12 de setembro de 2011

Escolas particulares: Ponto na prova 'custa' de R$ 16 a R$ 52

Mensalidade varia até 298% nas top 30; técnicas são opção entre as gratuitas


12 de setembro de 2011 , Estado de São Paulo






    Carlos Lordelo e Felipe Oda
    Cinco das 10 escolas de São Paulo com melhor desempenho no Enem de 2010 ficam na zona sul - região que tem as escolas mais caras do grupo de elite. Em média, os alunos do Vértice, Móbile, Bandeirantes, Etapa e do Pentágono do Morumbi pagam R$ 2.335 de mensalidade no 3.º ano do ensino médio - ou R$ 39,47 por ponto obtido no Enem.
    Única escola da zona leste entre as top 10, o Agostiniano Mendel, do Tatuapé, alcançou 693,6 pontos no Enem. Mas no Mendel a anuidade (soma de mensalidades e outras taxas) chega a R$ 11.500,00, enquanto no Vértice ela é de R$ 38.974,00.
    É como se cada ponto no Enem “custasse” R$ 16,50 no Mendel e R$ 52,40 no Vértice. Aliás, enquanto o valor das anuidades nas 30 escolas top varia até 298%, a diferença máxima de pontuação não chega a 11%.
    Estudar na líder do ranking não depende, porém, só de dinheiro. O Vértice recusa transferências no 3.º ano do médio e só oferece, em média, 15 vagas no 1.º ano para alunos de fora. Cada uma delas é disputada por três candidatos, que fazem entrevistas, provas (redação, gramática e matemática) e passam um dia de experiência no colégio.
    Apenas 63 alunos cursam o 3.º ano, em duas turmas. “Dos nossos professores, 25% têm mestrado ou titulação equivalente e todos são graduados”, diz Adilson Garcia, diretor do colégio.
    Estudante de Engenharia na Mauá, a ex-aluna do Vértice Ana Flávia Pimenta Franco, de 18 anos, diz que não sentiu pressão para ir bem no vestibular. “Os alunos sabem que estão na melhor escola. Os professores não fazem mais pressão por resultados do que a que já sentimos.”
    Na região central, as cinco melhores escolas superaram este ano as da zona oeste, com média de 697,15 pontos. É lá que fica o Colégio Integrado Objetivo, 2.º do ranking. “Nossa grande diferença é a carga horária integral”, diz o diretor pedagógico Eduardo Figueiredo. No máximo 45 alunos cursam o 3.º ano do ensino médio e não há provas para ingressar no colégio.
    Marcela Malheiro Santos, de 17, chegou ao Integrado graças à diretora do Colégio Objetivo da unidade Teodoro, em Pinheiros. “Fiz o fundamental lá e ela me indicou para esse colégio diferente, que preparava para o vestibular.” Marcela prestou 13 vestibulares para Medicina e passou em 10 - está cursando a USP. “Eles estimulam a competição natural entre alunos. Distribuem inscrições de vestibular e notebooks para os melhores.”
    Estímulo. Na zona oeste, a melhor média no Enem foi a do Santa Cruz (714,14). O colégio tem seis turmas de 3.º ano do ensino médio, cada uma com 38 alunos. Por ano, cerca de 300 candidatos de fora disputam as 50 vagas oferecidas no 1.º ano do médio. “Não abrimos vaga para o 2.º ou 3.º ano”, diz o diretor-geral, Fábio Luiz Marinho Aidar Junior.
    Para a ex-aluna Adriana Baratela, de 18, o principal diferencial do Santa é o estímulo ao “amadurecimento”. “Temos autonomia para construir a grade e optar por conteúdos extraclasse.”
    Melhor da zona norte no Enem e 12.º no ranking paulistano, o Colégio Jardim São Paulo, unidade Tremembé, não prevê abrir vagas em 2012 no ensino médio - este ano, há duas turmas com 25 alunos no 3.º ano. “Queremos investir na formação dos alunos que já estão no colégio”, diz a diretora pedagógica Maria de Fátima Lima de Carvalho.
    Entre as escolas públicas, as técnicas continuaram em destaque no Enem - até porque seus estudantes passam por um vestibulinho, o que também ajuda a selecionar os melhores alunos. A Etec São Paulo, no centro, ocupa o 1.º lugar entre as públicas e o 5.º no ranking geral. Logo abaixo estão o Liceu de Artes e Ofícios e a Etec Parque da Juventude, em Santana. Em funcionamento há apenas quatro anos, ela participou do Enem pela primeira vez. “Os alunos entendem melhor os conteúdos de qualquer área do conhecimento que contextualize e o torne concreto”, diz Almério Melquíades de Araújo, coordenador de ensino técnico do Centro Paula Souza, que administra as Etecs.

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