11 de setembro de 2011

Enem 2010 registra pequena melhora na nota, mas média ainda é baixa


11 de setembro de 2011
Educação no Brasil | O Estado de S. Paulo | Vida | BR



Plano. ‘Sempre trabalhamos com a hipótese de que a substituição do vestibular pelo Enem facilitaria a organização do currículo do ensino médio’, disse Haddad




Educação. Adoção de ferramenta que permite comparar notas médias dos 2 últimos anos confirma avanço na prova objetiva, que teve 511,21pontos em 2010, mas ainda longe dos 749,7 pontos da melhor escola de 2009; MEC quer atingir média de 600 pontos em 2028
Rafael Moraes Moura - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
Os estudantes concluintes do ensino médio regular tiveram um desempenho ligeiramente melhor no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 em comparação ao exame de 2009. A adoção da Teoria de Resposta ao Item (TRI), ferramenta que calibra a dificuldade de avaliações distintas, permitiu pela primeira vez a comparação dos dois últimos Enems.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), a melhora no desempenho no Enem foi de 9,63 pontos - de 501,58 para 511,21 na prova objetiva, quando comparada a edição de 2010 com a de 2009. O ministro da Educação, Fernando Haddad, espera que essa média chegue a 600 pontos em 2028 - projeção feita a partir de outras metas, como as estabelecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A média perseguida para 2028, porém, é bem abaixo dos 749,7 pontos obtidos pela escola melhor colocada no exame de 2009, uma instituição privada de São Paulo.
Segundo Haddad, a média do Enem de 2010 "é compatível com a evolução que está se observando na educação brasileira, nem mais ou menos. É coerente. Se aparecesse uma nota de 550 (para a média da prova objetiva), ia chamar muito minha atenção, teria dificuldade para compreender".
Considerando os dois dias de aplicação, a média do bloco de ciências da natureza e ciências humanas saltou de 502,29, em 2009, para 512,21 no ano passado; a de matemática e língua portuguesa, por sua vez, de 500,86 para 510,22. O MEC, no entanto, não soube explicar ao Estado por que considerou as médias por dia de prova, em vez de cada disciplina isoladamente. Da forma como os dados foram divulgados, não é possível verificar, por exemplo, a variação nas notas de matemática ou de língua portuguesa nos dois últimos anos. Segundo Haddad, os números foram divulgados com "a mesma transparência de sempre".
Entre 2009 e 2010 também houve melhora na nota de redação (de 585,05 para 595,25). A redação, no entanto, não é respaldada pela TRI, ao contrário da prova objetiva. Outro avanço se deu no número de alunos concluintes do ensino médio que se inscreveram e fizeram a prova: de 824.027 (45,8% do total de concluintes) para 1.011.952 (56,4%).
As duas últimas edições do Enem foram marcadas por uma série de problemas, como o vazamento da prova, em 2009, revelado pelo Estado, e a troca de cabeçalho resposta e falhas de encadernação em 2010.
Ação estadual. Para o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o aumento da nota do Enem não é mérito do MEC. "A melhoria do Enem é uma conquista das secretarias estaduais de Educação, em primeiro lugar. A União como um todo poderia fazer mais pela educação básica", afirma. "Estamos saindo de uma situação muito ruim para uma um pouco melhor, mas muito distante de uma situação mediana. O Brasil está melhorando o que é possível dentro de um sistema ruim."
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, "o Brasil ultrapassou a Itália para ser a sétima economia do mundo, mas no índice de educação da Unesco aparece na 88.ª posição, o que é completamente desproporcional".
Direção certa
FERNANDO HADDAD
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
"O Enem pode representar ao ensino médio o que a Prova Brasil representou para o ensino fundamental. Nossa confiança é de que esse caminho tem de ser explorado porque é promissor."

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