Apu Gomes/Folhapress | ||
Adolescentes trabalham de engraxates no entorno do aeroporto de Congonhas, na zona sul de SP |
Pesquisas divulgadas nas últimas semanas mostram que, se por um lado, o Brasil tem conseguido incluir mais crianças e adolescentes na escola, por outro, enfrenta grande dificuldade em evitar que eles acabem fugindo da educação formal.
Tanto indicadores da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, quanto do Pisa, teste internacional de aprendizagem aplicado pela OCDE, ambos referentes a 2015, revelam que o percentual de brasileiros matriculados no ensino básico vem aumentando.
É motivo para comemoração em um país que começou a se preocupar com a inclusão educacional tardiamente em relação à boa parte do mundo.
Continua sendo, no entanto, difícil convencer os adolescentes de que vale a pena persistir e permanecer na escola até o fim.
O IBGE mostrou que 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos, em 2015, havia abandonado os estudos precocemente.
Esse dado não nos permite concluir, no entanto, que o ensino médio é nossa principal fonte de problemas porque, na maioria dos casos, a ruptura começa antes.
Seis em cada dez adolescentes de 15 a 17 anos que não estavam estudando no ano passado desistiram ainda no ensino fundamental.
Esse percentual já foi pior. Em 2005, era de 76,2%. Mas continua muito elevado.
E, se esse número for analisado em conjunto com outras informações recentes, a situação parece alarmante.
A OCDE divulga com os resultados do Pisa —que mede o desempenho dos jovens em testes de matemática, ciências e leitura— uma série de outros indicadores educacionais e respostas de alunos, professores, diretores e pais a entrevistas.
Na edição de 2012 da avaliação —que é feita a cada três anos—, a organização já tinha revelado um aumento do desconforto do jovem brasileiro em relação à educação formal.
Como mostrou a coluna de seis semanas atrás, havia ocorrido um crescimento da parcela dos adolescentes que diziam se sentir sozinhos em suas escolas e uma queda no percentual dos que afirmavam que estudar era uma perda de tempo.
Apesar disso, em termos de frequência escolar, o Brasil não ia tão mal.
O percentual de alunos que responderam não ter perdido nenhum dia inteiro de aula duas semanas antes do exame era, por exemplo, de 79,7% contra 85,2% na média da OCDE em 2012.
Desde então, no entanto, houve uma piora expressiva nos nossos indicadores de frequência.
Em 2015, a parcela dos jovens brasileiros que afirmou nunca ter perdido um dia inteiro de aula nos 15 dias anteriores à prova despencou para 52%, abrindo um hiato significativo em relação ao patamar de 80,3% na média dos países desenvolvidos.
Essa tendência assusta porque parece indicar maior risco de evasão em um país em que a aprendizagem dos jovens está estagnada, e o abandono e a repetência escolar já são muito elevados.
A taxa dos jovens de 15 a 17 anos que já tinha repetido algum ano letivo era de 36,4% no Brasil, em 2015, a terceira maior entre 70 países para os quais a OCDE coletou esse dado.
É importante ressaltar que todos esses indicadores são as médias para todos os jovens. Se considerarmos apenas os brasileiros de classe econômica menos favorecida —justamente os mais vulneráveis— os números são piores.
Está na hora de ouvirmos esses jovens, prestarmos mais atenção no que eles pensam e esperam da educação. Sem isso, será difícil resgatar os milhões deles que, via abandono completo ou fuga gradual das aulas, estão se distanciando da escola.
Tanto indicadores da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, quanto do Pisa, teste internacional de aprendizagem aplicado pela OCDE, ambos referentes a 2015, revelam que o percentual de brasileiros matriculados no ensino básico vem aumentando.
É motivo para comemoração em um país que começou a se preocupar com a inclusão educacional tardiamente em relação à boa parte do mundo.
Continua sendo, no entanto, difícil convencer os adolescentes de que vale a pena persistir e permanecer na escola até o fim.
O IBGE mostrou que 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos, em 2015, havia abandonado os estudos precocemente.
Esse dado não nos permite concluir, no entanto, que o ensino médio é nossa principal fonte de problemas porque, na maioria dos casos, a ruptura começa antes.
Seis em cada dez adolescentes de 15 a 17 anos que não estavam estudando no ano passado desistiram ainda no ensino fundamental.
Esse percentual já foi pior. Em 2005, era de 76,2%. Mas continua muito elevado.
E, se esse número for analisado em conjunto com outras informações recentes, a situação parece alarmante.
A OCDE divulga com os resultados do Pisa —que mede o desempenho dos jovens em testes de matemática, ciências e leitura— uma série de outros indicadores educacionais e respostas de alunos, professores, diretores e pais a entrevistas.
Na edição de 2012 da avaliação —que é feita a cada três anos—, a organização já tinha revelado um aumento do desconforto do jovem brasileiro em relação à educação formal.
Como mostrou a coluna de seis semanas atrás, havia ocorrido um crescimento da parcela dos adolescentes que diziam se sentir sozinhos em suas escolas e uma queda no percentual dos que afirmavam que estudar era uma perda de tempo.
Apesar disso, em termos de frequência escolar, o Brasil não ia tão mal.
O percentual de alunos que responderam não ter perdido nenhum dia inteiro de aula duas semanas antes do exame era, por exemplo, de 79,7% contra 85,2% na média da OCDE em 2012.
Desde então, no entanto, houve uma piora expressiva nos nossos indicadores de frequência.
Em 2015, a parcela dos jovens brasileiros que afirmou nunca ter perdido um dia inteiro de aula nos 15 dias anteriores à prova despencou para 52%, abrindo um hiato significativo em relação ao patamar de 80,3% na média dos países desenvolvidos.
Essa tendência assusta porque parece indicar maior risco de evasão em um país em que a aprendizagem dos jovens está estagnada, e o abandono e a repetência escolar já são muito elevados.
A taxa dos jovens de 15 a 17 anos que já tinha repetido algum ano letivo era de 36,4% no Brasil, em 2015, a terceira maior entre 70 países para os quais a OCDE coletou esse dado.
É importante ressaltar que todos esses indicadores são as médias para todos os jovens. Se considerarmos apenas os brasileiros de classe econômica menos favorecida —justamente os mais vulneráveis— os números são piores.
Está na hora de ouvirmos esses jovens, prestarmos mais atenção no que eles pensam e esperam da educação. Sem isso, será difícil resgatar os milhões deles que, via abandono completo ou fuga gradual das aulas, estão se distanciando da escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário