Bruno Santos/Folhapress | ||
Desempenho do país no Pisa 2015 foi ruim |
A principal avaliação da educação básica no mundo indica estagnação no desempenho escolar dos alunos brasileiros, com resultados ainda em níveis muito baixos. O país segue nas piores colocações na comparação com outros 69 países e territórios.
O cenário aparece na edição de 2015 do Pisa, realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, uma entidade que reúne países desenvolvidos). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (6).
Pela segunda edição consecutiva, as médias dos alunos brasileiros não avançaram nas três áreas avaliadas: matemática, leitura e ciências. A prova avalia adolescentes de 15 e 16 anos a cada três anos.
Os resultados reforçam a interrupção de uma tendência positiva registrada entre 2000 e 2009. No último resultado, em 2012, o país comemorou o avanço na última década, mesmo com resultados baixos e sem grandes avanços. Até a última edição, o Brasil foi o país que mais havia crescido em matemática nessa avaliação em dez anos.
Entre 2009 e 2015, a média brasileira na disciplina passou de 391 para 377 pontos - variação considerada não significativa estatisticamente pela OCDE. A média dos países da entidade nesta disciplina é de 490.
O resultado deixa o Brasil na 65ª posição nessa disciplina entre os 70 países e territórios avaliados. Fica atrás, por exemplo, de México, Colômbia e Albânia. Só supera a República Dominicana, Argélia, Kosovo, Tunísia e a região da antiga Iugoslávia/ Macedônia - que foi analisada como um território.
Mais de 70% dos alunos brasileiros não conseguiram alcançar o nível 2 da avaliação, em uma escala que vai até o 6. A maioria dos alunos brasileiros não é capaz, por exemplo, de interpretar e reconhecer situações em contextos que não exigem mais do que uma inferência direta.
A OCDE considera o nível 2 o mínimo adequado para exercer a cidadania. Na área de Ciências, eleito como foco do Pisa deste ano, mais da metade dos alunos (56,6%) não conseguiu desempenho suficiente para passar do nível 2. A média passou de 405 para 401 - indicando estagnação.
Em leitura, 51% dos alunos não chegaram o nível dois. A média do país passou de 410 para 407.
Entre os países da OCDE, a média tanto em ciências quanto em leitura foi de 493. O que deixa o Brasil abaixo do patamar nas três áreas.
A secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que os resultados são preocupantes. "São 15 anos de estagnação em leitura. Estagnação em ciências desde 2006 até agora, o que é muito grave", disse.
PROFESSORES
A presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, lembra que os dados do Pisa refletem os resultados que já apareceram nas avaliações nacionais, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Cruz afirma que, sem resolver os desafios de formação e valorização de professores, o país não vai conseguir avançar.
"O principal fator de sucesso do aluno é a qualidade do professor", diz. "Enquanto tivermos essa condição de baixa atratividade docente, sem conseguir formar profissionais na área específica e com qualidade, não temos a menor condição de melhorar", diz.
Para o educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, é preocupante a distância do Brasil com a média da OCDE. São quase 90 pontos, o que equivale a aproximadamente três anos de escolaridade", diz. "Isso sem falar de quem aparece no topo, estamos falando da média mesmo".
A OCDE agrupa 34 países (a maioria ricos) e o restante realiza a avaliação como convidado. Na edição de 2012, Xangai liderava o ranking nas três áreas. A partir do ano passado, o desempenho da província chinesa passou a ser considerado em conjunto com Pequim, capital do país, Jiangsu e Guangdong.
As três províncias se mantiveram conjuntamente entre as primeiras colocações. Mas a maior média nas três áreas foi registrada por Cingapura.
De acordo com Cláudia Costin, docente visitante da Universidade de Harvard, o avanço no indicador que o país registrou de 2000 a 2009 chegou ao limite dada a estrutura atual.
"A gente avançou em estrutura, vários Estados e municípios passaram a ter material mais organizado, mas isso funciona até um certo limite", diz ela, ex-diretora de Educação do Banco Mundial. "Avançamos no limite do que dava para alcançar sem mexer na formação inicial de professores".
