12 de abril de 2013

Ensino de Matemática e Ciências no Brasil é um dos piores do mundo



 
Relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado nesta sexta-feira, mostra que este é um fator que reduz a capacidade do país de se adaptar à realidade do mundo digital

O Brasil detém, hoje, um dos piores níveis de ensino do mundo na áreas de Matemática e Ciências, segundo constatou o relatório do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, no início deste ano. Segundo o documento, este é um fator que reduz a capacidade do Brasil de se adaptar à realidade do mundo digital. O estudo, divulgado nesta sexta-feira, mostra que o país saiu da 65.ª para a 60.ª posição entre as nações mais preparadas para aproveitar as novas tecnologias em seu crescimento, mas o crescimento ainda é insuficiente para as necessidades brasileiras. O Fórum, além do ranking sobre capacidade de adaptação ao mundo digital, divulgou outras duas sondagens, referentes ao ensino de matemática e de ciências.

Entre os 144 países avaliados, o Brasil aparece no 116.º lugar em educação, atrás, por exemplo, de Chade, Suazilândia e Azerbaijão. Em ciências, Venezuela, Lesoto, Uruguai e Tanzânia estão melhores posicionados no ranking do que o Brasil, que ocupa a 132.ª posição. Assim, constata-se a estagnação no avanço da tecnologia no Brasil, apesar dos investimentos públicos em infraestrutura e de o esforço do setor privado nacional em se mostrar mais competitivo no cenário mundial. Países como Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica, na América Latina, prepararam-se de forma mais eficaz para os desafios do mundo digital.

Ainda segundo o estudo, "apesar desse progresso, a tradução dessa maior cobertura em impactos econômicos em inovação e competitividade está estagnada". Uma das razões é a "qualidade do sistema educacional, que aparentemente não garante as habilidades necessárias para uma economia em rápida mudança em busca de talentos", apontou. Países pobres como Senegal, Quênia e Camboja, apresentam um nível de acesso à internet nas escolas superior ao do Brasil, segundo o documento. O país mais avançado do mundo neste segmento, de acordo com o Fórum, é a Finlândia, seguida por Cingapura e Suécia. Embora o Brasil venha subindo na lista, os pesquisadores alertam que esta posição não condiz com uma das sete maiores economias do mundo.

A pesquisa acrescenta que a maioria das economias em desenvolvimento segue sem criar as condições necessárias para reduzir a falta de competitividade na área da Tecnologia da Informação (TI), se comparada aos países desenvolvidos.

- No Brasil temos grande desenvolvimento por parte de empresas multinacionais para melhorar a competitividade, mas esse empenho não se estende por todo o setor privado - afirmou a jornalistas o pesquisador e editor do informe, Beñat Bilbao-Osorio.

A burocracia é outro fator apontado como um sério problema para o desenvolvimento brasileiro neste setor, mas o ambiente para promover inovação, aliado à burocracia, além do preço elevado dos celulares, um dos mais altos do mundo, também contribuem para manter o país no fundo da tabela. O Brasil aparece na 130.ª posição entre os 144 países, superado até pelo Gabão. O número de usuários de internet no Brasil, em 2011, ainda de acordo com o levantamento, também não chegava a 45%, o que deixa o país na 62.ª posição nesse cenário, abaixo da Albânia. Somente um terço dos brasileiros tem internet em casa e essa taxa despenca para apenas 8% se o critério for o número de casas com banda larga.

O Brasil, no entanto, não está sozinho neste problema. "Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) enfrentam desafios. O rápido crescimento econômico observado em alguns desses países nos últimos anos poderá ser ameaçado, caso não forem feitos os investimentos certos em infraestruturas, competências humanas e inovação na área das tecnologias da informação", alerta o documento.

- A digitalização criou 6 milhões de empregos e acrescentou US$ 193 bilhões à economia global em 2011. Apesar de positivo, o impacto da digitalização não é uniforme nos setores e economias, (pois) cria e destrói empregos - disse Bahjat El-Darwiche, sócio d Booz & Company, ouvido pelo diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo.

A tabela, segundo a capacidade de adaptação ao mundo digital
1. Finlândia
2. Cingapura
3. Suécia
4. Holanda
5. Noruega
6. Suíça
7. Reino Unido
8. Dinamarca
9. EUA
10. Taiwan
60. Brasil

(Correio do Brasilcom agências internacionais e ACSs - de Londres)

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