24 de março de 2011

10% é o mínimo para uma educação de qualidade

24 de Março de 2011
Unesco | Gazeta do Povo 


Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Marcelo
Dalila Andrade, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e professora da Universidade Federal de A destinação de 7% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme prevê o Plano Nacional de Educação (PNE), para investir em ensino no Brasil é insuficiente na visão da educadora Dalila Andrade: 10% do PIB é o mínimo para se pensar em uma educação de qualidade , afirma. Ela participou da Conferência Nacional da Educação (Conae) que elaborou a parte inicial do novo plano. Dalila está em Curitiba para a abertura do seminário de extensão universitária EntreLinhas: O Plano Nacional de Educação em discussão , que vai promover encontros até maio para discutir o projeto na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Investir 7% do PIB na educação é o ideal?
Considero que 10% do PIB é o mínimo para que a gente faça do PNE um plano que atenda aos anseios da sociedade brasileira. Essa é uma das questões que queremos insistir em uma mudança no projeto de lei que está no Congresso. Vamos mobilizar os congressistas nesse sentido.
O ministro da Educação julga que aumentar o porcentual dos atuais 5% para 7% seria suficiente para dar conta das metas propostas e diz que a Unesco e o Unicef recomendam entre 6% e 8%...
Isso é discutível. Sabemos que muitos países do mundo que são lembrados como modelos de boa educação investem mais do que isso. Os países da comunidade europeia usam em torno de 13% do PIB, que é bem maior do que o nosso, e têm desigualdades sociais menores. Se a gente for pensar na desigualdade acumulada do nosso país, precisamos de um investimento muito maior para corrigir essa defasagem histórica.
A previsão de votação do PNE é só para o fim do primeiro semestre. Essa demora é prejudicial?
Acho que prejudica mais acelerar a tramitação no Congresso. Não podemos votar um planejamento tão importante a toque de caixa . Acelerar agora é pior do que ficar um, dois anos sem plano. Mais importante do que ter um plano, é ter um que de fato reflita o que a sociedade brasileira precisa, e que nos dê instrumentos para enfrentar os desafios que temos pela frente.
Haverá tempo suficiente para negociar as mudanças que as entidades educacionais querem antes da aprovação?
As entidades fizeram uma reunião na semana passada com o ministro Fernando Haddad e tentaram negociar um apoio junto ao Congresso para que essa rapidez da comissão especial [criada ontem no Congresso] não comprometa a tramitação do plano. Nesse sentido, o ministro concordou com as entidades, e que temos que ter tempo para as audiências públicas, onde serão discutidas as emendas para melhorar o plano.
A erradicação do analfabetismo já estava prevista no PNE passado, e não foi cumprida, assim como a universalização da pré-escola e algumas outras das 295 metas previstas. As 20 metas desse novo plano dão conta das demandas da educação e são factíveis?
Acho bom que seja mais enxuto, com 20 metas, mas nem todas são factíveis. Além disso, esse planto tem dois problemas que vem sendo bastante marcados. O primeiro é que não apresenta diagnósticos. Não explica o motivo, a justificativa, dos números que apresenta. O outro é que ele não traz indicadores. Como a gente avalia essas metas ao final do período?

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