17 de maio de 2011

Infraestrutura e inovação dominam debate


17 de maio de 2011
Educação e Ciências | O Globo | BR




País só conseguirá competir com China e Índia se aproveitar oportunidades, diz João Paulo dos Reis Velloso
Simone Marinho

Bruno Rosa
O investimento em infraestrutura dominou a abertura do XXIII Fórum Nacional, que acontece até quinta-feira no Rio de Janeiro. Economistas e empresários destacaram também que o Brasil deve reduzir a carga tributária e aproveitar as oportunidades, como o pré-sal, para fazer parte da competição internacional, que hoje tem China e Índia como principais atores.
João Paulo dos Reis Velloso, organizador do evento, que acontece na sede do BNDES, no Centro do Rio, destacou que o Brasil deve apostar na universalização da inovação, usar sua biodiversidade para estimular a biotecnologia e construir uma nova matriz energética, aumentando a participação da energia elétrica, desenvolvendo, por exemplo, o carro elétrico.
- São muitas as oportunidades. Não podemos, por exemplo, usar o pré-sal apenas para explorar petróleo e gás. Temos de usar isso para transformar a economia. Temos de desenvolver novas tecnologias para desenvolver biocombustíveis. Só assim o Brasil poderá participar da competição do século, entrando na rota do desenvolvimento e chegando na condição de país desenvolvido em duas ou três décadas - afirmou Velloso.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, frisou que, para o Brasil competir em pé de igualdade com China e Índia, é preciso investir em educação, permitir o acesso a serviços públicos e estimular a poupança interna, através de incentivos ao investimento:
- São necessidades indeclináveis da sociedade. São esses elementos que colocarão o Brasil, no campo institucional, em competição com a China e a Índia em posição diferenciada. A inovação tecnológica com sustentabilidade é fundamental. O Brasil é uma economia capacitada, do ponto de vista institucional, para sustentar uma trajetória de crescimento daqui para frente, com limitações menores do que tivemos no passado.
Furlan critica descompasso nos aeroportos
Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e presidente do Conselho de Administração da BRF Brasil Foods, empresa resultante da fusão de Sadia e Perdigão, ressaltou a carga tributária elevada no Brasil. Ao citar o caso dos aeroportos brasileiros, ressaltou o descompasso entre recursos e discurso:
- Hoje a prioridade é construir aeroportos. O discurso vai para esse rumo. Mas as obras não. É o mesmo caso da alta carga tributária de banda larga. Se infraestrutura é necessidade, temos que desonerar. O Brasil é um dos únicos países onde se tem de pagar imposto antes da produção. É preciso reduzir a barreira para aumentar a competitividade em áreas onde somos os melhores do mundo (como commodities).
O presidente da Siemens, Adilson Primo, por sua vez, destacou setores nos quais o Brasil não consegue crescer, como o de alta tecnologia. Ele frisou o avanço chinês e a falta de visão do empresariado nacional:
- A infraestrutura está em colapso. Temos que mudar a percepção de que inovação é custo. É produtividade. Que indústria queremos fomentar para o futuro? O déficit na balança comercial de alta tecnologia deve chegar a US$70 bilhões este ano - alertou.
Apesar das oportunidades, Antônio Barros de Castro, professor emérito da UFRJ e ex-presidente do BNDES, vê ainda grandes problemas.
- O Brasil sempre preenchia o vazio (ao investir). Agora, tem que ter crescimento explorando novos caminhos. E isso o Brasil não sabe fazer.

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