Os resultados da nova medição da qualidade do ensino aplicada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), relativa ao triênio que vai de 2013 a 2015, dão novos números ao que, em análises e exames realizados periodicamente por modelos nacionais de pesquisa, já se desenhava como uma profunda crise educacional no Brasil. Mesmo previsível, a tragédia da Educação no país assusta.
Ela confirma uma preocupante tendência: após tímidos avanços alcançados no fim da década passada, o desempenho médio dos estudantes brasileiros de 15 anos — faixa etária no limiar da reta final rumo à Universidade —, que caiu em 2012, na melhor das hipóteses se manteve estagnado na nova avaliação, permanecendo nas últimas colocações entre os países pesquisados.
O Pisa avalia o aprendizado nas disciplinas de ciências, leitura e matemática em 70 países (entre os quais os 35 que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, onde estão reunidas as nações de maior índice de desenvolvimento do mundo). O Brasil está mal na fita nas três áreas: em ciências, fica na frente de apenas sete países; em leitura, cujo rendimento caiu de 410 para 407 pontos, ocupa a 59ª posição no ranking, e o 65º lugar em matemática.
Da confrontação dos resultados da pesquisa com a realidade decorre, entre outras constatações, que sete em cada dez alunos brasileiros com 15 anos não sabem o mínimo de matemática que os torne capazes de exercer plenamente a cidadania. Ou seja, a grande maioria dos estudantes ingressa no ciclo imediatamente anterior à Universidade sem conseguir interpretar enunciados de problemas ou sequer resolver questões básicas dessa disciplina. Em leitura, os 407 pontos obtidos pelo Brasil estão muito abaixo da média (493 pontos) registrada na comunidade da OCDE. No varejo, há regiões que beiram a tragédia, como Alagoas, a pior média do país, com 362 pontos. O Rio de Janeiro, o segundo estado mais desenvolvido da Federação, está em 14º lugar no ranking nacional, com uma nota (400 pontos) abaixo da média brasileira.
Essa debacle se dá na sequência de seguidos incrementos orçamentários na Educação. Do que se depreende que as demandas no ensino decorrem mais por falhas de gestão e conteúdo do que por fatores meramente econômicos. Do que resulta, por sua vez, que o Brasil precisa multiplicar os esforços para acelerar a reforma do ensino, em especial a do ciclo médio, para evitar que conquistas, ainda que tímidas, obtidas no Fundamental se percam na fase seguinte do aprendizado.
O país perde tempo debatendo questões de forma (se é correto ou não fazer a reforma do ensino médio por medida provisória, em tramitação no Congresso), quando a questão é de conteúdo, de modo a adequar esse ciclo do ensino a modelos adotados com sucesso em países mais desenvolvidos. A MP é apenas o caminho que se impõe face à urgência da reformulação.
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