RIO - A maioria deles vive em áreas carentes, muitas vezes violentas. Mas nada que fosse empecilho para que se tornassem os campeões da alfabetização no Rio. É de bairros e comunidades pobres das zonas Norte e Oeste a maior parte dos alunos com melhores resultados na prova Alfabetiza Rio 2012 — que avalia o desempenho em leitura, escrita e matemática no 1º ano do ensino fundamental da rede municipal carioca. A média mais alta (233,8 pontos), por exemplo, veio da turma 1.103 do Ciep 1º de Maio, perto da conflagrada Favela de Antares, em Santa Cruz. Em seguida vieram os alunos da turma 1.101 da Escola Municipal Octávio Tarquínio de Souza, na Pavuna (com 233,7). Crianças que são o orgulho de suas professoras, as melhores alfabetizadoras da cidade e que têm em comum a profissão levada quase como um sacerdócio.
É assim que Cassilda Almeida dos Santos, a professora do 1º de Maio, encara sua rotina como educadora. A moradora de Sepetiba conta que, há 13 anos, trocou a contabilidade pelas salas de aula. Buscava, segundo ela, se encontrar. E, depois de muitos convites, aceitou em 2007 a transferência para o Ciep de Antares. Acreditava que podia contribuir mais num colégio em turno integral. Mas tinha pela frente o desafio de dar aulas numa escola em que a violência pode reduzir drasticamente a frequência dos alunos em determinados dias.
— Com certeza, é preciso trabalhar a autoestima dessas crianças, que precisam se sentir acolhidas, num ambiente diferente — diz Cassilda.
Estímulo à leitura
Segundo a professora, ter uma turma considerada a melhor na alfabetização da rede municipal foi resultado de um trabalho diário, para identificar potencialidades e também as dificuldades de cada um. Tarefa aliada a atividades como o estímulo constante à leitura, de forma interativa e atraente, além de atenção para levar à escola temas que chamam a atenção da garotada.
— Ano passado, a turminha estava aficionada pela música das “empreguetes” da novela “Cheias de charme”. Fizemos uma paródia da música. E eles adoraram! É muito gratificante o resultado. Realmente me apaixonei pela escola e pelos alunos. E tenho uma afinidade muito grande com eles — ressalta Cassilda.
Essa dimensão afetiva, de professores atentos a cada uma das crianças, é um dos fatores que fazem diferença, de acordo com a secretária municipal de Educação, Claudia Costin. Ela destaca que, no Rio como um todo, as médias da Alfabetiza Rio têm mostrado uma evolução positiva desde 2010, quando a avaliação — feita pela Universidade Federal de Juiz de Fora — foi implantada. De lá para cá, o nível de alfabetização saltou de 79,6% para 90% em leitura. Já em matemática, pulou de 80,7% para 90,5%. E em escrita, avaliada pela primeira vez ano passado, alcançou índice de 76,7%. Avanços obtidos independentemente de as escolas estarem em áreas ricas ou pobres da cidade.
— Conseguimos mostrar que é possível, em escola pública e em áreas violentas, alfabetizar até os 6 anos de idade — afirma a secretária, lembrando que a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (que engloba Pavuna, Costa Barros, Anchieta, Acari e arredores, região com o Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo do Rio) sempre se destaca.
A prova Alfabetiza Rio apresenta dois rankings: das melhores turmas e escolas. Na relação dos dez melhores colégios, liderada pelo Ministro Carlos Alberto Direito, em Triagem, há três unidades da Pavuna. Já no ranking das melhores turmas, enquanto a primeira da Zona Sul (da Escola Estácio de Sá, na Urca) aparece na décima posição, a 1.102 da Professor Escragnolle Dória, na subida do Morro da Pedreira, em Costa Barros, ficou em quarto.
Desde o ano passado, a turma 1.101, da Escola Octávio Tarquínio de Souza, é regida pela professora Urânia Souza dos Santos, que, com 26 anos de magistério, conduz a meninada com calma e brandura. Só na Tarquínio, são 23 anos ininterruptos como professora. Já prestes a se aposentar, Urânia acredita ser um exemplo para os pequenos, muitos moradores de áreas conflagradas.
