02 de outubro de 2011
Educação e Ciências | O Estado de S. Paulo | Vida | BR
WINNIE HU, THE NEW YORK TIMES
Um debate polêmico está sendo travado nas escolas de nível médio dos Estados Unidos: deve-se ou não bloquear o acesso de alunos a determinados sites?
A dúvida vai além da permissão de acesso a blogs pessoais e a redes sociais, dois eternos vilões acusados de desviar a atenção dos estudantes. Muitos professores acreditam que a simples natureza opressiva da proibição traz um prejuízo maior que seus supostos benefícios.
A discussão foi provocada por conta do primeiro Dia de Conscientização dos Sites Proibidos, organizado pela Associação Americana de Bibliotecárias Escolares na última quarta-feira, nos moldes da Semana dos Livros Proibidos. Carl Harvey, presidente da associação, disse que conforme um maior número de escolas adota as tecnologias de acesso à internet, existe uma preocupação crescente com as que bloqueiam boa parte do conteúdo da rede.
Filtros. As opções são amplas, como mostra o debate realizado em escolas de vários pontos do país. Os alunos da escola de ensino médio Silver Creek, de Longmont, Estado de Colorado, por exemplo, usaram folhas brancas de papel penduradas na biblioteca, nas quais listaram os prós e os contras da censura do acesso à rede.
A escola do ensino médio New Trier, nos subúrbios de Chicago, realizou uma pesquisa com os alunos a respeito do bloqueio a determinados sites depois de relaxar seus próprios filtros eletrônicos neste ano. E, em Nova York, alunos e professores da Escola 127, de ensino fundamental, localizada no Bronx, enviaram mais de 60 e-mails à Secretaria de Educação para protestar contra a proibição de acesso tanto a blogs de alunos como a redes sociais.
Muitos educadores argumentam que, além de evitar uma distração durante a aula, o bloqueio ao acesso às mídias sociais é também uma forma de proteger os estudantes do bullying e dos abusos no ambiente escolar.
"Acho que os estudantes deveriam ter acesso irrestrito à biblioteca", disse William Fitzhugh, editor da Concord Review, que publica trabalhos de história escritos por alunos do ensino médio. Segundo ele, "muitas crianças já passam tempo demais acessando a internet".
Censura. Phil Goerner, bibliotecário da escola Silver Creek, disse que o foco nos sites proibidos encoraja os alunos a se debater com o tema mais espinhoso da censura. Ele pediu aos alunos que pensassem se a escola deveria proibir o acesso a sites que promovam ideias neonazistas ou racistas. "Isso faz com que eles pensem de uma maneira mais profunda, diferentemente do que seria se eles simplesmente dissessem 'não' às proibições", afirmou ele.
Goerner disse que decidiu organizar o debate como lembrete aos alunos de que a censura tira a voz de uma pessoa ou, nesse caso, seu privilégio de acesso à rede. Dois anos atrás, a escola Silver Creek suspendeu a proibição de acesso a muitas redes sociais, como o Facebook e o Twitter, depois de concluir que estes poderiam oferecer oportunidades de aprendizado.
02 de outubro de 2011
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Danos causados pela proibição motivam recuo
O Estado de S.Paulo
Enquanto várias escolas estudam limitar ou mesmo bloquear o acesso à internet, outras que já haviam tomado essa iniciativa avançam na direção contrária - após constatar que a proibição atrapalhou mais do que ajudou na rotina escolar.
A escola New Trier parou de bloquear muitos sites neste ano depois que alguns professores se queixaram da natureza opressiva do mecanismo de bloqueio. Categorias inteiras de sites tinham sido bloqueadas, entre elas as que envolviam jogos, violência e armas, disse a bibliotecária Judy Gressel. "Chegamos ao ponto em que tinha se tornado difícil realizar uma pesquisa", relata a funcionária.
Deven Black, bibliotecário da Escola 127, de Nova York, disse que os filtros tinham impedido o acesso a sites como YouTube e blogs pessoais, nos quais os educadores partilham recursos que podem ser valiosos. "Nosso trabalho é ensinar os alunos a usar a internet com segurança. É difícil fazer isso se formos impedidos de acessar os sites."
A escola do ensino médio New Canaan, de Connecticut, cortou todo o acesso ao Facebook, ao YouTube e ao Twitter por um único dia para manifestar sua solidariedade às escolas que carecem de acesso. "Não chegamos nem mesmo à hora do almoço e já estou sofrendo muito", disse Michael DeMattia, de 17 anos, aluno do 3.º ano.
Na sua aula de biologia avançada, na qual os grupos de trabalho no laboratório criaram uma página no Facebook para compartilhar trabalhos e informações, ele se viu impossibilitado de fazer login. Na aula de literatura comparada, seus colegas foram impedidos de mostrar um vídeo no YouTube durante a apresentação de um trabalho. Michael disse que a internet "tornou muito melhor e mais fácil a cooperação e a colaboração dentro e fora da sala de aula." "Ela se tornou de fato uma parte integral do ensino.", conclui. / W. H. TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
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