2 de maio de 2011

Crescimento da violência leva escolas a agir contra bullying


01 de maio de 2011
  O Tempo | Cidade | MG


Elas me batiam. Jogavam merenda em mim. Nunca revidei. Relatos como o da estudante Carolina, 12, de Belo Horizonte, são casos extremos de bullying. Mas, no dia a dia, as agressões consideradas mais brandas já fazem parte da rotina das escolas. E mostrar a pais e alunos que as brincadeiras de mau gosto dos tempos passados representam uma violência é o desafio de hoje. Preocupadas com as consequências dessas ocorrências, as escolas de Belo Horizonte e região desenvolvem projetos que tentam banir a prática dos corredores e das salas de aula. Foi a tragédia que culminou na morte de 12 jovens em Realengo, no Rio de Janeiro, a responsável por levantar os mais recentes questionamentos. Depois de revelado que o autor do massacre, o ex-aluno Wellington de Oliveira, foi vítima de bullying, preocupações com a segurança nas escolas, as políticas públicas e o que de fato as escolas estão fazendo para prevenir e coibir essa violência voltaram à tona.
No Santo Agostinho, a professora Kelly Moura nunca precisou lidar com um caso grave como o de Carolina. Mesmo assim, as agressões entre os colegas, mesmo que mais brandas, incomodavam. Foi por isso que o colégio criou o Núcleo de Referência da Cultura da Paz, que funciona na unidade de Nova Lima, na região metropolitana. Uma das atividades desenvolvidas é o Recreio Inclusivo. Nele, um grupo de "alunos líderes" roda pelo pátio e convida quem está sozinho para participar das brincadeiras.
O resultado foi positivo. Há dois anos, Kelly, idealizadora do projeto, recebia em seu escritório um caso de bullying por semana. Hoje, são 13 situações controladas em um universo de 1.650 alunos. "Um menino ser desprezado e xingado por outro não é normal", avalia. Em todos os casos identificados, o agressor e a vítima, assim como suas famílias, são chamados para conversar.
O Santo Agostinho não é o único colégio que tem se preparado para barrar agressões. No Batista, os professores participaram de palestras no início do ano para saber identificar o problema. No colégio Santo Antônio, o bullying entrou como conteúdo na disciplina de ensino religioso.
No caso das escolas públicas da capital, não há ainda prevenção. Os 223 colégios contam com o projeto Rede pela Paz, da Secretaria Municipal de Educação. Quando uma ocorrência de bullying é registrada, uma equipe da secretaria vai até a escola e conversa com os envolvidos e suas famílias. A Secretaria de Estado de Educação informou que não tem projeto específico contra as agressões.

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