12 de setembro de 2011

Melhor pública do DF no Enem atrai alunos pela qualidade das aulas

'Pela primeira vez, eu gosto de aprender, gosto de estudar', diz estudante.

Escola Setor Leste, em Brasília, ocupa área de 75 mil metros quadrados.

Jamila Tavares


Do G1 DF
Com uma área total de 75 mil metros quadrados, o Centro de Ensino Médio Setor Leste é a escola pública de Brasília melhor colocada no Enem deste ano. O terreno abriga dois blocos de salas de aula, ginásio, academia de ginástica, laboratórios, horta, sala de dança, auditório, piscina aquecida e quadras esportivas. Mas não é a estrutura física que faz do Setor Leste o “melhor colégio do mundo” para o estudante Iury da Fonseca, de 17 anos. “Os professores aqui não dão aula por obrigação, mas por prazer. Pela primeira vez, eu gosto de aprender, gosto de estudar”, afirma.
Alunos em biblioteca, piscina e aula de artes na escola Setor Leste, em Brasília (Foto: Jamila Tavares/G1)Alunos em biblioteca, piscina e aula de artes na escola Setor Leste, em Brasília (Fotos: Jamila Tavares/G1)
Iury mora no Lago Azul, bairro do Novo Gama, município goiano a cerca de 30 quilômetros de Brasília. Matriculado na escola desde 2009, ele conta que acorda todos os dias às 4h30 e gasta cerca de uma hora e dez minutos no trajeto. “Vale a pena o sacrifício, os professores explicam de uma maneira diferente aqui”, opina o estudante que está no terceiro ano e quer fazer engenharia eletrônica.
Diretora do Setor Leste há quatro anos, Ana Lúcia Marques afirma que o empenho da equipe pedagógica é o maior diferencial da escola. “Nós temos uma equipe muito empenhada e tentamos ter pouca rotatividade. Os professores do 3ª ano, por exemplo, são os mesmos há quatro anos. É uma equipe que já se conhece, que já trabalha junto, coesa”, diz.
Os professores elaboram as atividades escolares de forma integrada. As avaliações são feitas agrupando as matérias em três blocos: matemática e suas tecnologias (matemática, física, química e biologia), linguagens seus códigos (educação física, línguas e artes) e ciências humanas (história, geografia, sociologia e filosofia). “É uma forma mais interessante e inovadora de aprender o conteúdo”, afima Graça Silveira, supervisora pedagógica do Setor Leste.
Além disso, a metodologia é semelhante à utilizada pela Universidade de Brasília, que é o foco da maioria dos alunos da escola. No último vestibular, 17 estudantes do Setor Leste foram aprovados. “Quero muito entrar na UnB porque ela oferece uma formação e um leque de contatos que as outras não oferecem”, diz a estudante Ana Luísa de Souza, de 17 anos, que quer cursar relações internacionais.
Sala de ginástica da escola Setor Leste, melhor pública do DF no Enem (Foto: Jamila Tavares/G1)Sala de ginástica da escola Setor Leste, melhor
pública do DF no Enem (Foto: Jamila Tavares/G1)
Para Ana, os projetos extracurriculares que a escola desenvolve são um grande diferencial. “Se você gosta de artes, de teatro, de música, o Setor Leste é a sua escola”, diz. O colégio oferece regularmente aulas de circo, dança, ginástica olímpica, natação, inglês, francês e espanhol.


Também fazem parte do calendário escolar uma semana de arte e cultura e feiras dedicadas ao teatro e música. O Êxodos, projeto focado na pesquisa da identidade cultural, todos os anos leva um grupo de alunos para fazer uma caminhada de 350 quilômetros por cidades da região Centro-Oeste.
A escola tem 1.500 alunos e uma equipe de 96 professores. As turmas de segundo e terceiro ano têm aula no turno matutino. As de primeiro, pela tarde. A maioria dos professores fica disponível no turno contrário ao que dá aulas para tirar dúvidas dos alunos. Há também uma monitoria organizada e ministrada pelos próprios estudantes.
Para a diretora, a maior dificuldade do Setor Leste atualmente é a falta de profissionais. “Precisaria ter professores mais especializados para trabalhar nos laboratórios, por exemplo.” De acordo com Ana Lúcia, a política da Secretaria de Educação tem priorizado que os profissionais fiquem em sala de aula.
Os alunos apontam a falta de uma quadra de esportes coberta e o pequeno acervo da biblioteca – 5 mil títulos entre livros e periódicos – como pontos a serem melhorados. “Mas é uma escola muito boa”, afirma Ana Luísa. “Os alunos vivem aqui, e os professores também.”

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