25 de maio de 2011 Educação no Brasil | Gazeta do Povo | Ensino | PR
Não é preciso ser especialista para saber que a qualidade da instituição está diretamente ligada à de seu maior gestor. Mas isso nem sempre foi regra na história da educação São muitos os fatores que explicam por que a educação no país ainda apresenta índices tão ruins, mas especialistas são enfáticos ao afirmar que a profissionalização do cargo de diretor no Brasil demorou a ocorrer, e a falta de bons gestores é uma das causas essenciais para uma série de problemas. A Gazeta do Povo ouviu analistas e diretores das redes pública e privada que falaram sobre capacitação, dramas cotidianos e o desafio de se equilibrar entre temas pedagógicos, administrativos e de relacionamento. Confira a seguir o que eles têm a dizer. Profissionalizar a gestão ainda é um desafio Há cerca de 20 anos, termos como visão estratégica ou excelência em gestão eram completamente estranhos à área de educação no Brasil e os próprios profissionais do setor os vinculavam a ambientes empresariais. Com o aperfeiçoamento dos índices de medição de aprendizagem, o lento desenvolvimento da educação brasileira ganhou números, foi comparado e superado por sistemas de países em condições semelhantes. A evidência dessa fraqueza aproximou profissionais da área de ferramentas administrativas para a superação de resultados, alcance de metas e objetivos. Hoje a gestão escolar enfim se tornou tema frequente nas discussões da área, mas sua aplicação concreta ainda deixa a desejar. Segundo Renato Casagrande, pró-reitor de graduação e professor do curso de especialização em Gestão de Instituições Educacionais da Universidade Positivo, a administração de escolas no Brasil, especialmente na rede pública, ainda é bastante amadora. Os gestores eleitos raramente têm preparo, são escolhidos por serem populares e as ações tomadas funcionam na base da tentativa e erro, sem profissionalismo , constata o professor. Para Casagrande a própria legislação é uma das causadoras do problema, já que impõe às escolas que escolham o diretor entre os membros do corpo docente, sem a possibilidade de trazer alguém capacitado de fora. Mandatos curtos e trocas constantes na direção são outros problemas que tornam mais difícil a prática de uma gestão eficiente na rede pública. Às vezes um diretor que fez oposição ao anterior assume, então começa tudo do zero, sem rotina, sem método e sem sistema. Isso compromete o cargo , diz Casagrande. Treinamento Capacitar um professor comum para assumir funções administrativas é o objetivo dos cursos fornecidos por secretarias de educação em todo o país, mas uma recente pesquisa promovida pelo Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap) e divulgada pela revista Nova Escola revelou que os diretores entrevistados consideram os conteúdos tratados excessivamente teóricos, pouco úteis para ajudar a enfrentar demandas do dia a dia e que, nestes treinamentos, falta espaço para troca de experiências. Mesmo nas universidades, somente aqueles que chegam à especialização obtêm formação necessária para a direção escolar. Os cursos de graduação em Pedagogia, que já foram os prediletos por quem almeja o cargo, dão pouco espaço a conteúdos mais voltados à administração em seus currículos. De acordo com a professora de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Romilda Teodora Ens, essa é uma questão levantada com frequência na área. O curso já formou administradores escolares, mas hoje é bastante voltado para a docência, com uma ênfase muito pequena para a gestão , conta Romilda. Para quem pretende ir além da capacitação formal em cursos, as fundações Lemann, Victor Civita e Carlos Chagas oferecem considerável material de apoio, mas o empenho individual de aperfeiçoar a própria atividade faz toda a diferença. É o que defende Heloísa Lück, diretora do Cedhap e autora de diversas obras na área de gestão educacional. Uma iniciativa pessoal nesse sentido começa pela construção de um portfólio, com observações de trabalho e reflexões sobre o que funciona ou deixa de funcionar , sugere. |
25 de maio de 2011
Bom diretor, boa escola
Postado por
jorge werthein
às
12:35
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