LÍGIA FORMENTI E LEONENCIO NOSSA - O ESTADO DE S. PAULO
24 Julho 2014 | 02h 00
Relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento mostra que País ocupa 79º lugar entre 187 nações
BRASÍLIA - O Brasil subiu uma colocação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2013. O relatório, divulgado nesta quinta-feira, 24, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra o País em 79º lugar entre 187 nações. Com essa classificação, o Brasil continua sendo considerado como país de alto desenvolvimento humano.
Especialistas da ONU dizem que o avanço discreto do Brasil no ranking se deve à crise financeira internacional que começou em 2008, à desigualdade de renda e ao crescimento acelerado de países que só agora começaram a criar políticas de combate à extrema pobreza, como Ruanda. Além do Brasil, apenas 37 países alcançaram uma colocação melhor que no ano passado. No geral, o ranking do PNUD retrata um período de pouca mudança: 114 nações mantiveram posições conquistadas em 2012 e outras 35 tiveram desempenho pior.
O pequeno crescimento obtido pelo País, no entanto, se perde quando se faz uma análise de um período maior. O relatório mostra que no período entre 2008 e 2013 - período da crise financeira internacional -, o País caiu quatro posições. Dentre os países do BRICS, Brasil é o único que apresenta a queda. No mesmo período, a África do Sul subiu duas posições; Índia avançou uma, a Rússia manteve a colocação. Do grupo, a China foi a que mais cresceu, de acordo com o relatório: 10 posições.
"Não mergulhamos para saber o que fez o Brasil ter um desempenho pior dentro dos países do BRICs", reconheceu a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano Brasileiro, Andrea Bolzon. Coincidência ou não, a partir de 2008 o Brasil só teve um crescimento melhor do que o apresentado pela Rússia no grupo dos BRICs. O relatório destaca apenas que a Rússia apresenta uma educação menos desigual. Para Andrea, o que mais torna mais lento o avanço do Brasil no índice é a desigualdade na renda.
Três quesitos. Desenvolvido há 24 anos pelo PNUD, o índice tem uma escala de 0 a 1. Quanto mais próxima de um, melhor a situação do país. O Brasil alcançou índice 0,744. Noruega, a primeira colocada, 0,944. O pior indicador foi da Nigéria: 0,337. As notas são dadas a partir da avaliação de três quesitos: saúde, educação e rendimento.
Para o coordenador do sistema das Nações Unidas no Brasil, Jorge Chediek, o fato de o Brasil ocupar apenas a 79° posição no ranking, atrás dos vizinhos Chile (41°), Argentina (49°), Uruguai (50°) e Venezuela (67°) é resultado de problemas históricos. "O passivo é enorme. Não podemos esquecer que o Brasil apresentou melhoras consistentes nos últimos 30 anos", justificou. "Em 1980, a média de tempo de escola do brasileiro era a de 2,6 anos e a expectativa de vida, de 62,7 anos", completou.
Educação. O que garantiu ao Brasil avançar um pouco a colocação no ranking , avaliou Chediek, foi a educação e, sobretudo, a mudança na metodologia usada para fazer o cálculo dos indicadores. A partir de agora, a expectativa de anos estudados - uma espécie de expectativa de vida escolar - tem peso semelhante a outro indicador, a de anos estudados. A alteração é uma antiga reivindicação de países, sobretudo o Brasil, que reclamavam que o indicador estampava condições ofertadas para alunos no passado e não condições atuais.
O relatório deste ano mostra que uma criança no Brasil tem expectativa de estudar 15,2 anos, a melhor entre os países do BRICs. Rússia, a segunda colocada nesse quesito entre o grupo, traz uma expectativa de anos escolar de 14 anos. O Brasil perde, no entanto, na comparação com vizinhos Argentina e Uruguai. A esperança é a de que as crianças argentinas que iniciam agora os estudos terminem o ciclo dentro de 16,4 anos e as uruguaias, 15,5 anos. O melhor desempenho entre os países analisados é o da Austrália. Crianças australianas têm expectativa de estudar 19,9 anos.
Expectativa de vida. O Brasil se destaca entre países do BRICs, também, na expectativa de vida ao nascer: 73,9 anos. A segunda maior do grupo. Em primeiro lugar vem a China, com 75,3. No entanto, a marca é inferior à apresentada pela Bósnia (76,4 anos), Argentina (76,3 anos) e Uruguai (77,2 anos.) "Os números brasileiros não são melhores por causa dos altos índices de homicídios e acidentes de trânsito", disse Chediek.
Quando se analisa os números totais, Brasil é o segundo colocado entre os BRICs. Em primeiro lugar vem a Rússia, que ocupa o 57º. Depois do Brasil no ranking geral vem a China, na 91º colocação. África do Sul ocupa o 118º lugar e a Índia, o 135°.
