Colégios da rede municipal da cidade obtiveram média 7 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), uma das mais altas do país
ESTELITA HASS CARAZZAI ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU, Folha de S.Paulo, 17/9/2012 Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai e a Argentina, está acostumada a frequentar as páginas policiais.
Mas, neste ano, passou a ser procurada por prefeituras de todo o Brasil por um motivo mais nobre: as escolas da rede municipal obtiveram média 7 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), uma das mais altas do país em 2011.
Divulgada a cada dois anos, a nota mescla o resultado de testes de conhecimento dos alunos e as taxas de aprovação e reprovação.
Foz destacou-se entre as escolas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental, mas enfrenta críticas por conta da pressão sobre os alunos (veja nesta página).
Não é a maior média do segmento (esta pertence a Claraval, um pequeno município de MG), mas chama a atenção por estar em uma cidade de 250 mil habitantes com 51 escolas, que atendem 20 mil alunos. "Não é um bolsão de excelência. Todas têm a média alta", diz o doutor em educação Paulino Motter.
Em 2011, Foz emplacou três escolas -todas em bairros de classe média- entre as dez melhores públicas do país.
Em sete anos, de 2004 a 2011, o investimento em educação saltou de R$ 42 milhões para R$ 69 milhões, graças ao aumento da receita.
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INFRAESTRUTURA
Para aumentar em 25% o desempenho no Ideb (de 2007 a 2009, a nota passou de 4,8 para 6,2), a prefeitura montou um banco de projetos para construir novas escolas, com espaço para atividades físicas e aulas de reforço.
"O primeiro passo é a estrutura física", diz o prefeito Paulo Mac Donald (PDT). Cinco prédios foram construídos do zero, e 21 escolas foram reformadas ou ampliadas.
"Era tudo sucateado, criança quebrando o braço nas rampas. Todo dia tinha que chamar o Samu", conta Beatriz Pasqualli, 46, diretora da escola Érico Veríssimo, com 1.300 alunos, média 7 no Ideb (era 4,4 em 2007) e em novo prédio há cinco anos.
A nova estrutura, que é compartilhada por alunos da região nas atividades de contraturno, inclui quadra de esportes, ar condicionado nas salas, refeitório e piscina.
METAS E DIAGNÓSTICO
Todos os alunos da rede pública são avaliados por equipes da Secretaria da Educação pelo menos duas vezes ao ano. Os do 4º e 5º anos fazem provas no estilo Ideb.
"É diagnóstico. Se não estiver bom, a gente toma as medidas necessárias", diz a secretária Joane Vilela.
A partir da avaliação, traça-se uma meta para o próximo Ideb de cada escola. As que cumprirem ganham 14º salário -todos os funcionários, do porteiro ao diretor.
Uma equipe de professores da pasta visita as turmas com as piores notas, conversa com famílias e professores e produz material didático específico. "Até os cadernos dos alunos eles veem", diz a diretora Iraílde da Silva Vieira, da escola Elenice Milhorança, média 7 no Ideb.
ENVOLVIMENTO DOS PAIS
As escolas têm associações, que ajudam com rifas e festas para arrecadar dinheiro para melhorias.
Na escola Santa Rita de Cássia, a campeã do Ideb (nota 8,6), que tem 200 alunos, o auditório e o parquinho foram feitos com essa verba.
EVASÃO ZERO
Preocupada com a eficiência do sistema, a prefeitura implantou o Projeto Fica, de combate à evasão escolar, que hoje é zero -em 2005, era de 2%. Assistentes sociais, psicólogos e fonoaudiólogos vão uma vez por semana a cada escola para acompanhar a frequência dos alunos e, se for o caso, visitar as famílias.
CONTRATURNO
Junto com o controle da evasão, vieram as aulas de reforço, no contraturno -dadas por professores dedicados à tarefa. As turmas têm aula de reforço ao menos uma vez por semana e podem fazer atividade física, xadrez, dança e música.
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