26 de julho de 2011

Crise na Educação desestabiliza Piñera


26 de julho de 2011
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Protestos de estudantes no Chile: nova política educacional não é aceita pelos estudantes

Presidente chileno, que amarga taxa de aprovação de apenas 30%, já foi obrigado a demitir oito ministros

Rafael Abrantes

Domingo, dia 31 de julho. Parque O'Higgins, região central de Santiago, Chile. A data e o local, amplamente divulgados por lideranças do ensino chileno, confirmam que a organização e as reivindicações dos estudantes naquele país continuarão na agenda das próximas semanas. Dois meses de protestos nas ruas ainda não foram suficientes para que alunos secundaristas e universitários vejam seus pedidos de reforma no ensino superior entrarem em acordo com o Ministério da Educação e com o presidente Sebastián Piñera. A mobilização nacional do próximo domingo deverá pedir mais diálogo e entendimento com o governo, e reiterar a importância do tema educação para a sociedade chilena. Os protestos tratam das insatisfações dos jovens sobre as condições adotadas pelo governo no financiamento do ensino universitário; investimentos em universidades públicas - são 16 no país; regulação do setor; e controle dos lucros das instituições de ensino superior - proibido por lei.
E enquanto a crise não é apaziguada, o gabinete de Piñera sofre forte revés da opinião pública.
Desde janeiro, seu índice de popularidade caiu para 30%. Do lado administrativo, o presidente de centro-direita foi forçado a substituir oito de seus 22 ministros na semana passada, inclusive o responsável pela pasta da Educação. Felipe Bulnes assumiu o cargo que antes era de Joaquín Lavín, que foi realocado para o comando do Planejamento. "Sabemos que há intenção de desgastar o movimento, mas vamos seguir mobilizados, se necessário todo o ano, enquanto não se cumpra nossa demanda", afirmou no domingo Paloma Muñoz, líder da Coordenação Nacional Secundária à imprensa chilena. Conselhos de reitores e professores também se posicionaram em favor dos alunos. "Esperamos que o ministro (Bulnes) assuma um novo papel e abra um diálogo de verdade.
O caminho traçado por Lavín, de desgaste e parcialidade, não deu resultados", declarou Jaime Gajardo, presidente do Colegio de Professores, segundo o diário La Nación.
Uma nova reunião de negociações está agendada para hoje, comparticipação do ministro Bulnes, do Colegio de Professores e de líderes da Confederação Nacional de Estudantes do Chile (Confech).
O governo tenta acalmar os ânimos estudantis desde o início do mês quando apresentou sua proposta, o Grande Acordo Nacional pela Educação (Gane).
O Gane prevê investimentos de US$ 4 bilhões em um fundo para o setor, criação de uma subsecretaria de educação superior, garantia de acesso a bolsas universitárias para estudantes da faixa 40% mais pobre da população e aumento de 70 mil para 120 mil no número de bolsas para educação profissionalizante.
O ponto mais importante do plano seria a redução da taxa de juros do Crédito com Aval do estado, de 5,9% para 4%, além da reprogramação das dívidas de estudantes.
No Chile, as universidades públicas exigem o pagamento de metade da mensalidade pelos estudantes, o que torna mais comum o pedido por empréstimos.
"Esta é uma mudança substancial e fará diferença. Temos que reavaliar os sistemas de bolsas e créditos até chegarmos a algo mais justo", disse o novo ministro, semana passada, ao reconhecer que a educação tem problemas de equidade e qualidade.
Anteontem, porém, o Gane foi reprovado pelos estudantes, que o classificaram como "insuficiente" e "unilateral". Para Gregory Elacqua, diretor do Instituto de Políticas Públicas da Universidade de Diego Portales, em Santiago, o acordo proposto por Piñera leva temas importantes ao debate, mas exalta que a melhor atitude em prol das negociações foi, de fato, a troca no ministério. "O ministro anterior era dono de uma universidade privada e acionista de uma imobiliária (que alugava instalações para faculdades), o que gerava divergências".
De acordo com Marcelo Suano, analista político do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (Ceiri), "Piñera fez a dança das cadeiras. Não se pode colocar empresários sem qualificação em ministérios, e o presidente deve melhorar suas relações no Parlamento."
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Ao contrário do Brasil, no Chile, o ministro da Educação é uma das principais figuras públicas.
E, apesar do acesso às universidades, as famílias se indignam com a segregação social da educação

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