IDH: Brasil sobe, mas índice cresce cada vez mais devagar
Relatório foi divulgado pela ONU e mostra o país na 79ª posição, uma acima do levantamento anterior. Desde 2008, entretanto, país foi ultrapassado por Irã, Azerbaijão, Sri Lanka e Turquia
Gabriel Castro, de Brasília
Menino come um pedaço de pão na favela Cidade de Deus. A desigualdade social continua sendo um problema sério no Brasil (Felipe Dana / AP)
O Brasil subiu uma posição no novo ranking do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. O país continua evoluindo, mas num ritmo cada vez menor. O índice, que vai de 0 a 1, foi de 0,744 em 2013. Quando aplicada a mesma metodologia aos números do relatório anterior, oIDH do Brasil em 2012 ficou em 0,742. Por esse cálculo, o Brasil passou do 80º para o 79º lugar, atrás de países como Ilhas Maurício, Cazaquistão e Líbia.
A Noruega se manteve no primeiro lugar da lista, com um IDH de 0,944. Em seguida, aparecem Austrália, Suíça, Holanda, Estados Unidos, Alemanha, Nova Zelândia, Canadá, Singapura e Dinamarca. No lado oposto da tabela, a 187ª e última colocação ficou com o Niger. Os dezoito últimos colocados são africanos.
O Brasil é parte de um grupo minoritário: o das 38 nações que melhoraram no ranking no último ano. O IDH brasileiro aumentou 36,4% desde 1980."O Brasil é um país que mostra melhora consistente das condições de vida das pessoas nos últimos 30 anos", diz Jorge Chediek, coordenador da ONU no Brasil. Mas essa melhoria se dá num ritmo cada vez menor.
Entre 2000 e 2013, o crescimento do IDH brasileiro foi de 0,67% ao ano, em média – abaixo da média mundial, de 0,74%. Entre 1990 e 2000, o índice havia sido de 1,1%. Na década anterior, de 1,16%. Desde 2008, o Brasil perdeu quatro posições – não porque teve uma redução no IDH, mas porque outros países cresceram mais rápido: Irã, Azerbaijão, Sri Lanka e Turquia, especificamente. Na América Latina, o país ficou atrás de Argentina, Uruguai, Chile e Venezuela.
O cálculo da ONU considera números da expectativa de vida, de educação e de renda. Os dados avaliados no caso do Brasil mostram uma renda per capita anual de 14.275 dólares, a expectativa de vida de 73,9 anos, mortalidade infantil de 13 óbitos a cada mil nascimentos, a escolaridade média de 7,2 anos de estudos, e um índice de 53,6% da população que, tendo mais de 25 anos de idade, completou pelo menos a educação secundária.
Entre os Brics, o IDH brasileiro é o segundo maior – perde para a Rússia. Mas, mantido o ritmo atual, a China deve tomar esse posto em breve.
O relatório das Nações Unidas menciona o Brasil diversas vezes. Em uma delas, afirma que programas de distribuição de dinheiro, como o Bolsa Família, são fáceis de serem iniciados, mas o impacto deles pode ser limitado se ainda existe uma infraestrutura a ser implementada, como no Brasil. "Programas do tipo precisam ser desenhados para garantir que as capacidades – especialmente aquelas da próxima geração – sejam protegidas", diz o relatório.
O texto também menciona a alta desigualdade brasileira. No índice criado pela ONU, o Brasil tem um nível de desigualdade 64% maior do que a média mundial. "O Brasil não está melhor porque, embora tenha feito muitas cosias boas nos últimos anos, o passivo histórico é enorme", diz Chediek.
A ONU também elaborou rankings temáticos. Em um deles, que calcula o IDH ajustado à desigualdade de renda, o Brasil perde 16 posições e fica no 95º lugar. Na lista que leva em conta a igualdade entre os gêneros, o país é o 85º do mundo.
Brasil sobe em ranking de progresso humano, mas ritmo continua lento
O Brasil melhorou sua posição no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas o ritmo de crescimento está abaixo da maioria dos vizinhos da América Latina e dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Entre 187 países, o relatório das Nações Unidas coloca o Brasil na posição 79ª, uma acima do ranking anterior, ao lado de países como Geórgia e Granada. O indicador é elaborado com base em dados de saúde, educação e renda da população nacional. Quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento –em 2013, o IDH brasileiro foi de 0,744.
Assim, esse número leva em consideração uma expectativa de vida no país de 73,9 anos, 15,2 anos esperados de escolaridade, 7,2 anos médios de estudo (para população acima de 25 anos) e Renda Nacional Bruta per capita de US$ 14.275, ajustados pelo poder de compra.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Entre 2012 e 2013, o Brasil teve um avanço de 0,27% no índice (saiu de 0.742 para 0.744). Entre os Brics, apenas a Rússia cresceu em ritmo mais baixo que o brasileiro (0,13%). Entre os vizinhos, o desempenho do Brasil foi superior a apenas dois países - Argentina (0,25%) e Venezuela (0,13%).
De toda forma, o país é um dos destaques do relatório internacional. O programa Bolsa Família e a política de cotas nas instituições federais de ensino superior são elogiados no documento. A redução do trabalho informal e as políticas anticíclicas adotadas como resposta à crise financeira de 2008 também são mencionadas no texto.
