Sociedade segura é a que dá perspectiva para os jovens
| OPINIÃO MARCELO FREIXO
Quem são as principais vítimas da violência no Rio de Janeiro? Não há dúvida: jovens pobres, negros, das favelas, da periferia, de baixíssima escolaridade.
Um negro tem três vezes menos chance de chegar aos 19 anos do que um branco. Caracteriza-se assim um genocídio: estima-se que, em cinco anos, mais de 30 mil jovens terão morrido à bala.
Antes mesmo de perder a vida, já terão perdido o sentido dela. Não costumam carregar ideologias ou sonhos.
Precisamos encerrar esse ciclo. Sociedade segura não é a que tem muita polícia, mas a que garante perspectiva de vida para seus jovens.
Investir em políticas públicas para a juventude, educação de qualidade, saúde, lazer, oportunidades. E propor um programa de anistia que crie outro futuro possível para quem hoje está no crime. Tudo isso é muito mais barato e eficaz do que o gasto público com presídios.
Nossas prisões são lugares muito caros para só tornar as pessoas piores. Não passam de fábricas de monstrificação. São as prisões da miséria. É o decreto da pena de morte social.
Trancafiar por um, dois, três anos, jovens que, na maioria, cometeram delitos leves significa o mesmo que abrir mão de suas vidas.
E é preciso construir agora outro futuro para o Brasil.
Marcelo Freixo, 43, deputado estadual (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro |
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