(MOSTREMOS A MESMA PREOCUPAÇÀO COM AS VIOLENCIAS NAS ESCOLAS, QUE INCLUEM A OS ALUMNOS!!!!!; COMENTARIO DE JORGE WERTHEIN)
As 5,2 mil escolas da rede pública de ensino fundamental e médio de São Paulo registraram 164 episódios de agressão a professores
Entre janeiro e julho de 2016, as 5,2 mil escolas da rede pública de ensino fundamental e médio registraram 164 episódios de agressão a professores. Desse total, 121 agressões ocorreram nas áreas mais pobres da região metropolitana; 42 na capital, em sua maioria na zona leste; e o restante em Campinas, que é a terceira maior cidade do Estado, reproduzindo as desigualdades socioeconômicas de São Paulo. As agressões envolveram violência verbal e física e os casos mais graves foram registrados pela Polícia Civil. Ao todo, as agressões atingiram 0,007% dos 207 mil professores.
O número de agressões pode ser pequeno, em face do tamanho da rede pública estadual de ensino fundamental e médio, mas o problema é preocupante, refletindo a indisciplina que prevalece nas escolas dos bairros mais pobres. Tudo indica que só um número ínfimo de casos é registrado. Em 2011, segundo dados do Ministério da Educação, 4,2 mil professores da 5.ª e da 9.ª séries da rede pública de ensino básico de todo o País contaram, ao responder um questionário anexo à Prova Brasil, ter sido xingados ou agredidos por alunos repreendidos por mal comportamento, reprovados por faltas ou que receberam notas baixas. No mesmo questionário, mais de 9 mil docentes informaram ter testemunhado atos de vandalismo e visto estudantes na faixa etária de 15 anos portando facas e canivetes nas salas de aula. Desde então, as entidades da categoria reivindicam providências, alegando que as agressões geram depressão, síndrome do pânico e estresse pós-traumático nos professores.
Para tentar amenizar o problema, algumas escolas da zona leste da capital e da Grande São Paulo vêm há alguns anos contratando policiais militares para fazer “bico” nas horas de folga. Outras, localizadas nas áreas mais pobres e problemáticas, uniram-se para criar canais para receber denúncias de violência escolar e pressionar a Secretaria da Segurança Pública a expandir o sistema de rondas policiais. E algumas delegacias de ensino passaram a estimular a formação de diretores de escola capazes de se aproximar do universo social, cultural e emocional dos alunos mais problemáticos. Essas medidas, contudo, têm se revelado insuficientes para coibir a agressividade dos estudantes e conter a escalada de agressões.
O que mais tem dado certo para reduzir a violência escolar são as experiências de integração das escolas públicas com as comunidades em que estão inseridas. Estimuladas por organismos multilaterais, essas experiências envolvem cursos de conciliação e de mediação para alunos e professores. Também estimulam maior envolvimento dos docentes com as famílias dos alunos e abrem as escolas nos fins de semana para oferecer palestras, cursos profissionalizantes, teatro, oficinas, campeonatos esportivos e outras atividades que fazem das instalações escolares a opção de lazer e de capacitação da comunidade.
Partindo da premissa de que as relações entre as escolas e as comunidades são “continuadas” e que os alunos que agridem um professor estarão no mesmo local no dia seguinte, essas experiências envolvem quatro focos – cultura, esporte, saúde e qualificação para o trabalho – e são desenvolvidas de acordo com as carências, perfis e expectativas específicas de cada comunidade. Em regiões com alto número de desempregados, a profissionalização tende a ser o foco das atividades oferecidas aos pais pela escola nos fins de semana. Onde o problema está basicamente nas relações familiares estabelecidas, mas não bem consolidadas, a aproximação de pais e filhos em eventos de lazer e esportes é importante. Onde há muito vandalismo, a tendência é estimular atividades que permitam aos alunos e suas famílias cultivar valores como cidadania e civilidade e respeito ao princípio da autoridade.
Evidentemente, medidas como essas não eximem de sindicância administrativa, abertura de inquérito criminal e ações judiciais contra os estudantes mais violentos. Mas ajudam, e muito, a disseminar o respeito ao princípio da autoridade e valores que deveriam ser ensinados em casa.
27/12/2016, Estado de S.Paulo
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