Cláudia pondera, entretanto, que os resultados têm um lado positivo: o Brasil registrou uma expansão de acesso à escolarização nos últimos anos. "Quando países ampliam o acesso à escola, costuma haver declínio na nota, o que não ocorreu", disse.
A OCDE também ressaltou o acréscimo de 15 pontos percentuais desde 2003 na taxa de jovens com 15 anos matriculados. "O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo", cita material da organização.
O Pisa 2015 avaliou mais de 540 mil estudantes, amostra considerada representativa de 28 milhões de jovens na faixa etária de 15 anos. No Brasil, fizeram o teste cerca de 23 mil estudantes de 841 escolas.
A maior parte (78%) estavam no ensino médio. A prova avalia redes pública e privada, mas 74% daqueles que fizeram a prova está na rede estadual.
O cenário aparece na edição de 2015 do Pisa, realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, uma entidade que reúne países desenvolvidos). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (6).
Pela segunda edição consecutiva, as médias dos alunos brasileiros não avançaram nas três áreas avaliadas: matemática, leitura e ciências. A prova avalia adolescentes de 15 e 16 anos a cada três anos.
Os resultados reforçam a interrupção de uma tendência positiva registrada entre 2000 e 2009. No último resultado, em 2012, o país comemorou o avanço na última década, mesmo com resultados baixos e sem grandes avanços. Até a última edição, o Brasil foi o país que mais havia crescido em matemática nessa avaliação em dez anos.
PISA 2015 |
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Estados brasileiros têm diferença de aprendizado equivalente a dois anos |
O resultado deixa o Brasil na 65ª posição nessa disciplina entre os 70 países e territórios avaliados. Fica atrás, por exemplo, de México, Colômbia e Albânia. Só supera a República Dominicana, Argélia, Kosovo, Tunísia e a região da antiga Iugoslávia/ Macedônia - que foi analisada como um território.
Luísa Martins,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
06 Dezembro 2016 | 08h00
BRASÍLIA - Mais de 70% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos não alcançam sequer o nível básico de proficiência em Matemática, isto é, são incapazes de resolver problemas simples envolvendo números. O baixo desempenho nacional nesta disciplina é uma das principais conclusões do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), teste aplicado no ano passado em 72 países e divulgado nesta terça-feira, 6, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O escore médio do Brasil em Matemática foi de 377, enquanto a média da OCDE ficou em 490. Em uma comparação com outras 13 nações de características socioeconômicas semelhantes às brasileiras - filtro feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC) - o País só ganha da República Dominicana, que ficou com índice de 328. Naquele país, 90% dos alunos de 15 anos não têm conhecimento matemático suficiente para “exercer plenamente sua cidadania”, diz o relatório.
A disciplina de Matemática começou a ser avaliada pelo Pisa em 2003 - desde então, a cada três anos, o Brasil teve ganho médio de 6 pontos. A OCDE considera isso positivo, mas, por outro lado, o dado mais recente preocupa: de 2012 para cá, a queda foi superior a 11 pontos. A diminuição é considerada estatisticamente relevante pelos pesquisadores.
Entre os Estados brasileiros, o que obteve a melhor nota foi o Paraná (406), mas a taxa de resposta do Estado exigida pelo exame não foi cumprida, "prejudicando a análise fidedigna" dos dados. A melhor nota que aparece em seguida é do Espírito Santo, com nota 405. Alagoas amargou a pior (339) nota. Cerca de 43% dos alunos brasileiros da amostra estão abaixo do nível 1 - para o qual a OCDE nem especifica as habilidades envolvidas, de tão precárias.
O Pisa também avalia as habilidades dos estudantes em leitura e em ciências. Em ambas as disciplinas, os resultados permanecem estagnados desde o início da série histórica, em 2000 e 2006, respectivamente. Isso significa que não houve aumento ou diminuição estatisticamente importantes durante o período.
