Falta mão de obra no "chão de fábrica"
Ricardo Nogueira/Folhapress DE SÃO PAULO |
Nível de pleno emprego eleva salários, aumenta a rotatividade de profissionais e afeta a qualidade de serviços Empresas investem mais em formação e retenção de pessoas; mão de obra pode passar a ser importada
TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO
Primeiro faltavam engenheiros, profissionais de finanças e executivos multilíngues com MBA no exterior. A escassez de mão de obra agora chegou ao chão de fábrica.
Com o desemprego em 5,7%, o menor já registrado pelo IBGE, serviços "intensivos em mão de obra" -construção, supermercados, restaurantes, telemarketing, bancos- têm dificuldade para selecionar pessoal até nos níveis iniciais de carreira.
Em São Paulo, faltam mestres de obra, eletricistas, operadores de call center, caixas de supermercado, atendentes de redes de fast food, vendedores de lojas de shoppings, entre outros profissionais até então abundantes.
São profissionais que vivem a inusitada situação de pleno emprego, com desocupação em torno de 5% da população trabalhadora.
"A oferta de mão de obra não acompanha a demanda. A única forma de equilibrar isso é aumentar a produtividade e reduzir os encargos trabalhistas", disse Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real.
Neste ano, 97% das categorias profissionais que negociaram salários tiveram reajuste acima da inflação, segundo o Dieese.
Os bancos, que contrataram mais de 50 mil pessoas em 2010, não conseguem mais recrutar escriturários com tanta facilidade. Para entrar no setor, os bancos exigem agora curso superior completo ou em andamento.
O mercado de trabalho aquecido levou o banco Santander a atrasar a contratação de 1.200 pessoas.
"Não diria que está impossível contratar, mas está mais difícil. É um daqueles problemas bons de se ter", disse Fabio Barbosa, presidente do Santander.
"Os bancos estão tendo ganho de produtividade. É natural que o trabalhador se aproprie um pouco disso", diz Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que conseguiu reajuste de 16,33% para quem ganha o piso de R$ 1.250 por mês.
RETENÇÃO
A disputa por profissionais é tão grande que o Bradesco elevou os salários dos gerentes de conta para evitar assédio da concorrência.
Na avaliação de Janine Berg, consultora da Organização Internacional do Trabalho, a situação cria oportunidade para equilibrar o mercado de trabalho, com maior empregabilidade de mulheres, jovens e idosos.
Também impõe mudanças nas rotinas de contratação e nos pacotes de retenção de funcionários. A alta rotatividade esbarra ainda na qualidade dos serviços e estimula a especialização.
"O Brasil ficou uma década sem crescimento e sem investimento na educação. De repente, passa a crescer mais de 5% ao ano. Para ocupações mais penosas, não acho impossível que o Brasil tenha de importar mão de obra", disse José Silvestre, economista do Dieese.
O McDonald's está com dificuldade para captar e treinar novos atendentes. A rede tem a maior rotatividade de sua história e está preocupada com o nível de reclamação dos clientes no Brasil.
Para não perder pessoal treinado para a concorrência, empresas desenvolvem políticas de contratação e de retenção de talentos.
As Lojas Renner procuram profissionais até no Facebook, e gastam 140 horas de treinamento por profissional. "As empresas assumiram o ônus da formação, e isso é motivo de atração", disse Clarice Martins Costa, diretora de recursos humanos.
"Mais importante do que salário, as pessoas querem crescer. Se não retiver o profissional, perde o investimento em formação e treinamento", disse Monica Ramos, diretora do CTS, empresa de recrutamento.
Primeiro faltavam engenheiros, profissionais de finanças e executivos multilíngues com MBA no exterior. A escassez de mão de obra agora chegou ao chão de fábrica.
Com o desemprego em 5,7%, o menor já registrado pelo IBGE, serviços "intensivos em mão de obra" -construção, supermercados, restaurantes, telemarketing, bancos- têm dificuldade para selecionar pessoal até nos níveis iniciais de carreira.
Em São Paulo, faltam mestres de obra, eletricistas, operadores de call center, caixas de supermercado, atendentes de redes de fast food, vendedores de lojas de shoppings, entre outros profissionais até então abundantes.
São profissionais que vivem a inusitada situação de pleno emprego, com desocupação em torno de 5% da população trabalhadora.
"A oferta de mão de obra não acompanha a demanda. A única forma de equilibrar isso é aumentar a produtividade e reduzir os encargos trabalhistas", disse Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real.
Neste ano, 97% das categorias profissionais que negociaram salários tiveram reajuste acima da inflação, segundo o Dieese.
Os bancos, que contrataram mais de 50 mil pessoas em 2010, não conseguem mais recrutar escriturários com tanta facilidade. Para entrar no setor, os bancos exigem agora curso superior completo ou em andamento.
O mercado de trabalho aquecido levou o banco Santander a atrasar a contratação de 1.200 pessoas.
"Não diria que está impossível contratar, mas está mais difícil. É um daqueles problemas bons de se ter", disse Fabio Barbosa, presidente do Santander.
"Os bancos estão tendo ganho de produtividade. É natural que o trabalhador se aproprie um pouco disso", diz Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que conseguiu reajuste de 16,33% para quem ganha o piso de R$ 1.250 por mês.
RETENÇÃO
A disputa por profissionais é tão grande que o Bradesco elevou os salários dos gerentes de conta para evitar assédio da concorrência.
Na avaliação de Janine Berg, consultora da Organização Internacional do Trabalho, a situação cria oportunidade para equilibrar o mercado de trabalho, com maior empregabilidade de mulheres, jovens e idosos.
Também impõe mudanças nas rotinas de contratação e nos pacotes de retenção de funcionários. A alta rotatividade esbarra ainda na qualidade dos serviços e estimula a especialização.
"O Brasil ficou uma década sem crescimento e sem investimento na educação. De repente, passa a crescer mais de 5% ao ano. Para ocupações mais penosas, não acho impossível que o Brasil tenha de importar mão de obra", disse José Silvestre, economista do Dieese.
O McDonald's está com dificuldade para captar e treinar novos atendentes. A rede tem a maior rotatividade de sua história e está preocupada com o nível de reclamação dos clientes no Brasil.
Para não perder pessoal treinado para a concorrência, empresas desenvolvem políticas de contratação e de retenção de talentos.
As Lojas Renner procuram profissionais até no Facebook, e gastam 140 horas de treinamento por profissional. "As empresas assumiram o ônus da formação, e isso é motivo de atração", disse Clarice Martins Costa, diretora de recursos humanos.
"Mais importante do que salário, as pessoas querem crescer. Se não retiver o profissional, perde o investimento em formação e treinamento", disse Monica Ramos, diretora do CTS, empresa de recrutamento.
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