19 de julho de 2011

Salário de professores varia até 170% na RMCampinas


18 de julho de 2011
 Rac.com.br | SP

O contraste entre o salário-base dos professores da rede municipal da Região Metropolitana de Campinas (RMC) chega a apresentar variação de até 170% de uma cidade para outra, distantes no máximo a 47 quilômetros. O Correio apurou que o menor salário-base pago ao professor do Ensino Fundamental é o de Engenheiro Coelho (R$ 920), enquanto o maior é o de Americana (R$ 2.439). Das 19 cidades consultadas pela reportagem, apenas duas (Artur Nogueira e Monte Mor) se recusaram a informar o valor da remuneração paga aos docentes do município. O salário-base médio pago ao professor do 1º ao 5º ano nas 17 cidades que repassaram os dados é de R$ 1.619.
Considerada por especialistas como um dos principais instrumentos de seleção dos melhores alunos das universidades, a baixa remuneração tem reduzido o interesse de estudantes em atuar como professor no Brasil. O número de formandos nos cursos que preparam docentes para os primeiros anos da educação básica, como pedagogia e normal superior, caiu pela metade em quatro anos, de acordo com os últimos dados do Censo do Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC). De 2005 a 2009, os alunos que concluíram essas graduações despencaram de 103 mil para 52 mil.
Houve queda também nos graduandos em cursos de licenciaturas, que preparam professores para atuar no Ensino Médio e últimos anos do Fundamental. Foram 77 mil em 2005, ante 64 mil em 2009. No mesmo período, o total de estudantes concluintes do Ensino Superior no Brasil cresceu de 717 mil para 826 mil. Essas pessoas desistem de ser professores. É necessário pagar salários melhores para atrair os melhores quadros às escolas. Com exceção de quem tem vocação muito forte, os melhores alunos vão escolher carreiras com melhores remuneração , afirma Jorge Werthein, diretor e representante da Unesco no Brasil entre 1996 e 2005.
Se considerados os abonos incorporados ao salário, as diferenças são ainda mais contrastantes na região de Campinas. A cidade de Paulínia apresenta a maior remuneração (vencimentos mais benefícios). O professor do 1º ao 5º ano recebe salário-base de R$ 2.396, mais 50% da chamada hora-atividade. O abono é pago pelas atividades realizadas em casa pelo professor, como elaboração e correção de provas e planejamento de aulas. Com o adicional, o salário bruto passa para R$ 3.594. Na cidade, o professor ainda tem direito ao 14º salário e o plano de carreiras está passando por novos estudos para ser melhorado.
A valorização que é dada aos profissionais das cidades que pagam as maiores e menores remunerações também se revelam nas realidades distintas dos professores. A reportagem esteve nas cidades de Paulínia e Engenheiro Coelho e conversou com docentes das duas cidades.
A professora Vânia Cristina Sales Bueno Barbosa leciona há 15 anos em Paulínia. Vânia diz que tem ressalvas quanto ao valor pago pelo salário-base na cidade, mas admite que o adicional de hora-atividade é muito importante.
Vânia mora em apartamento próprio, possui automóvel, é graduada em pedagogia e pretende realizar uma especialização em breve. O salário-base poderia ser maior, mas com certeza o adicional de 50% é uma boa contribuição , disse.
Na cidade de Engenheiro Coelho, a realidade de quem leciona com o salário de R$ 920 é bem diferente. A professora Juliana Barbosa é concursada no município há dois anos. Embora seja pós-graduada em filosofia, tem que trabalhar de manhã, à tarde e à noite para complementar o salário.
Juliana não possui casa própria nem automóvel particular, mas achava que o salário que ganha não era muito diferente do que os demais professores da região. Acho que esse valor não foge muito da realidade da região , alega. Apesar de Juliana desconhecer a remuneração dos demais colegas da RMC, os números mostram que o valor pago em Engenheiro Coelho é bem distante das demais cidades.
Dos 17 municípios que informaram o valor dos salários, 11 pagam pelo menos 50% a mais que o município onde Juliana trabalha.

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