Em Ciências, mais de 56% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos só conseguem resolver questões de baixa exigência cognitiva. O escore médio nacional neste quesito é de 401 pontos, bem abaixo da média da OCDE, de 493. No ranking de 14 países elaborado pelo Inep, o Brasil só está à frente do Peru (397) e, novamente, da República Dominicana (332). Assim como em Matemática, Alagoas é o Estado com pior nota (360). O Espírito Santo levou a melhor, conquistando 435.
Leitura foi a mais satisfatória. Entre as três avaliações, a competência de leitura foi a mais satisfatória para o Brasil perante a média da OCDE. A nota média dos países-membros da organização foi de 493, enquanto a média nacional resultou em 407.
No entanto, 51% dos estudantes pesquisados estão abaixo do nível considerado aceitável para o exercício da cidadania: não conseguem, por exemplo, reconhecer a ideia principal ou interpretar fatores implícitos de um texto. As discrepâncias entre os Estados são altas: no Espírito Santo esse índice é de 46,7%, enquanto em Alagoas ultrapassa os 70%.
Assim como em Ciências, o Brasil está em antepenúltimo lugar entre os 14 países de realidades semelhantes, segundo o Inep: seu desempenho é melhor apenas que o do Peru (398) e o da República Dominicana (358). A habilidade em leitura é a única, entre as três, em que as meninas têm escores melhores que os meninos.
Perfil. Participaram do Pisa, no Brasil, 23.141 estudantes em 841 instituições de ensino municipais, estaduais, federais e privadas. Só responderam ao teste alunos entre 15 e 16 anos cursando, no mínimo, o 7º ano do ensino fundamental (a defasagem idade-série no País é de 19%, segundo dados do ano passado). A maioria dos pesquisados era do sexo feminino, matriculada no ensino médio na rede estadual, em escola localizada em área urbana.
A OCDE considera o nível 2 o mínimo adequado para exercer a cidadania. Na área de Ciências, eleito como foco do Pisa deste ano, mais da metade dos alunos (56,6%) não conseguiu desempenho suficiente para passar do nível 2. A média passou de 405 para 401 - indicando estagnação.
Em leitura, 51% dos alunos não chegaram o nível dois. A média do país passou de 410 para 407.
Entre os países da OCDE, a média tanto em ciências quanto em leitura foi de 493. O que deixa o Brasil abaixo do patamar nas três áreas.
Dados do Pisa, prova feita em 70 países, foram divulgados terça; nesta Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em
leitura e na 66ª colocação em matemática.
Os resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), divulgados na manhã desta terça-feira (6), mostram uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. A queda de pontuação também refletiu uma queda do Brasil no ranking mundial: o país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
A prova é coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi aplicada no ano de 2015 em 70 países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil. Ela acontece a cada três anos e oferece um perfil básico de conhecimentos e habilidades dos estudantes, reúne informações sobre variáveis demográficas e sociais de cada país e oferece indicadores de monitoramento dos sistemas de ensino ao longo dos anos.
Top 5 do Pisa em CIÊNCIAS:
- Cingapura: 556 pontos
- Japão: 538 pontos
- Estônia: 534 pontos
- Taipei chinesa: 532 pontos
- Finlândia: 531 pontos
Top 5 do Pisa em LEITURA:
- Cingapura: 535 pontos
- Hong Kong (China): 527 pontos
- Canadá: 527 pontos
- Finlândia: 526 pontos
- Irlanda: 521 pontos
Top 5 do Pisa em MATEMÁTICA:
- Cingapura: 564 pontos
- Hong Kong (China): 548 pontos
- Macau (China): 544 pontos
- Taipei chinesa: 542 pontos
- Japão: 532 pontos
(veja o ranking completo)
Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que não há motivos para comemorar os resultados do país no Pisa 2015, e afirmaram que, além de investir dinheiro na educação de uma forma mais inteligente, uma das prioridades deve ser a formação e a valorização do professor. "Questões como formação de professores, Base Nacional Comum e conectividade são estratégicas e podem fazer o Brasil virar esse jogo", afirmou Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.
"É fundamental rever os cursos de formação inicial e continuada, de maneira que os docentes estejam realmente preparados para os desafios da sala de aula (pesquisas mostram que os próprios professores demandam esse melhor preparo)", disse Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do Movimento Todos pela Educação.
