Está anunciado para chegar amanhã ao Rio e a outras capitais um movimento social que vem dividindo opiniões e dando muita dor de cabeça às autoridades paulistas. São os rolezinhos, encontros que centenas de jovens da periferia combinam pela internet para acontecer em shopping centers, onde vão não para comprar, mas para se divertir cantando funk, correndo pelos corredores, namorando, zoando e, como alegam, protestando contra a falta de opção de lazer na região onde moram. Nos cinco que foram registrados desde dezembro, quando começou a onda, houve oito boletins de ocorrência e medo entre lojistas e frequentadores. Alguns centros comerciais conseguiram na Justiça liminares proibindo as invasões e permitindo barrar a entrada de possíveis manifestantes. Fenômeno comportamental, protesto político ou caso de polícia? O debate está aberto, com posições divergentes. Houve quem criticasse severamente a decisão judicial, como a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, para quem os jovens são “vítimas de discriminação racial explícita”. Ela acha que os problemas decorrem da reação assustada de “clientes brancos”. Simples assim.
Em ano de eleições, o governador Geraldo Alckmin também identificou-se com a agitação, lembrando que no seu tempo fez rolezinhos na praça, em cena difícil de imaginar. Avisou que só acionará a PM se houver roubos ou depredações. Essa também é a posição da Secretaria de Segurança do Rio, que só intervirá contra atos de vandalismo no Shopping Leblon, no Ilha Plaza e no Plaza de Niterói, para onde estão previstas as manifestações de amanhã.
Temendo que se esteja assistindo a uma reedição setorizada dos protestos de junho, quando a polícia perdeu a cabeça, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria da Presidência, pede cautela na repressão, já que uma intervenção inadequada pode colocar “gasolina no fogo”. Aliás, o “fogo” passou a ser atiçado na quinta-feira, quando centenas de sem teto organizados fizeram o chamado “rolezão” de protesto diante de dois shoppings de SP, obrigando-os ao fechamento. Era o que faltava para a politização do movimento.
Sem chegar a um consenso, cientistas sociais, antropólogos, analistas em geral estão discutindo a situação atual, que é diferente daquela do passado recente. Como afirmou o ministro Carvalho, é “um tema complexo que faz parte das mudanças da sociedade brasileira”. Opiniões ponderadas têm chamado a atenção para o fato de que os shopping centers são espaços abertos ao público, mas privados, com regras de convivência que incluem respeito ao outro. Para a prática democrática, é fundamental saber até que ponto essas manifestações obedecem a um legítimo desejo de inclusão dos que são excluídos — cultural e socialmente — ou se são atos e gestos anárquicos de mera transgressão típicos de rebeldes sem causa.
Em ano de eleições, o governador Geraldo Alckmin também identificou-se com a agitação, lembrando que no seu tempo fez rolezinhos na praça, em cena difícil de imaginar. Avisou que só acionará a PM se houver roubos ou depredações. Essa também é a posição da Secretaria de Segurança do Rio, que só intervirá contra atos de vandalismo no Shopping Leblon, no Ilha Plaza e no Plaza de Niterói, para onde estão previstas as manifestações de amanhã.
Temendo que se esteja assistindo a uma reedição setorizada dos protestos de junho, quando a polícia perdeu a cabeça, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria da Presidência, pede cautela na repressão, já que uma intervenção inadequada pode colocar “gasolina no fogo”. Aliás, o “fogo” passou a ser atiçado na quinta-feira, quando centenas de sem teto organizados fizeram o chamado “rolezão” de protesto diante de dois shoppings de SP, obrigando-os ao fechamento. Era o que faltava para a politização do movimento.
Sem chegar a um consenso, cientistas sociais, antropólogos, analistas em geral estão discutindo a situação atual, que é diferente daquela do passado recente. Como afirmou o ministro Carvalho, é “um tema complexo que faz parte das mudanças da sociedade brasileira”. Opiniões ponderadas têm chamado a atenção para o fato de que os shopping centers são espaços abertos ao público, mas privados, com regras de convivência que incluem respeito ao outro. Para a prática democrática, é fundamental saber até que ponto essas manifestações obedecem a um legítimo desejo de inclusão dos que são excluídos — cultural e socialmente — ou se são atos e gestos anárquicos de mera transgressão típicos de rebeldes sem causa.