22 de abril de 2012

Ensino à distância cresce fora do Sudeste


Instituições privadas miram o aumento da renda no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste ao planejar expansões



Modalidade reúne hoje quase 1 milhão alunos de graduação, segundo dado mais recente do Ministério da Educação

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
De olho no aumento da renda em regiões emergentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, instituições privadas que atuam com ensino à distância investem na expansão da oferta de cursos de graduação e também de pós.
A educação à distância (EAD) no país já é responsável por 930 mil alunos de graduação, segundo o mais recente censo do Ministério da Educação, referente a 2010.
O número equivale a um sexto do total de 5,4 milhões de estudantes do ensino presencial.
Dos alunos de educação à distância, 75% estão no eixo Sul-Sudeste, o que confirma o potencial inexplorado de outras regiões.
"O ensino à distância no Norte e no Nordeste já tem crescido, em termos percentuais, mais do que nas outras regiões", afirma Luciano Sathler, diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).
No ano passado, a mineira Kroton, um dos principais grupos educacionais privados do Brasil, foi protagonista do maior negócio do setor ao comprar, por R$ 1,3 bilhão, a Unopar, do Paraná.
A compra colocou o grupo na primeira posição no mercado de ensino à distância do país, com uma rede de 469 polos já credenciados pelo MEC, e a meta é superar os 200 mil alunos neste ano.
AMPLIAÇÃO
A Kroton se prepara, agora, para usar as escolas de educação básica da rede Pitágoras para transformá-las, também, em polos de EAD.
Segundo o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, são 777 escolas parceiras que podem passar a oferecer aulas de graduação e pós por meio do EAD -a meta até janeiro de 2013 é converter 250 delas.
No Uniseb COC, o objetivo é "nacionalizar" a expansão da rede, afirma Jeferson Ferreira Fagundes, pró-reitor de educação à distância.
Atualmente com 34,5 mil alunos e foco maior no Sudeste, o objetivo é atingir 50 mil no próximo ano. "O Nordeste passa por um crescimento de renda significativo e se transformou num foco importante", diz Fagundes.
Na FGV, o número de alunos em cursos de longa duração no ensino à distância já equivale ao total do presencial -cerca de 40 mil.
A graduação tecnológica tem hoje nove polos, mas a instituição aguarda liberação para chegar a 35 unidades. Na pós, a FGV já tem 160 classes funcionando em cidades de todas as regiões.
No caso da FGV, diz o diretor da FGV Online, Stavros Xanthopoylos, onde os cursos à distância custam de 60% a 80% do preço dos tradicionais, a rentabilidade ainda é maior no presencial.
Fonte do setor, porém, afirma que faculdades conseguem ter uma margem de lucro pelo menos 5% maior no EAD do que no mesmo curso presencial.
PRECONCEITO
Apesar do crescimento do número de alunos no ensino à distância, o preconceito em relação à modalidade ainda existe, afirma Sathler, da Abed.
Mas essa visão negativa, segundo Sathler, tende a diminuir com o aumento do número de formados nessa plataforma. "O mercado percebe qual é a [escola] boa e qual é a de má qualidade", diz.
Para Xanthopoylos, da FGV Online, o preconceito é maior em relação aos cursos de graduação do que em relação aos de pós-graduação e de extensão.
Ele afirma, no entanto, que a qualidade do EAD nas instituições sérias vem sendo confirmada por ferramentas de avaliação do próprio MEC.

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