Para Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, parte da solução "passa também em superar a baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério, ao contrário do que ocorre nos países que estão no topo do ranking mundial do Pisa. Nesses países, ser professor é sinônimo de prestígio social".
Participação do Brasil
No país, a prova fica sob responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A amostra brasileira contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.
Em cada edição, o Pisa dá ênfase a uma das três áreas. Na deste ano, o foco foi ciências. Em 2015, a nota do país em ciências caiu de 405, na edição anterior, de 2012, para 401; em leitura, o desempenho do Brasil caiu de 410 para 407; já em matemática, a pontuação dos alunos brasileiros caiu de 391 para 377. Cingapura foi o país que ocupou a primeira colocação nas três áreas (556 pontos em ciências, 535 em leitura e 564 em matemática).
Segundo o Inep, não existem "evidências empíricas" para afirmar que houve "diferenças estatisticamente significativas" entre a pontuação dos estudantes brasileiros nas três áreas do Pisa entre 2015 e as três últimas edições da prova (2012, 2009 e 2006).
De acordo com os dados, os resultados dos estudantes em ciências e leitura são distribuídos em uma escala de sete níveis de proficiência (1b, 1a, 2, 3, 4, 5 e 6). Em matemática, a escala vai de 1 a 6. De acordo com a OCDE, o nível mínimo esperado é o nível 2, considerado básico para "a aprendizagem e a participação plena na vida social, econômica e cívica das sociedades modernas em um mundo globalizado".
No Brasil, em todas as três áreas, mais da metade dos estudantes ficaram abaixo do nível 2. Veja no gráfico:
Além disso, 4,38% dos alunos brasileiros ficaram abaixo até do nível mais baixo no qual a OCDE determina habilidades esperadas para os estudantes em ciências. Em leitura e matemática, esse índice foi de 7,06% e 43,74% em matemática (no caso, da matemática, porém, há seis níveis de proficiência, e não sete).
Participaram alunos de todos os estados brasileiros, mas, no Amapá e no Paraná, não houve um número mínimo de avaliações para garantir uma análise estatística ampla. Por isso, o Inep alerta que os dados referentes a estes estados sejam analisados com cautela.
Em ciências e leitura, o Espírito Santo foi o estado com a maior média (435 e 441 pontos, respectivamente). Em matemática, a média do Paraná foi a mais alta, com 406 pontos, e o Espírito Santo teve a segunda maior média: 405. Já Alagoas registrou a média mais baixa nas três áreas: 360 em ciências, 362 em leitura e 339 em matemática.
Para Ricardo Falzetta, do Todos pela Educação, os dados mostram dois problemas principais. "Em primeiro lugar, que os nossos jovens não estão aprendendo conhecimentos básicos e fundamentais para que possam exercer plenamente sua cidadania enquanto jovens e depois, enquanto adultos, realizando seus projetos de vida. Em segundo lugar, a pesquisa aponta novamente – como vemos em diversos outros estudos, inclusive os nacionais – as enormes disparidades entre as regiões."
Veja abaixo os resultados do Brasil em cada área:
Ciências
A área de ciências foi o foco da prova neste ano. Os alunos foram avaliados de acordo com três competências científicas: explicar fenômenos cientificamente, avaliar e planejar experimentos científicos e interpretar dados e evidências cientificamente. De acordo com a OCDE, "um jovem letrado cientificamente está preparado para participar de discussões fundamentadas sobre questões relacionadas à Ciência, pois tem a capacidade de usar o conhecimento e a informação de maneira interativa".
As perguntas variavam entre o nível de dificuldade (baixo, médio e alto), e as respostas podiam ser dissertativas, de múltipla escolha simples ou múltipla escolha complexa. Os temas de ciências envolvem os sistemas físicos, vivos e sobre a Terra e o espaço, e foram abordados nos contextos pessoal, local/nacional e global.
