sem o apoio de qualquer tecnologia ou corretores automáticos, ele vai mal. O mundo digital pode ser um forte aliado dos profissionais, mas quando uma pessoa que já apresenta alguma deficiência no idioma usa esses recursos, ela acaba se acomodando e se viciando a ele - explica.
A pesquisa, no entanto, ressalta que há uma tendência de aprovação cada vez maior conforme o candidato vai envelhecendo. Os com idade acima de 30 anos, apresentaram melhor desempenho, com 68,5% de sucesso, superando outras faixas como a de 14 a 18 anos (59,3%), 19 a 25 anos (58,9%) e 26 a 30 anos (65%).
Alunos de Pedagogia com piores notas
Já analisando o desempenho por cursos de graduação, percebe-se que os candidatos de Pedagogia são os que mais reprovam (86%), seguidos por Moda (75%), Secretariado Executivo (69%), Engenharia Civil(68%) e Arquitetura e Urbanismo (64%). Na outra ponta, os alunos de Engenharia de Controle e Automação apresentam o maior índice de aprovação, 87,5%. Em seguinda vêm os estudantes de Engenharia Química (82%), Medicina Veterinária (79%), Química (77%) e Nutrição (76%).
Apesar da diferença de resultados entre as carreiras, Mauro de Oliveira ressalta que o Português é essencial em todas as áreas:
- Hoje o domínio do idioma é pré-requisito para qualquer vaga de estágio, independentemente da profissão. As pessoas pensam que devem ser contratadas pelo que sabem, mas não pelo português. Isso é um erro primário. Se um estudante de engenharia tiver de mandar vários e-mails durante o dia e escrever relatórios, como ele vai se comunicar?
Já a ex-professora de Língua Portuguesa da UnB, Lucília Garcez, prefere focar na questão da preparação dos docentes. Ela explica que a deficiência no idioma começa desde as primeiras séries da Educação Básica, onde as aulas de baixa qualidade de um profissional podem impactar o aprendizado do aluno nas séries seguintes. O resultado, segundo Lucília, é exatamente o encontrado pela pesquisa do Nube.
- O que acontece frequentemente é o professor do 2º ano do ensino fundamental, por exemplo, receber o aluno mal preparado que vem do primeiro e pensa 'o professor do primeiro ano não fez nada, e então não sou eu quem vai resolver isso'. No final desse efeito em cadeia é que o aluno chega no ensino superior com baixo nível em Português - ressalta Lucília, que já deu aula de preparação de professores.
Para Lucília, o desempenho dos alunos de Pedagogia, o pior entre as carreiras, só reforça seu argumento de que a raíz do problema está no lado que ensina o conteúdo.
- Só entram para o curso de Pedagogia candidatos com notas muito baixas no vestibular, que não é concorrido. A seleção não pega os melhores. É uma carreira de pouco prestígio. As autoridades públicas devem sempre investir na formação continuada desse profissional, onde ele sempre se recicla.
Para medir o índice, pesquisadores do Nube elaboraram uma prova simples de ditado com 30 palavras de uso cotidiano dos brasileiros. Tudo no papel e na caneta. Aqueles que errassem pelo menos sete itens já eram considerados reprovados na prova. Os candidatos teriam de escrever, por exemplo, verbetes como "seiscentos", "escassez", "artificial", "sucesso", "licença" e "censura".
No entanto, houve casos como "efisiência", "concenço" e "inadimicível". Até a palavra "estágio" foi alterada para "estájio" por uma aluna de Jornalismo. Já outro aluno da mesma disciplina escreveu "assessoria" com "c".
Para Mauro de Oliveira, matemático e gerente do Nube, o aumento de quase 12% no índice de reprovação na pesquisa no espaço de um ano se deve ao comprometimento cada vez menor do jovem com a língua, principalmente quando ele interage em redes sociais:
- Percebemos que quando o aluno vai escrever com a caneta e o papel, sem o apoio de qualquer tecnologia ou corretores automáticos, ele vai mal. O mundo digital pode ser um forte aliado dos profissionais, mas quando uma pessoa que já apresenta alguma deficiência no idioma usa esses recursos, ela acaba se acomodando e se viciando a ele - explica.
A pesquisa, no entanto, ressalta que há uma tendência de aprovação cada vez maior conforme o candidato vai envelhecendo. Os com idade acima de 30 anos, apresentaram melhor desempenho, com 68,5% de sucesso, superando outras faixas como a de 14 a 18 anos (59,3%), 19 a 25 anos (58,9%) e 26 a 30 anos (65%).
Alunos de Pedagogia com piores notas
Já analisando o desempenho por cursos de graduação, percebe-se que os candidatos de Pedagogia são os que mais reprovam (86%), seguidos por Moda (75%), Secretariado Executivo (69%), Engenharia Civil(68%) e Arquitetura e Urbanismo (64%). Na outra ponta, os alunos de Engenharia de Controle e Automação apresentam o maior índice de aprovação, 87,5%. Em seguinda vêm os estudantes de Engenharia Química (82%), Medicina Veterinária (79%), Química (77%) e Nutrição (76%).
Apesar da diferença de resultados entre as carreiras, Mauro de Oliveira ressalta que o Português é essencial em todas as áreas:
- Hoje o domínio do idioma é pré-requisito para qualquer vaga de estágio, independentemente da profissão. As pessoas pensam que devem ser contratadas pelo que sabem, mas não pelo português. Isso é um erro primário. Se um estudante de engenharia tiver de mandar vários e-mails durante o dia e escrever relatórios, como ele vai se comunicar?
Já a ex-professora de Língua Portuguesa da UnB, Lucília Garcez, prefere focar na questão da preparação dos docentes. Ela explica que a deficiência no idioma começa desde as primeiras séries da Educação Básica, onde as aulas de baixa qualidade de um profissional podem impactar o aprendizado do aluno nas séries seguintes. O resultado, segundo Lucília, é exatamente o encontrado pela pesquisa do Nube.
- O que acontece frequentemente é o professor do 2º ano do ensino fundamental, por exemplo, receber o aluno mal preparado que vem do primeiro e pensa 'o professor do primeiro ano não fez nada, e então não sou eu quem vai resolver isso'. No final desse efeito em cadeia é que o aluno chega no ensino superior com baixo nível em Português - ressalta Lucília, que já deu aula de preparação de professores.
Para Lucília, o desempenho dos alunos de Pedagogia, o pior entre as carreiras, só reforça seu argumento de que a raíz do problema está no lado que ensina o conteúdo.
- Só entram para o curso de Pedagogia candidatos com notas muito baixas no vestibular, que não é concorrido. A seleção não pega os melhores. É uma carreira de pouco prestígio. As autoridades públicas devem sempre investir na formação continuada desse profissional, onde ele sempre se recicla.
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