ncebido com capital pessoal de grandes empresários brasileiros, o fundo Pitanga traz um novo perfil ao cenário de capital de risco do país
ANDRÉ FAUST
ALGUÉM QUE HOJE OBSERVE O PANORAMA da produção científica do Brasil pode se deparar com dados um tanto animadores. Com cerca de 30000 artigos por ano, os cientistas brasileiros bateram os russos, e o país caminha para alcançar o segundo lugar entre os Brics em trabalhos científicos publicados. Segundo a Unesco, o número de pesquisadores em atividade no Brasil cresceu 73% em seis anos - no total, já são mais de 125000 profissionais, o equivalente aos pesquisadores de Argentina, México e Turquia combinados. O problema é o que se consegue (ou o que não se consegue)a partir disso. Nos mesmos seis anos, o número de patentes internacionais registradas por brasileiros recuou 7%. Diferentemente do cenário de países desenvolvidos, o grosso do corpo de pesquisa nacional ainda está concentrado em universidades. Contas reavaliadas, o resultado é conhecido. O Brasil ainda patina no que talvez seja o mais importante indicador de progressos na área: a capacidade de transformar descobertas científicas em tecnologia - e de transformar tecnologia em empresas lucrativas.
Um grupo de nomes conhecidos do empresariado brasileiro está convencido de que essa história pode mudar - e de que, no caminho, também é possível lucrar com isso. Inspirado na experiência dos primeiros fundos de capital de risco americanos, o recém-criado fundo Pitanga, com sede em São Paulo, nasce com um perfil pouco comum no cenário brasileiro. A semelhança de um clube de investimento, o fundo não possui cotistas além dos próprios fundadores. Também não há dinheiro do governo ou de empresas envolvido no negócio: os investimentos, 100 milhões de reais no total, vêm exclusivamente de porções de fortunas pessoais de seus sócios. Fernando Reinach, ex-diretor executivo da Votorantim Novos Negócios, e Eduardo Vassimon, conselheiro do Itaú BBA, são os sócios-gestores do novo fundo. Do lado dos sócios-investidores estão Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, Fernão Bracher e Cândido Bracher, do Itaú BBA, e os três fundadores da Natura, Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos.
EXPERIÊNCIA
Fundos de capital de risco não são novidade no país. Segundo a Fundação Getulio Vargas, há hoje em atividade no Brasil pelo menos 140 gestores de venture capital e private equity. Apenas nos últimos 12 meses, o mercado brasileiro viu a chegada de alguns dos maiores fundos de capital de risco do mundo, como o Benchmark. Dinheiro, para uma empresa jovem, pode ser essencial. Mas não é o único componente importante na arte de transformar avanços científicos em empresas lucrativas. Mais do que capital, a história do desenvolvimento de empresas de tecnologia em regiões como o Vale do Silício é recheada de casos em que o empenho pessoal e a experiência dos investidores foram essenciais no êxito de companhias investidas."Queremos participar ativamente do dia a dia das empresas", diz Fernando Reinach, um dos gestores do Pitanga.
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Na mira do recém-criado fundo Pitanga estão empresas jovens com fortes componentes de inovação
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A mira, como é comum entre fundos de venture capital, são empresas em estágio embrionário com potencial de crescimento rápido e fortes características de inovação. Tipicamente, fundos de capital de risco ficam de três a sete anos em uma empresa. No estatuto do recém-criado Pitanga, porém, há poucas regras. "Em muitos casos, apenas uma ideia de negócio poderá bastar", diz Reinach. O fundo não focará determinados setores da economia, tampouco regiões geográficas. "Nada impede que possamos investir em companhias de fora do país", diz Vassimon. A despeito do clima de vale-tudo, há pistas sobre preferências em relação aos investimentos. Áreas em que o Brasil tem hoje destaque em tecnologia, como açúcar e álcool e mineração, estão entre as principais candidatas. A estimativa é que, por empresa, o investimento seja de 15 milhões de reais, em média - quantia suficiente, espera-se, para transformar o árduo esforço dos cientistas brasileiros em inovações no mundo real.