Em ciências, 43,4% dos estudantes obtiveram pelo menos o nível 2 da escala de proficiência, segundo os dados divulgados nesta sexta. A média do Brasil na área foi de 401 pontos. Desde 2009, o desempenho do Brasil estava estagnado em 405, e agora recuou quatro pontos.
Desempenho em CIÊNCIAS:
- Média dos países da OCDE: 493 pontos
- Média do Brasil: 401 pontos
- Brasil – rede federal: 517 pontos*
- Brasil – rede privada: 487 pontos*
- Brasil – rede estadual: 394 pontos
- Brasil – rede municipal: 329 pontos**
*Segundo o Inep, o desempenho médio dos estudantes da rede federal e da rede priva não é "estatisticamente diferente"
**O Inep ressalta que a rede municipal tem pontuação inferior porque, na maioria das escolas, os estudantes ainda estão cursando o ensino fundamental
Os estudantes brasileiros que participaram do Pisa em 2015 apresentaram mais facilidade para interpretar dados e evidências cientificamente e mais dificuldade com a competência de avaliar e planejar experimentos científicos. As questões que tinham contexto pessoal foram mais fáceis tanto para brasileiros quanto para alunos de outros países: elas registraram um índice de acertos de 33,8% pelos estudantes do Brasil. As questões globais, por outro lado, só foram respondidas corretamente por cerca de 26% dos participantes.
"Apenas para ilustrar, se considerarmos os nossos resultados em ciências, atingimos 401 pontos, enquanto que os alunos dos países da OCDE obtiveram uma média de 493 pontos", afirmou Mozart Neves, do Instituto Ayrton Senna. "É uma diferença que equivale a aproximadamente ao aprendizado de três anos letivos!"
De acordo com o Inep, “representam pontos fortes dos estudantes brasileiros, de modo geral, os itens da competência explicar fenômenos cientificamente, de conhecimento de conteúdo, de resposta do tipo múltipla escolha simples. Por outro lado, representam pontos fracos os itens da competência interpretar dados e evidências cientificamente, de conhecimento procedimental, de resposta do tipo aberta e múltipla escolha complexa".
Leitura
O Pisa define o "letramento em leitura" como a capacidade de os estudantes entenderem e usarem os textos escritos, além de serem refletir e desenvolver conhecimentos a partir do contato com o texto escrito, além de participar da sociedade. A prova do Pisa avalia o domínio dos alunos em três aspectos da leitura: Localizar e recuperar informação, integrar e interpretar, e refletir e analisar.
Vários tipos de textos aparecem na prova, como os descritivos, narrativos e argumentativos, e há textos que apresentam situações pessoais, públicas, educacionais e ocupacionais.
No Pisa 2015, 50,99% dos estudantes ficaram abaixo do nível 2 de proficiência. A média de desempenho foi de 407 pontos. É a segunda queda consecutiva na área de leitura desde 2009.
Desempenho em LEITURA:
- Média dos países da OCDE: 493 pontos
- Média do Brasil: 407 pontos
- Brasil – rede federal: 528 pontos*
- Brasil – rede privada: 493 pontos*
- Brasil – rede estadual: 402 pontos
- Brasil – rede municipal: 325 pontos**
*Segundo o Inep, o desempenho médio dos estudantes da rede federal e da rede priva não é "estatisticamente diferente"
**O Inep ressalta que a rede municipal tem pontuação inferior porque, na maioria das escolas, os estudantes ainda estão cursando o ensino fundamental
"Os estudantes brasileiros mostraram melhor desempenho ao lidar com textos representativos de situação pessoal (por exemplo, e-mails, mensagens instantâneas, blogs, cartas pessoais, textos literários e textos informativos) e desempenho inferior ao lidar com textos de situação pública (por exemplo, textos e documentos oficiais, notas públicas e notícias)", avaliou o Inep, no documento divulgado à imprensa.
