11 de setembro de 2011

Resultado do Enem de 2010 mostra melhoria de desempenho de alunos



Plantão | Publicada em 10/09/2011 às 20h30m
Demétrio Weber (demetrio@bsb.oglobo.com.br)

BRASÍLIA - O desempenho dos estudantes brasileiros teve ligeira melhora no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado em 2010. A nota média dos alunos do terceiro ano, nas provas objetivas, subiu de 501,58 para 511,21 pontos - acréscimo de 9,63 pontos, na comparação com o teste de 2009. A escala vai até 1.000. A participação no Enem é voluntária.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). É a primeira vez que o ministério compara resultados de diferentes edições do Enem. Isso só está sendo possível porque o exame passou a adotar, em 2009, a chamada teoria de resposta ao item (TRI), que garante o mesmo grau de dificuldade a provas distintas.
Antes não havia como dizer, com segurança estatística, se um eventual aumento das notas médias seria resultado de melhora efetiva na capacidade dos estudantes ou apenas reflexo de uma prova formulada com questões mais fáceis. A TRI, no entanto, vale somente para testes objetivos. Assim, ainda que a nota média de redação no Enem 2010 (596,25) tenha superado a de 2009 (585,06), o ministério considera que não é possível afirmar que houve melhora.
Mais alunos fizeram o exame
De 2009 para 2010, também cresceu a parcela de concluintes do ensino médio que fizeram o Enem em todo o país: de 45,8% para 56,4%. Em números absolutos, o salto foi de 824 mil para 1 milhão de alunos. O dado é significativo porque, em tese, uma quantidade maior de estudantes poderia levar à redução das notas. Esse foi o discurso oficial nas últimas duas décadas, quando o aumento de matrículas no ensino fundamental veio acompanhado de piora nos indicadores de qualidade.
O resultado é positivo, dentro do esperado. Sabemos que educação é um processo (Haddad)
No Enem 2010, no entanto, ocorreu o contrário: mais estudantes fizeram as provas, e as notas aumentaram. O ministro Fernando Haddad disse que o resultado superou expectativas, mas não a ponto de surpreender. Para Haddad, o avanço segue uma tendência de melhoria dos indicadores de qualidade:
- O resultado é positivo, dentro do esperado. Sabemos que educação é um processo. Temos muito por fazer - afirmou o ministro.
Sem critérios na escala de pontos
O Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad e o Secratário Execultivo do MEC  José Henrique Fernandes fala sobre SISU,em Brasilia.Foto Ailton de Freitas/Agencia Oglobo
Desde 2009, quando passou a substituir vestibulares em universidades federais, o Enem é formado por quatro provas objetivas com 45 questões cada: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas, além de redação. O ministério não definiu parâmetros para explicar a escala de pontuação, isto é, o nível de aprendizagem correspondente a cada resultado. O que deixa no ar a questão: a nota média de 511,21 pontos nas provas objetivas corresponde a um nível satisfatório de aprendizagem?
Embora ninguém do MEC fale publicamente, a resposta é não. Uma outra prova aplicada pelo ministério a cada dois anos, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revela com mais acuidade o grau de aprendizagem dos alunos. Com base no último Saeb, de 2009, a ONG Todos pela Educação concluiu que apenas 11% dos alunos do terceiro ano do ensino médio tinham os conhecimentos de matemática adequados à série; em língua portuguesa, o percentual era de 28,9%. A meta estipulada pela ONG é que o Brasil chegue a 2021 com 70% do alunado sabendo os conteúdos adequados.
Indagado sobre o significado da nota do Enem, Haddad disse que o ministério se preocupou em fixar metas para as próximas décadas. No caso do ensino médio, o objetivo é alcançar, em 2028, o patamar observado nos países desenvolvidos em 2003, isto é, 25 anos antes.
Grosso modo, segundo Haddad, um resultado de 600 pontos nas provas objetivas do Enem equivaleria a esse objetivo. Assim, o aumento de 501,58 para 511,21 sinalizaria que o Brasil pode chegar aos 600 pontos em dez anos, e não em 15 ou mais, como era imaginado pelo MEC.
Para Haddad, o Enem tem um papel decisivo para melhorar o ensino médio, na medida em que substitui os vestibulares e passa a orientar o currículo escolar:
- O Enem organiza o currículo e tem impacto na qualidade. O vestibular, pela sua irracionalidade, desorganiza.
Nesta segunda-feira, o MEC divulgará os resultados do Enem 2010 por escola. O ministério ainda não tornou públicas as notas médias por estado, rede pública e privada, nem as referentes aos demais participantes que não sejam concluintes do ensino médio.

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