12 de setembro de 2011

ENEM 2010: Diferença de pontos entre melhores colégios é diminuta ,Hélio Schwartsman


12 de setembro de 2011
Educação no Brasil | Folha de S. Paulo | Saber | BR




ANÁLISE
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

No que provavelmente é um efeito colateral de nossas mentes essencialistas, seres humanos adoram rankings. Basta aparecer uma notícia que traga a lista dos dez melhores ou piores não importa o quê e ela logo entrará no rol das matérias mais lidas.
Escolas não são uma exceção. Ao contrário até. Na educação, os sistemas de avaliação proliferam. Não que seja errado ou inútil elencar melhores e piores, mas é preciso tomar cuidado.
O modo como o público e a mídia recebem esse emaranhado de exames nem sempre é o mais sábio. É tolice, por exemplo, imaginar que haverá mudanças importantes nas notas ou nos rankings todos os anos.
Se elas vierem, o mais provável é que tenha havido um problema com a prova ou com o universo de alunos que as fazem. Como tudo no campo da educação, os ganhos ou perdas, quando ocorrem, tendem a ser incrementais.
A própria ideia de ranking deve ser vista com cautela. Um caso emblemático é o das escolas particulares de elite, que travam disputas milimétricas pelas primeiras posições no Enem. Em São Paulo, por exemplo, a 30ª colocada teve uma nota apenas 10% menor do que a da mais bem posicionada.
E é relativamente fácil ganhar alguns pontinhos selecionando apenas os melhores alunos para fazer a prova. Assim, um colégio que mantenha programa generoso de bolsas para pobres ou que não expulse repetentes acaba perdendo pontos.
Analogamente, uma escola que não convença seus melhores alunos a fazer a prova pode sair prejudicada. E, se o estudante não está interessado no ProUni ou em entrar numa universidade federal, não tem nenhuma razão objetiva para inscrever-se no Enem. USP, Unicamp e a maioria das instituições privadas não exige esse exame.
Não é coincidência que, em São Paulo, a adesão dos alunos dos colégios mais caros seja relativamente baixa. Rankings e listas são uma boa ferramenta de orientação a alunos e pais, desde que interpretados criticamente.
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Um comentário:

  1. Bom artigo,mas discordo com um dos seus argumentos para a "queda da nota" de algumas escolas da elite.Quando o senhor afirma que "programas generosos de bolsas para pobres" acarretam em prejuízo às escolas nos diversos rankings,o senhor comete uma afronta àqueles "pobres" que estudam em escola pública,mas estudam com muito mais determinação e disciplina que muitos "ricos" pelo Brasil afora.Aliás,como o senhor deve saber;entre os primeiros colocados do ENEM 2010,temos um aluno de escola pública: Lucas Santos Costa,que está de malas prontas para estudar no ITA.Algo que muito "rico" gostaria de alcançar,mas não consegue.
    O ideal seria que a educação tivesse qualidade em toda a rede pública,mas na ausência dela;é preferível que instituições de ensino ofereçam bolsas aos grandes talentos.Eles só precisam de mais oportunidades generosas.

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