28 de setembro de 2012

O mundo precisa de ciência e a ciência precisa de mulheres


 
Solenidade de entrega do Prêmio para Mulheres na Ciência 2012 aconteceu na noite desta quarta-feira (26), no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Promovido pela L'Oréal Brasil, Unesco e Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Prêmio para Mulheres na Ciência chega a sua sétima edição nacional contribuindo para a descoberta de jovens talentos e possibilitando às vencedoras um incentivo para darem continuidade aos seus projetos de pesquisas. As sete laureadas recebem bolsa-auxílio no valor equivalente a 20 mil dólares cada uma.

Lançada no Brasil em 2006, a premiação já contemplou 47 pesquisadoras, concedendo mais de R$ 1,5 milhão em bolsas. O foco da premiação deste ano foi em projetos que contribuam com o desenvolvimento sustentável. As premiadas foram contempladas em quatro categorias: Ciências Biomédicas, Biológicas e da Saúde, com quatro vencedoras; Ciências Químicas; Ciências Físicas e Ciências Matemáticas, com uma vencedora cada.

Presidida por Jacob Palis, também presidente da ABC, a comissão julgadora é composta por um representante da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão Filho; uma representante da L'Oréal Brasil, Suely Bordalo; e oito pesquisadores renomados: Beatriz Barbuy (Astrofísica - USP), Belita Koiller (Física - UFRJ), Cid Bartolomeu de Araújo (Físico - UFPE), Francisco Salzano (Ceneticista - UFRGS), Jailson de Andrade (Químico - UFBA), Lucia Previato (Microbiologista - UFRJ), Marcelo Viana (Matemático - Impa) e Mayana Zats (Geneticista - USP).

Representando a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na solenidade, a secretária da SBPC, Maria Lúcia Maciel, elogiou a iniciativa comentando que a premiação contempla a feminilidade e, ao mesmo tempo, a criação. "Essa imagem de que mulher é uma coisa e cientista é outra já está ultrapassada. Uma coisa não elimina a outra e esse prêmio traz essa visão da beleza e da inteligência feminina", ressalta.

Em seu discurso, Jacob Palis destacou a presença cada vez maior da mulher na ciência brasileira. De acordo com ele, há cinco anos, a ABC tinha somente 7% de mulheres entre os membros titulares. Hoje, elas representam 12,6%. Palis destacou que esse percentual é maior do que nas academias de ciências dos Estados Unidos, França e Inglaterra. "Esse crescimento só pode ser comprovado pelo mérito inegável das mulheres". Palis destacou a importância do prêmio para a promoção da ciência no País e, ao cumprimentar "as brilhantes jovens cientistas que estão recebendo o prêmio neste ano", ele reafirmou o compromisso da ABC com a iniciativa. "Vamos continuar juntos, é uma iniciativa extremamente importante e a ABC está empenhada no seu sucesso", sublinhou.

Ary Mergulhão, oficial de Ciência e Tecnologia da Unesco no Brasil, destacou que, de acordo com dados oficiais do governo, a região Nordeste já tem hoje mais cientistas mulheres do que homens. "As mulheres já participam da produção científica, mas é preciso aumentar a participação delas nas decisões estratégicas da ciência nacional. No resto do mundo, esse prêmio é um incentivo. Aqui ele é um reconhecimento do trabalho que já é feito", declarou.

Representando as premiadas, Karim Cunha, da Universidade Federal Fluminense (UFF), declarou que o prêmio é um grande incentivador e que mostra a capacidade das mulheres de fazer ciência com qualidade. "O governo tem incentivado a pesquisa no País, mas precisamos cada vez mais de investimentos, principalmente do setor privado. Para nós é motivo de grande felicidade ver iniciativas como essa, divulgando e ajudando o desenvolvimento da pesquisa no Brasil e no mundo, e valorizando o trabalho de todas nós, jovens, mulheres, cientistas e brasileiras", declarou.

Premiadas - As vencedoras foram apresentadas por meio de vídeos, mostrando detalhes das pesquisas, do cotidiano das cientistas e depoimentos de colegas de trabalho. Carolina Gomes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi premiada pelo projeto "Efeito da radiação emitida por aparelhos celulares nas glândulas parótidas". Gislaine Réus, da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), foi contemplada pelo projeto "Investigação do impacto do fenótipo ansioso sobre a resposta ao estresse". Katiúsca Cassemiro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), recebeu o prêmio pelo trabalho "Simulador quântico do transporte de energia em complexos fotossintéticos", na categoria Ciências Físicas.

Karim Cunha, da UFF, foi premiada pelo projeto "Sequeciamento de Nova Geração: revolucionando a análise mutacional do gene da Neurofibromatose tipo 1". Paula Veloso, também pesquisadora da UFF, recebeu o prêmio pelo trabalho "Identidades de lie em anéis de grupo com involução", na categoria Ciências Matemáticas.

Rosélia Spanevello, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ganhou o prêmio pelo trabalho "Estudo do perfil oxidativo e avaliação enzimática em linfócitos e plaquetas de portadores de Síndrome de Down". Márcia Mesko, também pesquisadora da UFPel, foi agraciada pelo projeto "Avaliação da capacidade biorremediadora de Chlorella vulgaris para nano partículas de dióxido de titânio (nano-TiO2)".

For Women in Science - Lançado em 1998, fruto da parceria entre a L'Oréal e a Unesco, For Women in Science foi o primeiro prêmio dedicado às cientistas mulheres em todo o mundo. Em 14 anos a premiação reconheceu 72 pesquisadoras de 30 países, entre elas as brasileiras Mayana Zatz, geneticista da USP; Belita Koiller, física da UFRJ; Lucia Previato, biomédica da UFRJ; e a astrofísica da USP Beatriz Barbuy.

(Jornal da Ciência)

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