Lei antiálcool gera temor em lojas de conveniência

Entidade diz que venda de bebidas em postos responde por 20% da receita

Sancionada pelo governador Geraldo Alckmin, lei prevê multa de até R$ 87,2 mil a partir de novembro 

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

O "esquenta" em postos de combustíveis -quando jovens, alguns menores de idade, bebem no pátio antes de ir a uma festa ou fazem dali um ponto de encontro- está ameaçado com a sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) da Lei Antiálcool.
Prática comum nos postos de combustíveis da região, a comercialização de bebidas em lojas de conveniência representa 20% do faturamento dos estabelecimentos, segundo o Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo).
A lei sancionada por Alckmin responsabiliza donos de postos, bares e restaurantes caso menores sejam flagrados bebendo nos locais. Antes, somente a venda era proibida. Agora, o consumo também rende multa que vai de R$ 1.745 até R$ 87,2 mil, conforme o tamanho do estabelecimento comercial. O período de adaptação será de 30 dias -também considerado curto pelo setor.
Segundo Renê Abbad, da Brascombustíveis (Associação Brasileira do Comércio Varejista de Combustíveis), os postos têm área muito extensa para ser controlada, diferentemente de bares e restaurantes, que contam com garçons para isso. "Não tenho poder de polícia. Posso não vender e dizer para o cidadão não beber [no posto]. Mas, se ele se negar, serei responsabilizado?", questionou o presidente estadual do Sincopetro, José Alberto Gouveia.
Ele disse ser a favor da lei, mas que só pode cumpri-la se o Estado der o apoio necessário, e descartou a hipótese de contratar seguranças para coibir o consumo. "Já pago impostos para ter a minha segurança [pública]."
Não são só os postos que reclamaram. O presidente do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares) em Ribeirão, Carlos Frederico Marques, disse que o prazo de 30 dias para se adaptar à lei é curto. "Há pais que deixam o filho beber em casa e não vão entender quando deixarmos de servi-los no restaurante. A multa deveria ser revertida para eles [pais]."
O diretor do Sinhores de Campos do Jordão, Carlos César da Costa, diverge. "Em 14 anos, nunca passei pela situação de pedir a um pai que não dê bebida ao filho, pois não costumam beber juntos."
Já nos shoppings, o consumo é bastante regulado, segundo o diretor da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings) Luís Augusto da Silva. Mas ele afirmou que a receita poderá ser menor.
Procon e Vigilância Sanitária Estadual farão blitze educativas até novembro para esclarecer funcionários e donos de pontos de venda.