— Sou filha de empregada doméstica. Vim de uma região marcada pela violência em Belford Roxo. Às vezes, minha mãe precisava mentir, dizer que morava em outra cidade, para conseguir emprego. Mas fez de mim e da minha irmã professoras. Tento plantar a sementinha nos meus alunos de que eles podem ser o que quiserem — diz ela. — Sinto como se eu fizesse parte das famílias das crianças. E acredito que não é possível alcançar resultados sem amor.
É assim que Cassilda Almeida dos Santos, a professora do 1º de Maio, encara sua rotina como educadora. A moradora de Sepetiba conta que, há 13 anos, trocou a contabilidade pelas salas de aula. Buscava, segundo ela, se encontrar. E, depois de muitos convites, aceitou em 2007 a transferência para o Ciep de Antares. Acreditava que podia contribuir mais num colégio em turno integral. Mas tinha pela frente o desafio de dar aulas numa escola em que a violência pode reduzir drasticamente a frequência dos alunos em determinados dias.
— Com certeza, é preciso trabalhar a autoestima dessas crianças, que precisam se sentir acolhidas, num ambiente diferente — diz Cassilda.
Estímulo à leitura
Segundo a professora, ter uma turma considerada a melhor na alfabetização da rede municipal foi resultado de um trabalho diário, para identificar potencialidades e também as dificuldades de cada um. Tarefa aliada a atividades como o estímulo constante à leitura, de forma interativa e atraente, além de atenção para levar à escola temas que chamam a atenção da garotada.
— Ano passado, a turminha estava aficionada pela música das “empreguetes” da novela “Cheias de charme”. Fizemos uma paródia da música. E eles adoraram! É muito gratificante o resultado. Realmente me apaixonei pela escola e pelos alunos. E tenho uma afinidade muito grande com eles — ressalta Cassilda.
Essa dimensão afetiva, de professores atentos a cada uma das crianças, é um dos fatores que fazem diferença, de acordo com a secretária municipal de Educação, Claudia Costin. Ela destaca que, no Rio como um todo, as médias da Alfabetiza Rio têm mostrado uma evolução positiva desde 2010, quando a avaliação — feita pela Universidade Federal de Juiz de Fora — foi implantada. De lá para cá, o nível de alfabetização saltou de 79,6% para 90% em leitura. Já em matemática, pulou de 80,7% para 90,5%. E em escrita, avaliada pela primeira vez ano passado, alcançou índice de 76,7%. Avanços obtidos independentemente de as escolas estarem em áreas ricas ou pobres da cidade.
— Conseguimos mostrar que é possível, em escola pública e em áreas violentas, alfabetizar até os 6 anos de idade — afirma a secretária, lembrando que a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (que engloba Pavuna, Costa Barros, Anchieta, Acari e arredores, região com o Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo do Rio) sempre se destaca.
A prova Alfabetiza Rio apresenta dois rankings: das melhores turmas e escolas. Na relação dos dez melhores colégios, liderada pelo Ministro Carlos Alberto Direito, em Triagem, há três unidades da Pavuna. Já no ranking das melhores turmas, enquanto a primeira da Zona Sul (da Escola Estácio de Sá, na Urca) aparece na décima posição, a 1.102 da Professor Escragnolle Dória, na subida do Morro da Pedreira, em Costa Barros, ficou em quarto.
Desde o ano passado, a turma 1.101, da Escola Octávio Tarquínio de Souza, é regida pela professora Urânia Souza dos Santos, que, com 26 anos de magistério, conduz a meninada com calma e brandura. Só na Tarquínio, são 23 anos ininterruptos como professora. Já prestes a se aposentar, Urânia acredita ser um exemplo para os pequenos, muitos moradores de áreas conflagradas.
— Sou filha de empregada doméstica. Vim de uma região marcada pela violência em Belford Roxo. Às vezes, minha mãe precisava mentir, dizer que morava em outra cidade, para conseguir emprego. Mas fez de mim e da minha irmã professoras. Tento plantar a sementinha nos meus alunos de que eles podem ser o que quiserem — diz ela. — Sinto como se eu fizesse parte das famílias das crianças. E acredito que não é possível alcançar resultados sem amor.
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