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Três sistemas computadorizados movem as imagens de \"Life: A Cosmic Journey\" no Planetário Morrison, em San Francisco
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Por JOHN MARKOFF
SAN FRANCISCO - Hoje, a potência de computação define a natureza das pesquisas científicas: o que pode ser estudado, que novas perguntas podem ser formuladas e quais podem ser respondidas.
"A coisa profunda é que, hoje, todos os instrumentos científicos possuem inteligência computadorizada em seu interior, e essa é uma mudança enorme", disse Larry Smarr, astrofísico que é diretor do Instituto Califórnia de Telecomunicações e Tecnologia da Informação, ou Calit2, um consórcio de pesquisas que integra a Universidade da Califórnia em San Diego.
As novas ferramentas disponibilizadas pela potência computadorizada acompanham uma mudança fundamental nos materiais estudados por cientistas. Em lugar de espécimes individuais, os pesquisadores trabalham com coleções imensas de dados digitais, e a maestria dessas montanhas de informação depende da potência de computação.
Uma exposição montada no novo Planetário Morrison, aqui na Academia de Ciências da Califórnia, oferece uma demonstração visualmente espetacular da maneira como a potência computadorizada está transformando as ciências. Em "Life: A Cosmic Journey" (vida: uma jornada cósmica), o espectador é transportado de uma floresta de sequóias para dentro de uma célula de uma folha.
O sistema é movido por três sistemas de computação paralelos e separados que armazenam tantos dados que o sistema é, ao mesmo tempo, telescópico e microscópico.
Ele é capaz de deslocar-se entre "a estrutura subatômica e a estrutura de grande escala do universo", disse Ryan Wyatt, diretor do planetário.
Katy Börner, cientista da computação da Universidade do Indiana, descreve esse novo sistema como um "macroscópio". Essas ferramentas podem ser reconfiguradas, misturando e acoplando aspectos do software para lidar com problemas específicos de pesquisa.
Cada vez mais, cientistas independentes dão lugar a equipes de pesquisadores, conforme o citado em artigos científicos no campo da física de alta energia, que, rotineiramente, têm milhares de autores.
Isso não surpreendente, de certo modo, na medida em que a web foi inventada para servir de ferramenta de colaboração para o laboratório europeu de pesquisas nucleares CERN. A consequência é que, cada vez mais, equipes de pesquisa em todas as disciplinas científicas são mais e mais interdisciplinares e geograficamente distribuídas.
O software 2.0 da web, com sua interligação perfeita entre aplicativos, facilitou a partilha de descobertas feitas em pesquisas, e isso, por sua vez, levou a uma explosão de esforços colaborativos.
Além disso, acelerou a abrangência de projetos interdisciplinares, na medida em que tornou-se mais fácil combinar técnicas baseadas em softwares e modificá-las para servir a novos objetivos.
Um macroscópio não precisa estar em um único local físico. No Calit2, em San Diego, um display de telas que ocupa toda uma parede parece oferecer uma janela de alta resolução com vista para um laboratório paralelo situado na Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, em Thuwal, na Arábia Saudita.
Os cientistas americanos ajudaram a criar em Thuwal um centro de visualização científica ligado à internet por até dez gigabits de largura de banda, suficiente para compartilhar imagens em alta resolução.
"Ao longo dos últimos dez anos, a velocidade de ação dos computadores se multiplicou por mil, e sua capacidade de armazenagem de informações se multiplicou por 10 mil", disse Smarr.
Em muitos campos científicos, instrumentos baseados em softwares estão ganhando novas funções como sistemas de fonte aberta, que podem ser compartilhados livremente, tornando possível a grupinhos acrescentarem novos elementos que possibilitam a customização.
O Cytoscape é uma ferramenta de software de bioinformática que evoluiu, começando em 2001, a partir de pesquisas de Leroy Hood, da Universidade de Washington.
Hood foi pioneiro no processo de sequenciamento automatizado de genes, e um de seus alunos, Trey Ideker, estava explorando a possibilidade de automatizar o mapeamento das interações entre os aproximadamente 30 mil genes que compõem o cromossomo humano.
Os pesquisadores assumiram um risco grande e começaram a desenvolveu seu código como projeto de desenvolvimento de software de fonte aberta.
Ferramentas como o Cytoscape possuem um relacionamento simbiótico com enormes bancos de dados que fornecem subsídios às atividades de cientistas que estudam campos mais novos, como a genômica e a proteômica.
Por exemplo, bancos de dados estão sendo objetos de curadoria do Instituto Europeu de Bioinformática, que começou a montar um conjunto de novos bancos de dados para funções como interações entre proteínas. "O aplicativo mais importante de todos é a colaboração", disse Tom DeFanti, especialista em computação gráfica no Calit2. "Ao deixar de tomar um avião para Londres, você pode poupar energia suficiente para mover um conjunto de computadores por um ano." |
Três sistemas computadorizados movem as imagens de \"Life: A Cosmic Journey\" no Planetário Morrison, em San Francisco
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Por JOHN MARKOFF
SAN FRANCISCO - Hoje, a potência de computação define a natureza das pesquisas científicas: o que pode ser estudado, que novas perguntas podem ser formuladas e quais podem ser respondidas.
