6 de dezembro de 2016

Notas do Pisa mostram abismo entre redes de ensino pública e privada


Foto: Reuters
Notas do Pisa mostram abismo entre redes de ensino pública e privada no País
Para especialista, dado reforça desigualdade no País
Isabela Palhares e Luiz Fernando Toledo,
O Estado de S.Paulo
06 Dezembro 2016 |
SÃO PAULO - As notas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) apontam uma grande diferença entre as redes pública (federal, estadual e municipal) e privada de ensino no País. Em Ciências, por exemplo, a média da rede federal foi de 517 pontos, seguida pela rede particular, com 487. As redes estaduais tiveram média de 394 e as municipais, 329. A média dos países membros da OCDE é de 493 pontos.
Para Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a diferença de desempenho entre as escolas privadas e públicas são um reflexo da situação brasileira. "Mais do que um reflexo, (essa diferença) reforça o Brasil como um país extremamente desigual. A desigualdade só se manifesta de forma ainda mais dramática na educação", disse. 
O desempenho das redes federal e particular são estatisticamente semelhantes, de acordo com a OCDE. Ambas tiveram média superior à nacional em Ciências (401). A rede municipal, segundo o estudo, pode ter notas menores pelo fato de a rede ofertar, prioritariamente, o ensino fundamental.
A tendência se repete em leitura e Matemática. No caso de leitura, a média foi de 528 pontos na rede federal e 493 na particular. A rede estadual ficou com 402 pontos e a municipal, 325. A média geral do Brasil na área é de 407. Já em Matemática a rede federal teve 488 pontos, ante 463 na particular, 369 na rede estadual e 311 na municipal.
Comparações. A diferença por rede expõe o abismo de qualidade entre as escolas, tornando-as próximas do desempenho de países completamente diferentes. A média de Ciências da rede federal, por exemplo, é próxima e semelhante a de Hong Kong (523), Nova Zelândia (513) e Austrália (510). Já a média da rede municipal na mesma área só se assemelha à República Dominicana (332). No caso da rede estadual, a nota é semelhante à do Peru (397), Líbano e Tunísia, por exemplo.
"As melhores escolas brasileiras continuam sendo as da rede federal, o que é uma boa notícia porque são espaços públicos que dão certo. Nos mostram que o segredo é expandir esse modelo e não acreditar apenas que o que dá certo é a escola privada", disse Cara.
  


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