12 de setembro de 2012 | 9h 01
ANDREI NETTO E OCIMARA BALMANT - Agência Estado
Em países emergentes muito populosos, como o Brasil, os governos são, com frequência, confrontados a uma escolha difícil: aumentar o número de professores por aluno e investir na redução do tamanho das turmas, ou qualificar os mestres e melhorar seus salários. Para Andreas Schleicher, especialista da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a melhor estratégia é dirigir a verba para os professores. Mas o Brasil faz o contrário. A entidade divulgou ontem, terça-feira, em Paris, um relatório de 570 páginas sobre educação em 39.
As constatações de Schleicher foram feitas com base em estatísticas, mas não constam do relatório publicado ontem. Para o pesquisador, o Brasil está no caminho certo ao aumentar o investimento no ensino, aproximando-se da média dos países mais desenvolvidos, mas ainda precisa fazer escolhas na hora de aplicar verbas públicas. E, nessa hora, é preciso apostar na qualidade do corpo docente.
"Quando há poucos recursos, ou se investe em pequenas turmas ou em professores - e os resultados são melhores quando a opção é em investir no docente", disse Schleicher à reportagem.
O especialista faz questão de elogiar o esforço de sucessivos governos, mas reitera que, após massificar o acesso à escola, o desafio é aprimorá-la. "Dobrar a proporção de pessoas que atingiram o nível de educação fundamental é um número impressionante."
Desafios e avanços
Para o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, os resultados do Brasil no levantamento da OCDE refletem os avanços feitos na última década. "Somos o País que mais aumentou os investimentos na área, só que partimos de um patamar muito baixo por causa do déficit educacional histórico que temos. O desafio, agora, é continuarmos nesse ritmo", afirmou.
Para Mercadante, o aumento dos investimentos refletem os repasses do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) - verba da União que chega a Estados e municípios - e a programas como o Pró-Infância.
Quanto à queda de 2% no investimento per capita no ensino superior, dado revelado pela pesquisa da OCDE, o ministro afirma que é preciso levar em consideração o aumento do número de matriculados. "Não se pode ver apenas o valor por aluno. É preciso ver a promoção do acesso, que foi triplicado. Só nas universidades federais, partimos de 300 mil alunos para mais de 1 milhão de matriculados na última década."
O aumento dos gastos per capita nesse nível de ensino, explica, deve acontecer com o investimento integral dos royalties do petróleo, medida defendida pelo governo federal para que se chegue aos 10% do PIB investidos em Educação. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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