Matemática
A área de matemática do Pisa é onde o Brasil tem a pontuação mais baixa nas últimas cinco edições do programa. Porém, o país vinha registrando uma tendência de crescimento consistente. Na edição de 2012, o governo federal afirmou que o Brasil foi o país que mais evoluiu na pontuação média de matemática no Pisa. Porém, nesta edição, essa foi a área onde o Brasil teve a queda mais acentuada:
Desempenho em MATEMÁTICA:
- Média dos países da OCDE: 490 pontos
- Média do Brasil: 377 pontos
- Brasil – rede federal: 488 pontos*
- Brasil – rede privada: 463 pontos*
- Brasil – rede estadual: 369 pontos
- Brasil – rede municipal: 311 pontos**
*Segundo o Inep, o desempenho médio dos estudantes da rede federal e da rede priva não é "estatisticamente diferente"
**O Inep ressalta que a rede municipal tem pontuação inferior porque, na maioria das escolas, os estudantes ainda estão cursando o ensino fundamental
"Os resultados do Brasil no Pisa são gravíssimos porque apontam uma estagnação em um patamar muito baixo. 70% dos alunos do Brasil abaixo do nível 2 em matemática é algo inaceitável. O Pisa é mais uma evidência do que vemos todos os dias nas escolas", afirmou Denis Mizne, da Fundação Lemann.
Os conteúdos matemáticos avaliados na prova do Pisa são relacionados a quantidade; incerteza e dados; mudanças e relações; espaço e forma. A OCDE considera como capacidades fundamentais da matemática atividades como delinear estratégias, raciocinar e argumentar, utilizar linguagem e operações simbólicas, formais e técnicas e utilizar ferramentas matemáticas. Entre os processos matemáticos, o Pisa mede a habilidade dos estudantes de formular, empregar, interpretar e avaliar problemas.
De acordo com a avaliação do Inep, os estudantes brasileiros apresentaram "facilidade maior em lidar com a matemática envolvida diretamente com suas atividades cotidianas, sua família ou seus colegas". Além disso, "o manuseio com dinheiro ou a vivência com fatos que gerem contas aritméticas ou proporções é uma realidade mais próxima dos estudantes do que, por exemplo, espaço e forma", diz o órgão.
Entenda o Pisa
As provas do Pisa duram até duas horas e as questões podem ser de múltipla escolha ou dissertativas. Nesta edição, em alguns países, incluindo o Brasil, todos os estudantes fizeram provas em computadores. O exame é aplicado a uma amostra de alunos matriculados na rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental. Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de aprendizagem.
Do total de alunos da amostra brasileira, 77,7% estavam no ensino médio, 73,8% na rede estadual, 95,4% moravam em área urbana e 76,7% viviam em municípios do interior.
Estudantes de escolas indígenas, escolas rurais da região Norte ou escolas internacionais, além de alunos de escolas situadas em assentamentos rurais, comunidades quilombolas ou unidades de conservação sustentável não fizeram parte do estudo do Pisa. Segundo o Ministério da Educação, o motivo foram as dificuldades logísticas de aplicação da avaliação e o fato de certos grupos populacionais não terem necessariamente a língua portuguesa como língua de instrução.
PROFESSORES
A presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, lembra que os dados do Pisa refletem os resultados que já apareceram nas avaliações nacionais, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Cruz afirma que, sem resolver os desafios de formação e valorização de professores, o país não vai conseguir avançar.
"O principal fator de sucesso do aluno é a qualidade do professor", diz. "Enquanto tivermos essa condição de baixa atratividade docente, sem conseguir formar profissionais na área específica e com qualidade, não temos a menor condição de melhorar", diz.
Para o educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, é preocupante a distância do Brasil com a média da OCDE. São quase 90 pontos, o que equivale a aproximadamente três anos de escolaridade", diz. "Isso sem falar de quem aparece no topo, estamos falando da média mesmo".
A OCDE agrupa 34 países (a maioria ricos) e o restante realiza a avaliação como convidado. Na edição de 2012, Xangai liderava o ranking nas três áreas. A partir do ano passado, o desempenho da província chinesa passou a ser considerado em conjunto com Pequim, capital do país, Jiangsu e Guangdong.
As três províncias se mantiveram conjuntamente entre as primeiras colocações. Mas a maior média nas três áreas foi registrada por Cingapura.