"A coisa profunda é que, hoje, todos os instrumentos científicos possuem inteligência computadorizada em seu interior, e essa é uma mudança enorme", disse Larry Smarr, astrofísico que é diretor do Instituto Califórnia de Telecomunicações e Tecnologia da Informação, ou Calit2, um consórcio de pesquisas que integra a Universidade da Califórnia em San Diego.
As novas ferramentas disponibilizadas pela potência computadorizada acompanham uma mudança fundamental nos materiais estudados por cientistas. Em lugar de espécimes individuais, os pesquisadores trabalham com coleções imensas de dados digitais, e a maestria dessas montanhas de informação depende da potência de computação.
Uma exposição montada no novo Planetário Morrison, aqui na Academia de Ciências da Califórnia, oferece uma demonstração visualmente espetacular da maneira como a potência computadorizada está transformando as ciências. Em "Life: A Cosmic Journey" (vida: uma jornada cósmica), o espectador é transportado de uma floresta de sequóias para dentro de uma célula de uma folha.
O sistema é movido por três sistemas de computação paralelos e separados que armazenam tantos dados que o sistema é, ao mesmo tempo, telescópico e microscópico.
Ele é capaz de deslocar-se entre "a estrutura subatômica e a estrutura de grande escala do universo", disse Ryan Wyatt, diretor do planetário.
Katy Börner, cientista da computação da Universidade do Indiana, descreve esse novo sistema como um "macroscópio". Essas ferramentas podem ser reconfiguradas, misturando e acoplando aspectos do software para lidar com problemas específicos de pesquisa.
Cada vez mais, cientistas independentes dão lugar a equipes de pesquisadores, conforme o citado em artigos científicos no campo da física de alta energia, que, rotineiramente, têm milhares de autores.
Isso não surpreendente, de certo modo, na medida em que a web foi inventada para servir de ferramenta de colaboração para o laboratório europeu de pesquisas nucleares CERN. A consequência é que, cada vez mais, equipes de pesquisa em todas as disciplinas científicas são mais e mais interdisciplinares e geograficamente distribuídas.
O software 2.0 da web, com sua interligação perfeita entre aplicativos, facilitou a partilha de descobertas feitas em pesquisas, e isso, por sua vez, levou a uma explosão de esforços colaborativos.
Além disso, acelerou a abrangência de projetos interdisciplinares, na medida em que tornou-se mais fácil combinar técnicas baseadas em softwares e modificá-las para servir a novos objetivos.
Um macroscópio não precisa estar em um único local físico. No Calit2, em San Diego, um display de telas que ocupa toda uma parede parece oferecer uma janela de alta resolução com vista para um laboratório paralelo situado na Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, em Thuwal, na Arábia Saudita.
Os cientistas americanos ajudaram a criar em Thuwal um centro de visualização científica ligado à internet por até dez gigabits de largura de banda, suficiente para compartilhar imagens em alta resolução.
"Ao longo dos últimos dez anos, a velocidade de ação dos computadores se multiplicou por mil, e sua capacidade de armazenagem de informações se multiplicou por 10 mil", disse Smarr.
Em muitos campos científicos, instrumentos baseados em softwares estão ganhando novas funções como sistemas de fonte aberta, que podem ser compartilhados livremente, tornando possível a grupinhos acrescentarem novos elementos que possibilitam a customização.
O Cytoscape é uma ferramenta de software de bioinformática que evoluiu, começando em 2001, a partir de pesquisas de Leroy Hood, da Universidade de Washington.
Hood foi pioneiro no processo de sequenciamento automatizado de genes, e um de seus alunos, Trey Ideker, estava explorando a possibilidade de automatizar o mapeamento das interações entre os aproximadamente 30 mil genes que compõem o cromossomo humano.
Os pesquisadores assumiram um risco grande e começaram a desenvolveu seu código como projeto de desenvolvimento de software de fonte aberta.
Ferramentas como o Cytoscape possuem um relacionamento simbiótico com enormes bancos de dados que fornecem subsídios às atividades de cientistas que estudam campos mais novos, como a genômica e a proteômica.
Por exemplo, bancos de dados estão sendo objetos de curadoria do Instituto Europeu de Bioinformática, que começou a montar um conjunto de novos bancos de dados para funções como interações entre proteínas. "O aplicativo mais importante de todos é a colaboração", disse Tom DeFanti, especialista em computação gráfica no Calit2. "Ao deixar de tomar um avião para Londres, você pode poupar energia suficiente para mover um conjunto de computadores por um ano." |
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