8 de abril de 2013

Cedeca lança campanha contra homicídio de adolescentes no Pará


Nos últimos 10 anos, 6.662 adolescentes e jovens foram mortos no Pará.
Encontro em Belém irá discutir medidas contra o avanço da violência.

Do G1 PA, 8/4/2013

O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA/Emaús) lança nesta segunda-feira (08), em Belém, uma campanha que objetiva alertar a sociedade para o alto índice de homicídios de jovens menores de 18 estados no Pará, o que torna o estado um dos mais ameaçadores para os jovens no Brasil.

"O objetivo da campanha é fazer a sociedade refletir sobre os indicadores alarmantes de mortalidade dentro de um outro contexto que não seja o de criminalização da juventude. Nós precisamos evitar que a violência aconteça porque depois que acontece, há pouco o que se fazer", explica Celina Hamoy, presidente do CEDECA/Emaús no Pará.
A Campanha Estadual de Enfrentamento à Letalidade de Adolescentes e Jovens será lançada durante o Encontro Amazônico de Adolescentes, que ocorre na capital paraense entre os dias 08 e 11 de abril. O encontro deve reunir cerca de 200 adolescentes dos nove estados da Amazônia Legal, que, ao final do evento, irão entregar a Carta de Princípios dos Adolescentes da Amazônia Legal aos representantes dos governos dos estados envolvidos.
O encontro é realizado em parceria pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA/Emaús), organizações da Amazônia Legal, com apoio do governo do Pará.
Números da violência
Segundo dados revelados pelo
Mapa da Violência 2012, levantamento realizado em todo o país pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, na última década, 6.662 adolescentes e jovens foram mortos no estado do Pará, o que coloca o estado entre os mais perigosos para crianças e adolescentes em todo o Brasil.
Segundo adolescentes, representação simula a morte da juventude negra no país (Foto: Luciana Amaral/G1)Segundo adolescentes, representação simula a morte da juventude negra no país (Foto: Luciana Amaral/G1)
Outro indicador, o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), aponta uma projeção de mais de 32 mil adolescentes mortos de forma violenta no país até 2015 se o quadro não for revertido.
Um dado que também chama a atenção refere-se ao perfil das vítimas de violência: entre os 3.471 adolescentes mortos em 2010, 259 eram brancos e 3.212 eram negros, o que mostra que um jovem negro tem 12 vezes mais chances de ser morto que um branco.

"O panorama é preocupante. Os adolescentes mortos são negros em sua maioria, e de toda a periferia de Belém, principalmente. Estão vulneráveis por conta da ausência de políticas sociais, e erroneamente se exige muito da polícia, o que a polícia não pode dar. Se nós estamos hoje nesta situação é porque outras políticas faltaram", conclui Celina Hamoy.
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