02 de outubro de 2011
Educação no Brasil | Folha de S. Paulo | Tendêncas / Debates | BR
DANIEL ILIESCU
Para melhorar escolas e erradicar analfabetismo, a entidade defende investir no setor 10% do PIB e 50% do fundo social do pré-sal
Dentre as organizações sociais brasileiras, o movimento estudantil é, a um só tempo, a mais tradicional e a mais renovada. Aproximando-se dos seus 75 anos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) chega à segunda década deste século consciente dos temas realmente prioritários para o presente e para o futuro das pessoas e do país.
Em artigo publicado nesta Folha no último domingo, o companheiro do Centro Acadêmico XXII de Agosto da PUC-SP elogia o histórico de lutas da UNE e sua importância para a democracia brasileira. No entanto, diz ser necessário que a entidade "retome para si a responsabilidade de lutar pelas causas nacionais, no geral, e pela melhoria do ensino, em particular".
Não há como entender a crítica do colega de lutas no ano em que promovemos uma enorme mobilização em defesa da educação pública: a reivindicação da destinação ao setor de 10% do PIB e de 50% do fundo social do pré-sal.
Esse foi o tema do 52º Congresso da UNE, em julho, cujo processo eleitoral envolveu mais de 1,6 milhão de estudantes, de 97% das universidades do país e perfis diversos, filiados ou não a partidos políticos.
Também foi o mote das manifestações e atos públicos do Agosto Verde e Amarelo. Foi ainda sob a mesma pauta que se deu a Marcha dos Estudantes, no dia 31 do mesmo mês, com 12 mil jovens em Brasília.
As reivindicações da UNE são fruto do debate plural e amadurecido da entidade. Há consenso na sociedade brasileira sobre a necessidade de ajustes no Plano Nacional de Educação (PNE), que deverá ser votado pelo Congresso nos próximos meses e que sugere ampliação dos investimentos públicos no setor para apenas 7% do PIB até 2014. Esse percentual é insuficiente.
Os investimentos defendidos pela UNE serão cruciais para erradicar o analfabetismo, melhorar a estrutura e a qualidade das escolas, aumentar o salário dos professores, alcançar um ensino de excelência tanto nas metrópoles quanto nas zonas rurais, promover o esporte e a cultura no ambiente escolar, além de democratizar o acesso e ampliar o investimento na universidade.
O movimento estudantil brasileiro sabe que essa é a verdadeira prioridade. Investir mais na educação é o único caminho para superar problemas históricos, combater a desigualdade, distribuir renda, gerar conhecimento, vencer a pobreza e os preconceitos de todos os tipos, atacar a corrupção, valorizar a política e a ética em todas as relações.
No último dia 7, a UNE divulgou carta aos estudantes. O documento pede a aprovação da reforma política ampla, que fortaleça a democracia e a participação popular e combata a corrupção e o privilégio de poucos. Aliás, combater a corrupção é um processo permanente, só efetivo com a educação do povo.
Ciente de sua responsabilidade histórica com o Brasil, a UNE agora amplia sua campanha lançando um abaixo-assinado em seu site ( www.une.org.br ) pedindo a contribuição dos milhões de brasileiras e brasileiros na reivindicação dos 10% do PIB e dos 50% do fundo social do pré-sal para a educação.
Convidamos as organizações e cada cidadão em particular para ajudar no recolhimento de assinaturas e fazer parte desse movimento.
DANIEL ILIESCU é presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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