"Uma outra forma de avaliar o progresso [dos países] é acompanhar o crescimento do consumo entre os 40% mais pobres de uma população. Por este ângulo, alguns países se saíram bem. Na Bolívia, Brasil e Camboja, o crescimento do consumo entre os 40% mais pobres tem sido mais acelerado do que entre o restante da população", afirma o relatório.
"MELHORA CONSISTENTE"
Para Jorge Chediek, representante do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil, o país passou por uma "melhora consistente das condições de vida das pessoas nos últimos 30 anos". Ele afirma que "através dos anos e dos governos" o Brasil teve uma "trajetória extremamente positiva".
"O Brasil só não está muito melhor porque, embora tenha feito muitas coisas nos últimos anos, o passivo histórico do país é enorme", argumenta.
Coordenadora do Atlas do Desenvolvimento no Pnud, Andrea Bolzon ponderou ainda que há uma "tendência mundial de desaceleração do crescimento do IDH. "Os campeões de crescimento nessa última década partem de uma situação extremamente deprimida do ponto de vista do desenvolvimento humano", disse ela, citando Etiópia e Burundi como exemplo.
Neste ano, dos 187 países avaliados, 114 mantiveram sua posição no ranking, 35 caíram e 38 subiram de posição –entre eles o Brasil.
Na América Latina e Caribe, a tendência se repete: dos 33 países, 19 se mantiveram, frente a 9 que caíram no ranking e 5 que melhoraram o desempenho (além do Brasil, Chile, Panamá, Suriname e Uruguai).
MUDANÇA DE METODOLOGIA
Assim como em anos recentes, as Nações Unidas fizeram ajustes à metodologia de cálculo do indicador. Com isso, se antes o Brasil aparecia em 85º no ranking de 2012, agora a posição ocupada naquele ano é 80º.
Entre as mudanças realizadas, está o peso dos indicadores que compõem o item educação no IDH. Agora, a média de estudos da população com mais de 25 anos e a expectativa de escolaridade passaram a ter peso semelhante. Até então, o primeiro elemento acabava predominando no cálculo.
"Os países emergentes diziam que essa forma de calcular não captava as mudanças mais recentes dos países. (...) O fluxo das crianças nas escolas está melhorando muito e a forma de calcular antiga não captava essas mudanças mais recentes", disse Bolzon.
O Brasil era um dos críticos ao modelo anterior –no ano passado, o governo federal fez duras reclamações sobre a captação de dados para composição do IDH nacional.
DESIGUALDADE AINDA É ENTRAVE
A desigualdade na distribuição de renda, saúde e educação entre os brasileiros continua a penalizar o desempenho do país no ranking. Levado em conta esse fator, o Brasil perderia 16 posições no ranking.
Se no IDH a nota do Brasil é de 0.744, o indicador cai para 0.542 devido à desigualdade. A distribuição de renda é o principal motivo para esse cenário, acima das diferenças para acesso à saúde e educação dos brasileiros.
Andrea Bolzon, no entanto, pondera que em anos anteriores a desigualdade era motivo de perda ainda maior. Em 2009, o desconto no IDH brasileiro devido a esse fator chegou a 27,7%, passando para 27,2% em 2011 e estabilizando em 27%.
IDH do Brasil melhora, mas governo reclama
Ministros argumentam que, com dados mais recentes, indicador do país seria melhor
Os indicadores de saúde, educação e renda do Brasil têm melhorado nos últimos anos, mas em ritmo menor do que o registrado em outros países emergentes.
É o que mostra o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 2013, divulgado nesta quinta (24) pela ONU. No relatório, o Brasil ocupa o 79º lugar, em lista com 187 países.
Entre 2012 e 2013, o país subiu uma posição no ranking, passando a ter IDH de 0,744 --o que representa avanço de 0,27% em comparação com o indicador anterior (0,742). Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento.
Entre os Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), só a Rússia cresceu em ritmo menor que o Brasil (0,13%).
Entre os vizinhos, o desempenho nacional foi superior apenas ao de Argentina (0,25%) e Venezuela (0,13%). O topo da lista é ocupado pela Noruega (0,944); em último lugar está o Níger (0,337).
"O Brasil só não está muito melhor porque, embora tenha feito muitas coisas nos últimos anos, o passivo histórico do país é enorme", disse Jorge Chediek, representante do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil.
O país é um dos destaques do relatório, que enaltece o Bolsa Família e a lei de cotas nas instituições federais.
Para 2013, o IDH brasileiro levou em conta expectativa de vida de 73,9 anos, 15,2 anos esperados de escolaridade, 7,2 anos médios de estudo (para a população acima de 25 anos) e renda per capita de US$ 14.275, ajustados pelo poder de compra.
Esse dados, porém, foram criticados pelo governo federal. Ministros argumentam que, se fossem usadas informações mais recentes, o país teria um indicador melhor.
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