21 de maio de 2011
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Cresce o ingresso de armas de fogo nas salas de aula -
Algo precisa ser feito para dar um basta à grave situação de perigo em que vivem milhares de crianças e adolescentes que estudam na rede pública. Em vez de alegria e convivência agradável com os colegas, em muitos estabelecimentos frequentar uma sala de aula passou a ser um ato de coragem. Armas de fogo já dividem com livros e cadernos o espaço nas mochilas escolares, resguardadas pela lei do silêncio, que impede colegas e professores de revelar o risco que estão correndo no dia a dia da escola, o que só ajuda os garotos e garotas usados pelo crime. Mas, como mostra reportagem de hoje do Estado de Minas, a Polícia Militar reuniu dados suficientes para preocupar autoridades e sociedade. O comando da corporação divulgou levantamento de 4.335 ocorrências em escolas, entre 2008 e 2010, mais de 1,1 mil por ano, a maioria delas ligadas a crimes contra a vida e o patrimônio.
E o crime não escolhe mais idade para envolver menores. É o caso de uma menina de apenas 13 anos apreendida semana passada, na Escola Estadual Isabel da Silva Polck, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Estava na sala de aula com uma pistola de nove milímetros de fabricação israelense e de uso exclusivo das Forças Armadas e de tropas especiais. Com ela foram encontrados dois carregadores com 11 cartuchos cada um. A menina contou ter sido obrigada a guardar o armamento na mochila para um homem que mora perto da casa dela. Esta semana, dois adolescentes, de 14 e 15 anos, entraram na Escola Municipal Sócrates Mariani Bittencourt, em Contagem, com um revólver calibre 32 e seis balas. Detidos, revelaram à polícia ter comprado a arma por R$ 300, pagando com a mesada dos pais. O medo de represálias, que podem colocar em risco a vida de colegas e professores, mantém sob reserva casos de menores que, sabidamente infratores e armados, frequentam escolas sem medo de exibir seu poder de fogo para intimidar as pessoas.
Se as agressões constantes de alunos que parecem incentivados pelos próprios pais à violência e à brutalidade já infernizavam a vida de professores e diretores de escolas, principalmente na rede pública, a presença de armas era o que faltava para tornar a tarefa de ensinar ainda mais difícil e, em certos casos, simplesmente impossível. Afinal, ganhar mal e ser desrespeitado por alunos e pais já deveria ser suficiente para desestimular as mais fervorosas vocações. Agora se trata de colocar em risco a própria vida. Parece ter chegado a hora de revermos o custo do afrouxamento da disciplina e das normas de comportamento no ambiente escolar. É fácil transferir toda a responsabilidade à escola e ao professor, mas a família não pode fugir a seu papel inicial de educação. O tipo de aluno que estão entregando à escola é parte no processo. Até aí, eram problemas já conhecidos, embora continuem reclamando solução. Mas o crescente ingresso de armas nas escolas, pelas mãos de crianças e adolescentes, é algo que demanda das autoridades uma ação mais enérgica e absolutamente urgente.
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