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Números frios
Publicado Terça-feira, 23 Abril, 2013 .
Por Francisco Praciano
Por Francisco Praciano
Na semana passada, dois jovens nascidos na Chechênia (entidade que faz parte da federação russa), por motivos que, até agora se supõe serem político- religiosos, causaram a morte de três pessoas na cidade de Boston (EUA), enquanto acontecia uma maratona.
Esse fato foi – e ainda está sendo – amplamente divulgado pela mídia brasileira, com direito inclusive, a inúmeros plantões de notícias dos jornais das grandes emissoras de televisão.
Sem dúvida que a violência contra qualquer ser humano, em qualquer lugar, deve ser sempre combatida e desestimulada. No entanto, entristece-me perceber que a atenção jornalística dada pela mídia nacional ao caso ocorrido nos Estados Unidos está longe da atenção que a mesma mídia dispensa aos números da violência – e dos homicídios em especial – no nosso País.
Conforme o Estudo intitulado ‘Mapa da Violência 2013 – Mortes Matadas por Armas de Fogo’, que pode ser facilmente acessado por meio da internet, cerca de 39 mil pessoas foram mortas por armas de fogo no Brasil, somente no ano de 2010. De acordo, ainda, com o mesmo Estudo, os 12 maiores conflitos armados ocorridos no mundo, no período de 2004 a 2007, vitimaram 169.574 pessoas. Nesses mesmos 4 anos, morreram no nosso País 192.804 pessoas, vítimas de homicídios, ainda que aqui não ocorra disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis e enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos. No dia em que morreram as três pessoa nos EUA, vítimas das bombas detonadas pelos irmãos chechenos, cerca de 110 pessoas morreram no Brasil, vítimas de armas de fogo.
Em Manaus, durante o ano de 2010, as armas de fogo causaram a morte de 567 pessoas e em 2011 o número de homicídios foi de 842. A maioria desses crimes, tanto em Manaus quanto no restante do País, tem como vítimas principais os jovens com idade entre 15 e 29 anos. Penso que esses números crus e frios – que em sua maioria permanecem impunes – merecem, tanto da mídia nacional quanto das autoridades responsáveis pela segurança pública, maior atenção.
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