Isaac Roitman
O filósofo francês Guy Debord enfatiza em seu livro “A Sociedade do Espetáculo” que no sistema capitalista importa mais do que tudo a imagem, a aparência, a exibição. A ostentação do consumo vale mais que o próprio consumo. O reino do capital fictício atinge o máximo de amplitude ao exigir que a vida se torne ficção de vida. A alienação do ser toma o lugar do próprio ser. A aparência se impõe por cima da existência. Parecer é mais importante do que ser. Já Mario Vargas Losa em seu livro “A Civilização do Espetáculo” considera que o progresso moderno, tem um custo destrutivo, por exemplo, em danos irreparáveis à natureza e a ecologia, e nem sempre contribui para reduzir a pobreza, e sim para ampliar o abismo de desigualdade entre países, classes e pessoas.
Hoje, a chamada sociedade do espetáculo se apresenta como um mundo de imagens, que conta mais do que a própria realidade. A reprodução da cultura agora se dá pela proliferação de imagens, uma vez que vivemos todos numa espécie de “escravidão midiática”, consumidos por mensagens insistentemente veiculadas pela TV, propaganda, marketing, redes sociais da internet, etc. Estamos tão impregnados e dominados pelo espetáculo da mídia que só damos crédito àquilo que foi noticiado.
A mídia faz parte do processo de comunicação que se apresenta em três elementos: o emissor, a mensagem e o receptor. Cada vez mais os grandes emissores representados pelos grandes conglomerados da comunicação ganham maior importância ao lado da diminuição de comunicação entre pais e filhos e entre o professor e o aluno. O estímulo ao consumo é explicito nas propagandas entre os filmes infantis na maioria dos canais de nossa televisão. É a primeira etapa para construir o Homo consumus que perde a sua racionalidade e a real consciência de suas necessidades básicas. O modelo de desenvolvimento, baseado em inovações tecnológicas, em busca do lucro precisa ser substituído por outro, que leve em consideração as necessidades básicas do ser humano e os limites suportáveis na natureza e da própria vida. Lamentavelmente, a cultura de massas procura oferecer ao público novidades que servem de entretenimento sem nenhuma formação e sem referenciais culturais. Se, porventura, a mídia não noticia alguma coisa, tendemos a achar que o fato não aconteceu, ou seja, a “validade” da realidade somente se dá quando o acontecimento vira um “espetáculo” da mídia. Tudo isso se presta às mais variadas manipulações: para vender produtos, para eleger políticos, para aumentar o consumo de coisas desnecessárias, para melhorar a imagem dos governos, etc. Nesse contexto a mídia fixa modelos e padrões de comportamento que acabam por minar a diversidade, a subjetividade e a vontade dos indivíduos.
Para que ocorra a abolição da ditadura midiática ou escravidão midiática, várias ações precisam ser implantadas. Em primeiro lugar o exercício contínuo do debate, da argumentação fundamentada, do espírito crítico em todo o processo educacional e que deve ser iniciado na primeira infância. Para que isso ocorra será necessária uma revolução pedagógica e uma interação de duas vias entre o aluno e o professor. Em segundo lugar é necessária a implantação de uma verdadeira democratização na área da comunicação. Nesse contexto é fundamental a implantação da pluralidade e diversidade na atual mídia. A legislação brasileira no setor de comunicações precisa se adequar aos padrões internacionais de liberdade de expressão contemplando e acompanhando as inovações tecnológicas e a convergência de mídias. Ela deverá respeitar a liberdade de expressão para todos de tal forma que as diferentes ideias, opiniões e pontos de vistas dos diferentes grupos sociais, culturais, étnico-raciais e políticos sejam assegurados e possam ser manifestados em igualdade de condições no espaço público midiático. O terceiro é o aproveitamento da excepcional qualidade técnica que já dominamos aliada a notável qualidade da dramaturgia brasileira para uma inflexão na qualidade de nossos programas televisivos. Nesse contexto as televisões universitárias, as educativas e as comunitárias terão um papel relevante e virtuoso.
A abolição da escravidão midiática fortalecerá a democracia permitindo que o campo midiático possa expressar as ideias, valores, sentidos que possam amalgamar a sociedade em torno de vontades coletivas mobilizadas por um projeto de construção nacional como pregava Celso Furtado.
Para que ocorra a abolição da ditadura midiática ou escravidão midiática, várias ações precisam ser implantadas. Em primeiro lugar o exercício contínuo do debate, da argumentação fundamentada, do espírito crítico em todo o processo educacional e que deve ser iniciado na primeira infância. Para que isso ocorra será necessária uma revolução pedagógica e uma interação de duas vias entre o aluno e o professor. Em segundo lugar é necessária a implantação de uma verdadeira democratização na área da comunicação. Nesse contexto é fundamental a implantação da pluralidade e diversidade na atual mídia. A legislação brasileira no setor de comunicações precisa se adequar aos padrões internacionais de liberdade de expressão contemplando e acompanhando as inovações tecnológicas e a convergência de mídias. Ela deverá respeitar a liberdade de expressão para todos de tal forma que as diferentes ideias, opiniões e pontos de vistas dos diferentes grupos sociais, culturais, étnico-raciais e políticos sejam assegurados e possam ser manifestados em igualdade de condições no espaço público midiático. O terceiro é o aproveitamento da excepcional qualidade técnica que já dominamos aliada a notável qualidade da dramaturgia brasileira para uma inflexão na qualidade de nossos programas televisivos. Nesse contexto as televisões universitárias, as educativas e as comunitárias terão um papel relevante e virtuoso.
A abolição da escravidão midiática fortalecerá a democracia permitindo que o campo midiático possa expressar as ideias, valores, sentidos que possam amalgamar a sociedade em torno de vontades coletivas mobilizadas por um projeto de construção nacional como pregava Celso Furtado.
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