Marcello Casal Jr/Divulgação/Agência Brasil | ||
Pais e filhos na Marcha das Crianças, um protesto pacífico por melhorias sociais e contra a corrupção |
Apaixonada por educação, uma das tarefas que me imponho é escrever nas redes sociais todos os dias sobre o tema, pensando em matérias que possam interessar a professores, alunos de universidades e ativistas na área. Faço uma curadoria do que saiu na imprensa e na própria rede a respeito e posto no Twitter, copiado para o Facebook.
Comecei com isso como secretária de Educação do município do Rio, pensando em dialogar com os professores, mas logo percebi o imenso potencial que as redes proporcionam, especialmente em ensino e aprendizagem. Hoje, depois de atuar no Banco Mundial e aqui em Harvard, tenho professores de diferentes países me seguindo no Twitter, o que me leva a escrever não apenas em português.
Mas minha atuação nas redes sociais trouxe-me a triste percepção sobre o ódio e a polarização que aí circulam. Hoje diferentes tribos têm voz, o que poderia ser um elemento interessante de enriquecimento de perspectivas e de busca de agendas comuns entre visões distintas, mas, infelizmente, há poucas pontes entre elas.
As pessoas, ou seriam perfis, presentes nas redes tendem a seguir apenas quem pensa exatamente da mesma maneira e, se por algum erro de avaliação, ou prazer em ofender, encontram alguém percebido como da "tribo" inimiga, atacam sem piedade e não perdem tempo lendo o que o outro escreve.
São os "tempos do cólera", parodiando Gabriel García Márquez. Estamos bravos com o mundo e só enxergamos duas possibilidades: ou você pensa em todos os tópicos igual a mim, ou utilizo alguma etiqueta para desqualificar sua eventual contribuição.
Mas, nesse triste contexto, educamos crianças, que cedo aprendem com seus pais e mestres a rotular para não ter que gastar tempo tentando entender, a rotular para odiar. Ora, que tipo de mundo isso ajuda a construir para as futuras gerações? Certamente um espaço em que frutifica o pensamento atrofiado, os preconceitos e que não se abre para a coexistência pacífica na diversidade.
Amos Oz, grande escritor israelense, quando perguntado sobre o ódio, comparou-o com um fogo que quer tudo engolir. Mas tenho uma colher de chá e posso com ela jogar água no fogo, afirma o autor para um interlocutor atônito que não o entende. Nisso ele esclarece: "Somos muitos a ter colheres de chá com água e podemos juntos enfrentar o fogo."
O legado que podemos deixar para as próximas gerações é a redução da força do ódio e a construção de uma agenda comum que contemple um planeta sustentável e pacífico, uma educação inclusiva e de qualidade para todos e oportunidades de desenvolvimento do potencial de cada um.
Comecei com isso como secretária de Educação do município do Rio, pensando em dialogar com os professores, mas logo percebi o imenso potencial que as redes proporcionam, especialmente em ensino e aprendizagem. Hoje, depois de atuar no Banco Mundial e aqui em Harvard, tenho professores de diferentes países me seguindo no Twitter, o que me leva a escrever não apenas em português.
Mas minha atuação nas redes sociais trouxe-me a triste percepção sobre o ódio e a polarização que aí circulam. Hoje diferentes tribos têm voz, o que poderia ser um elemento interessante de enriquecimento de perspectivas e de busca de agendas comuns entre visões distintas, mas, infelizmente, há poucas pontes entre elas.
As pessoas, ou seriam perfis, presentes nas redes tendem a seguir apenas quem pensa exatamente da mesma maneira e, se por algum erro de avaliação, ou prazer em ofender, encontram alguém percebido como da "tribo" inimiga, atacam sem piedade e não perdem tempo lendo o que o outro escreve.
São os "tempos do cólera", parodiando Gabriel García Márquez. Estamos bravos com o mundo e só enxergamos duas possibilidades: ou você pensa em todos os tópicos igual a mim, ou utilizo alguma etiqueta para desqualificar sua eventual contribuição.
Mas, nesse triste contexto, educamos crianças, que cedo aprendem com seus pais e mestres a rotular para não ter que gastar tempo tentando entender, a rotular para odiar. Ora, que tipo de mundo isso ajuda a construir para as futuras gerações? Certamente um espaço em que frutifica o pensamento atrofiado, os preconceitos e que não se abre para a coexistência pacífica na diversidade.
Amos Oz, grande escritor israelense, quando perguntado sobre o ódio, comparou-o com um fogo que quer tudo engolir. Mas tenho uma colher de chá e posso com ela jogar água no fogo, afirma o autor para um interlocutor atônito que não o entende. Nisso ele esclarece: "Somos muitos a ter colheres de chá com água e podemos juntos enfrentar o fogo."
O legado que podemos deixar para as próximas gerações é a redução da força do ódio e a construção de uma agenda comum que contemple um planeta sustentável e pacífico, uma educação inclusiva e de qualidade para todos e oportunidades de desenvolvimento do potencial de cada um.
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