Jornal do Dia
Pisa: Desigualdade na educação iguala Brasil a países com melhores e piores resultados no ranking
Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) evidenciam o problema da falta de equidade educacional no Brasil. No país, é possível encontrar estudantes com desempenho comparável ao dos chilenos - que contam com o melhor sistema de ensino da América Latina, segundo as avaliações internacionais e outros com o aprendizado semelhante ao do Panamá ou Azerbaijão.
Quanto maior o nível de desigualdades sociais de um país, mais ela se reflete na educação , aponta o especialista em educação e ex-representante da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil Jorge Werthein.
A prova é aplicada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. Em 2009, participaram 65 países e o Brasil ficou em 54° lugar.
Os alunos do Distrito Federal tiveram o melhor desempenho no exame: média de 439 pontos considerando as três disciplinas avaliadas. É o mesmo patamar atingido pelo Chile, país que é citado no relatório do Pisa pela melhoria dos resultados nas últimas edições e obteve em 2009 o melhor resultado entre os latino-americanos.
No final da fila, ficaram Alagoas e Maranhão, com média de 354 e 355 pontos respectivamente. Isso significa que os estudantes desses estados têm desempenho semelhante aos do Panamá, Peru e Azerbaijão. Alagoas ficou com as médias mais baixas em leitura e ciências. O Maranhão teve o pior resultado em matemática comparado ao do Quirziquistão último do ranking internacional.
Para Werthein, o cenário mostra que é necessário criar medidas específicas para atender os estados com os sistemas de ensino mais deficientes. O próprio relatório do Pisa fala que temos que ter políticas diferenciadas, de discriminação positiva, para poder enfrentar aquelas regiões que estão mais desfavorecidas , defende.
O Brasil ficou entre os três países que mais evoluíram no Pisa entre 2000 e 2009, saltando de 368 para 401 pontos. Mas mesmo o resultado dos alunos do DF, os melhores do Brasil, está abaixo do atingido pelos países-membros da OCDE. Para elevar a média nacional e garantir mais equidade no sistema educacional brasileiro, Werthein sugere que os melhores professores sejam selecionados para atuar nas piores escolas.
Isso é o que deveríamos fazer em cada estado da federação, introduzir um componente forte de equidade. Os melhores professores têm que dar aulas nas escolas que mais requeiram a sua expertise, as mais pobres e carentes. Senão, não vamos conseguir romper esse círculo perverso da escola do bairro mais pobre que reproduz a pobreza , indica o especialista.
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