ANDRÉ FAUST
ALGUÉM QUE HOJE OBSERVE O PANORAMA da produção científica do Brasil pode se deparar com dados um tanto animadores. Com cerca de 30000 artigos por ano, os cientistas brasileiros bateram os russos, e o país caminha para alcançar o segundo lugar entre os Brics em trabalhos científicos publicados. Segundo a Unesco, o número de pesquisadores em atividade no Brasil cresceu 73% em seis anos - no total, já são mais de 125000 profissionais, o equivalente aos pesquisadores de Argentina, México e Turquia combinados. O problema é o que se consegue (ou o que não se consegue)a partir disso. Nos mesmos seis anos, o número de patentes internacionais registradas por brasileiros recuou 7%. Diferentemente do cenário de países desenvolvidos, o grosso do corpo de pesquisa nacional ainda está concentrado em universidades. Contas reavaliadas, o resultado é conhecido. O Brasil ainda patina no que talvez seja o mais importante indicador de progressos na área: a capacidade de transformar descobertas científicas em tecnologia - e de transformar tecnologia em empresas lucrativas.
Um grupo de nomes conhecidos do empresariado brasileiro está convencido de que essa história pode mudar - e de que, no caminho, também é possível lucrar com isso. Inspirado na experiência dos primeiros fundos de capital de risco americanos, o recém-criado fundo Pitanga, com sede em São Paulo, nasce com um perfil pouco comum no cenário brasileiro. A semelhança de um clube de investimento, o fundo não possui cotistas além dos próprios fundadores. Também não há dinheiro do governo ou de empresas envolvido no negócio: os investimentos, 100 milhões de reais no total, vêm exclusivamente de porções de fortunas pessoais de seus sócios. Fernando Reinach, ex-diretor executivo da Votorantim Novos Negócios, e Eduardo Vassimon, conselheiro do Itaú BBA, são os sócios-gestores do novo fundo. Do lado dos sócios-investidores estão Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, Fernão Bracher e Cândido Bracher, do Itaú BBA, e os três fundadores da Natura, Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos.
EXPERIÊNCIA
Fundos de capital de risco não são novidade no país. Segundo a Fundação Getulio Vargas, há hoje em atividade no Brasil pelo menos 140 gestores de venture capital e private equity. Apenas nos últimos 12 meses, o mercado brasileiro viu a chegada de alguns dos maiores fundos de capital de risco do mundo, como o Benchmark. Dinheiro, para uma empresa jovem, pode ser essencial. Mas não é o único componente importante na arte de transformar avanços científicos em empresas lucrativas. Mais do que capital, a história do desenvolvimento de empresas de tecnologia em regiões como o Vale do Silício é recheada de casos em que o empenho pessoal e a experiência dos investidores foram essenciais no êxito de companhias investidas."Queremos participar ativamente do dia a dia das empresas", diz Fernando Reinach, um dos gestores do Pitanga.
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Na mira do recém-criado fundo Pitanga estão empresas jovens com fortes componentes de inovação
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A mira, como é comum entre fundos de venture capital, são empresas em estágio embrionário com potencial de crescimento rápido e fortes características de inovação. Tipicamente, fundos de capital de risco ficam de três a sete anos em uma empresa. No estatuto do recém-criado Pitanga, porém, há poucas regras. "Em muitos casos, apenas uma ideia de negócio poderá bastar", diz Reinach. O fundo não focará determinados setores da economia, tampouco regiões geográficas. "Nada impede que possamos investir em companhias de fora do país", diz Vassimon. A despeito do clima de vale-tudo, há pistas sobre preferências em relação aos investimentos. Áreas em que o Brasil tem hoje destaque em tecnologia, como açúcar e álcool e mineração, estão entre as principais candidatas. A estimativa é que, por empresa, o investimento seja de 15 milhões de reais, em média - quantia suficiente, espera-se, para transformar o árduo esforço dos cientistas brasileiros em inovações no mundo real.
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