"A gente avançou em estrutura, vários Estados e municípios passaram a ter material mais organizado, mas isso funciona até um certo limite", diz ela, ex-diretora de Educação do Banco Mundial. "Avançamos no limite do que dava para alcançar sem mexer na formação inicial de professores".
Cláudia pondera, entretanto, que os resultados têm um lado positivo: o Brasil registrou uma expansão de acesso à escolarização nos últimos anos. "Quando países ampliam o acesso à escola, costuma haver declínio na nota, o que não ocorreu", disse.
A OCDE também ressaltou o acréscimo de 15 pontos percentuais desde 2003 na taxa de jovens com 15 anos matriculados. "O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo", cita material da organização.
O Pisa 2015 avaliou mais de 540 mil estudantes, amostra considerada representativa de 28 milhões de jovens na faixa etária de 15 anos. No Brasil, fizeram o teste cerca de 23 mil estudantes de 841 escolas.
A maior parte (78%) estavam no ensino médio. A prova avalia redes pública e privada, mas 74% daqueles que fizeram a prova está na rede estadual.
Estados brasileiros têm diferença de aprendizado equivalente a dois anos
Os estudantes do Espírito Santo tiveram o maior destaque no Pisa, principal avaliação internacional de educação, ao se separar apenas os dados do Brasil. O Estado ficou com a maior média nas três áreas entre todas as unidades da federação.
São Paulo, o Estado mais rico do país, ficou em 5º em matemática e leitura. Em ciências, fica na 6º posição - ao desconsiderar os resultados do Paraná, que, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), não registrou amostra significativa.
Se há um abismo entre o desempenho de estudantes brasileiros e o de países ricos em termos de aprendizado, não é diferente também dentro do País. As médias do Pisa 2015 por Estado mostram uma diferença de até 79 pontos entre a a melhor nota (Espírito Santo) e a mais baixa (Alagoas) em leitura, por exemplo.
Isso equivale a mais de dois anos de aprendizado, segundo a OCDE (entidade que reúne países desenvolvidos e que organiza a prova). Nas áreas de matemática e ciências a diferença entre os mesmo Estados é de 66 e 75, respectivamente - cerca de 30 pontos representa um ano letivo de aprendizado. Fazem o Pisa estudantes na faixa dos 15 anos.
Para ter uma ideia da diferença, o Brasil conseguiu avançar em matemática 57 pontos entre 2000 e 2012. Foi a evolução mais significativa do Pisa no período. Mesmo os Estados com nota acima da média do Brasil ficam ainda distantes do índice médio dos países da OCDE.
Em matemática, por exemplo, o Ceará é o único Estado do Nordeste com nota acima da média nacional. "A desigualdade interna reflete a desigualdade que já existe no Brasil do ponto de vista social e econômico", disse a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
"Como educadora, é triste demais, porque além do Brasil estar perdendo o passo em relação a outros países da América Latina e em relação a países da Europa, essa desigualdade interna revela uma desigualdade grande do país", completa Castro.
São Paulo, o Estado mais rico do país, ficou em 5º em matemática e leitura. Em ciências, fica na 6º posição - ao desconsiderar os resultados do Paraná, que, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), não registrou amostra significativa.
Se há um abismo entre o desempenho de estudantes brasileiros e o de países ricos em termos de aprendizado, não é diferente também dentro do País. As médias do Pisa 2015 por Estado mostram uma diferença de até 79 pontos entre a a melhor nota (Espírito Santo) e a mais baixa (Alagoas) em leitura, por exemplo.
PISA 2015 |
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Estagnado, Brasil fica entre os piores do mundo em avaliação de educação |
Em matemática, por exemplo, o Ceará é o único Estado do Nordeste com nota acima da média nacional. "A desigualdade interna reflete a desigualdade que já existe no Brasil do ponto de vista social e econômico", disse a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
"Como educadora, é triste demais, porque além do Brasil estar perdendo o passo em relação a outros países da América Latina e em relação a países da Europa, essa desigualdade interna revela uma desigualdade grande do país", completa Castro.
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