16 de março de 2011

Estudo do Ipea mostra que país terá estoque de 1,8 milhão de engenheiros em nove anos


O Brasil poderá contar em 2020 com um estoque de 1,5 milhão a 1,8 milhão de pessoas formadas em engenharia. Os dados fazem parte do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) intitulado Radar nº 12 - Mão de Obra e Crescimento, divulgado hoje (15). O estudo ressalva que algumas pessoas que se formarão em engenharia podem não ser empregadas em ocupações típicas da área. Isso porque não há uma correspondência certa entre formação e ocupação no mercado de trabalho.
O Ipea exemplifica que, em 2001, 69% das pessoas diplomadas em engenharia não estavam trabalhando nas ocupações típicas da engenharia. Segundo o estudo, a demanda por engenheiros deve crescer, até 2020, entre 5,1% e 13% dependendo do crescimento da economia. Isso significa que, até lá, serão necessários entre 600 mil e 1,15 milhão de engenheiros.
Os setores que mais demandam engenheiros são os de petróleo e gás, sendo que este é o setor com o mais intenso uso de profissionais de áreas de engenharia, além da área de infraestrutura, que engloba as áreas de transportes e armazenagem, além de produção e distribuição de energia e água. Este foi o segundo setor que mais demandou profissionais da área de engenharia, na década de 1980.
Com o crescimento econômico projetado para os próximos anos, a demanda por profissionais de engenharia vai continuar. A necessidade por profissionais das áreas de petróleo e gás, incluindo extração e refino, vai crescer entre 13% e 19% ao ano. A administração pública, a educação e a área de saúde pública e privada também vão demandar engenheiros em nível acima do crescimento médio da economia.
O estudo aponta ainda que, com o crescimento da demanda por profissionais da área de engenharia, pode haver a possibilidade de escassez relativa de profissionais, principalmente em áreas específicas de formação e de experiência. Isso não significa necessariamente uma falta de profissionais, mas a possibilidade de salários menores faria com que aqueles que se formam em engenharia não se sintam atraídos por preencher as vagas disponíveis no mercado de trabalho.
Segundo o pesquisador do Ipea Rafael Henrique Moraes, é possível que, em alguns setores, haja um gargalo na oferta de profissionais, mas isso só deverá ocorrer se a economia crescer a níveis muito altos. "Setores como construção civil, mineração, setores ligados ao petróleo e gás podem encontrar escassez daqui a alguns anos para formações específicas não ligadas à graduação."
Agnaldo Nogueira, também pesquisador do instituto, disse que a falta de investimento em educação pode ser um fator que contribua para um possível déficit de engenheiros no mercado. "Para que nós tenhamos um melhor desempenho no mercado de trabalho e na formação dos nossos jovens nas áreas de tecnologia e engenharias, é preciso investir mais e acelerar o ritmo de melhora da educação básica porque ela é quem vai dar a base para os novos alunos das áreas de engenharia e de outras áreas tecnológicas", avaliou.

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