"Mapa do Buraco", elaborado por jovens talentos, aponta desafios do ensino elencados por nomes como Jorge Paulo Lemann e Fernando Henrique Cardoso. Documento será entregue a políticos que disputam eleições
Bianca Bibiano
Renan Ferreirinha Carneiro, aluno da Universidade Harvard, apresenta o manifesto 'Mapa do Buraco' na UFRJ(Facebook/Divulgação/VEJA)
A batalha pela melhoria da educação brasileira ganhou mais um aliado nesta sexta-feira, na forma de um manifesto. Intitulado Mapa do Buraco, o documento aponta desafios e soluções para o ensino nacional elencados a partir de entrevistas com cem representantes de vários setores, como empresários, professores, políticos, estudantes e artistas, entre outros. É gente de primeiro nível, como o empresário Jorge Paulo Lemann, criador da Fundação Lemann, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o cantor Gilberto Gil e o senador Eduardo Suplicy. O manifesto é assinado por dez jovens, a maioria deles na faixa dos 20 anos e alunos ou ex-alunos de instituições renomadas como a Universidade Harvard.
No documento, o grupo defende que governantes e sociedade civil trabalhem juntos para enfrentar questões críticas do setor, como má formação de gestores, baixos salários de professores, falta de investimento e ausência de um currículo nacional. O texto pede ainda urgência no encaminhamento das questões e foco em soluções imediatas ao invés de políticas públicas que "se escondam atrás de medidas caras, complexas e de longo prazo".
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A íntegra do manifesto Mapa do Buraco (arquivo PDF)
A íntegra do manifesto Mapa do Buraco (arquivo PDF)
"O Brasil está entre os países com a pior qualidade de ensino do mundo, não só no setor público como no privado. Para sair desse buraco, precisamos transformar a educação em um debate de toda a sociedade, e não apenas em uma conversa de especialistas", diz o cineasta Fernando Grostein Andrade, de 33 anos, diretor do documentário Quebrando o Tabu e um dos organizadores do manifesto.
Apresentado em evento realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o manifesto será entregue nos próximos dias aos candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais. "Queremos que todos os candidatos coloquem a educação no centro de suas campanhas e que apresentem propostas efetivas para a melhoria do setor. Vamos pressioná-los para que isso aconteça realmente", diz Renan Ferreirinha Carneiro, de 20 anos, aluno de Harvard e cofundador do site O Formigueiro, plataforma de financiamento coletivo voltada à educação.
Outro integrante do grupo é o empreendedor social Eduardo Lyra, de 20 anos. Ele é criador do Instituto Gerando Falcões, que oferece cursos de formação a jovens da periferia, e foi eleito pelo Fórum Econômico Mundial um dos quinze jovens brasileiros que podem melhorar o mundo. "Os brasileiros pensam que a educação vai bem, mas não vai. Precisamos mudar esse cenário e mostrar para os jovens que o legal não é ostentar um colar de ouro, mas sim um boletim cheio de boas notas", diz Lyra.
Além de chegar aos candidatos, o Mapa do Burcao vai ganhar página e canal no Facebook e no Youtube, respectivamente. No site de compartilhamento de vídeos, serão exibidos depoimentos das cem personalidades entrevistadas para a elaboração do manifesto.
Essa pergunta foi feita por um grupo de dez jovens empreendedores brasileiros --metade deles com passagem por Harvard (EUA), a melhor universidade do mundo-- a cem representantes de vários setores do Brasil.
A ideia foi levantar problemas e apontar soluções. Tudo isso foi reunido no manifesto "Mapa do Buraco", lançado nesta sexta-feira (15).
Uma das questões apontadas é a baixa atratividade da carreira docente no Brasil.
"O professor brasileiro ganha mal e não tem status na sociedade", diz Renan Ferreirinha Carneiro, 20, estudante de economia em Harvard, com bolsa da Fundação Estudar, e um dos idealizadores do projeto.
De acordo com o diagnóstico, apenas 2% dos estudantes brasileiros pensam em ser professores. Em países como Finlândia e Coreia do Sul, donos dos melhores indicadores de ensino do mundo, essa taxa é de 30%.
Entre os cem consultados há personalidades públicas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o empresário Jorge Paulo Lemann (Ambev e Burger King) e pessoas como Geraldo Almintas, professor de matemática da rede pública de Dores Turvo (MG), cidade campeã na olimpíada de matemática.
Os especialistas também destacaram o baixo investimento por aluno no Brasil.
"A escola falha e perdemos gente no caminho", diz Eduardo Lyra, 26, empreendedor social que também lidera o projeto.
Filho de um ex-detento, ele cresceu em uma favela de São Paulo e diz que se manteve na escola por insistência da mãe. "Mas sou uma exceção. A maioria dos alunos pobres não tem a mesma sorte."
Jovens fazem diagnóstico das falhas na educação no Brasil
SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOA taxa de analfabetismo entre adultos no Brasil tem caído nas últimas duas décadas e a educação pública básica já é capaz de atingir praticamente todas as crianças. Mas por que a escola por aqui ainda é tão ruim?Essa pergunta foi feita por um grupo de dez jovens empreendedores brasileiros --metade deles com passagem por Harvard (EUA), a melhor universidade do mundo-- a cem representantes de vários setores do Brasil.
A ideia foi levantar problemas e apontar soluções. Tudo isso foi reunido no manifesto "Mapa do Buraco", lançado nesta sexta-feira (15).
Uma das questões apontadas é a baixa atratividade da carreira docente no Brasil.
"O professor brasileiro ganha mal e não tem status na sociedade", diz Renan Ferreirinha Carneiro, 20, estudante de economia em Harvard, com bolsa da Fundação Estudar, e um dos idealizadores do projeto.
De acordo com o diagnóstico, apenas 2% dos estudantes brasileiros pensam em ser professores. Em países como Finlândia e Coreia do Sul, donos dos melhores indicadores de ensino do mundo, essa taxa é de 30%.
Entre os cem consultados há personalidades públicas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o empresário Jorge Paulo Lemann (Ambev e Burger King) e pessoas como Geraldo Almintas, professor de matemática da rede pública de Dores Turvo (MG), cidade campeã na olimpíada de matemática.
Os especialistas também destacaram o baixo investimento por aluno no Brasil.
"A escola falha e perdemos gente no caminho", diz Eduardo Lyra, 26, empreendedor social que também lidera o projeto.
Filho de um ex-detento, ele cresceu em uma favela de São Paulo e diz que se manteve na escola por insistência da mãe. "Mas sou uma exceção. A maioria dos alunos pobres não tem a mesma sorte."
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