19 de junho de 2013

Quase 10% dos adolescentes já experimentaram drogas ilícitas, diz IBGE

Pesquisa com dados de 2012 mostra crescimento do uso, sobretudo entre as meninas, em relação a 2009, quando a proporção era de 8,7%


19 de junho de 2013 | 9h 59

Luciana Nunes Leal e Vinicius Neder - O Estado de S. Paulo
RIO - Cresceu o uso de drogas ilícitas por adolescentes entre 2009 e 2012, sobretudo entre as meninas. É o que mostra pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira, 19. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), em 2012, chegou a 9,9% a proporção de adolescentes que vivem nas capitais que já experimentaram drogas ilícitas, o que equivale a pouco mais de 312 mil jovens. Em 2009, quando foi feita a primeira pesquisa desse tipo, o porcentual foi de 8,7%.


Para garantir que o levantamento refletisse ao máximo a realidade, a pesquisa foi feita com entrega de equipamentos eletrônicos aos próprios adolescentes, que responderam com privacidade sobre hábitos e comportamento. Nas capitais, em 2009, 6,9% das meninas disseram ter usado alguma droga, índice que subiu para 9,2% em 2012. O consumo entre os meninos ficou praticamente estável, oscilando de 10,6% para 10,7%. Em 2012, a pesquisa foi feita no País inteiro e o resultado foi de 7,3% de adolescentes com alguma experiência de uso de drogas. O levantamento anterior havia sido feito apenas nas capitais.
Foram entrevistados 109.104 alunos do 9° ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas em todo País, a grande maioria (86%) com idades de 13 a 15 anos. Os resultados foram projetados para o universo de 3,1 milhões de adolescentes que estudam no 9º ano. Embora a proporção pareça pequena, os técnicos do IBGE se espantaram com a revelação de que 0,5% dos adolescentes usou crack no período de 30 dias que antecederam a pesquisa, pois, em números absolutos, são 15 mil estudantes no País inteiro que já experimentaram a droga, que tem o maior potencial de dependência.
Álcool. No caso das drogas lícitas, nada menos que sete em cada dez adolescentes já experimentaram alguma bebida alcoólica, proporção que teve pequena redução em relação a 2009, passando de 71,4% para 70,5%. No entanto, 50,3% informaram já ter tomado pelo menos uma dose, o que equivale a, no mínimo, uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque. Esta pergunta não foi feita em 2009.
Os números mais recentes mostram que aumentou a proporção de jovens que já ficaram bêbados, de 22,1% para 24,3%. Chama a atenção o fato de que, apesar da pouca idade e da proibição de venda para menos de 18 anos, 16,6% dos adolescentes disseram ter comprado bebidas em estabelecimentos comerciais. O maior acesso dos jovens ao álcool é em festas (36%) e com amigos (20,9%). Tiveram acesso à bebida na própria casa 9,1% dos adolescentes.
Solidão e bullying. Embora a pesquisa não tenha investigado as razões que levaram os adolescentes ao uso de bebidas alcoólicas e drogas e os efeitos causados, 16,5% dos jovens entrevistados disseram terem se sentido sozinhos nos 12 meses que antecederam a pesquisa. O sentimento de solidão é muito maior entre as meninas (21,7%) do que entre os meninos (10,7%). As meninas também são mais suscetíveis à insônia em decorrência de preocupações: 12,85% delas disseram já ter perdido o sono, enquanto entre os meninos são apenas 6,3%.
Um quinto (20,8%) dos adolescentes pratica bullying, também revela a pesquisa do IBGE. De outro lado, 35,4% disseram ter sofrido agressão, humilhação e hostilidade por parte dos colegas, sendo que 7,2% disseram que a prática é frequente e 28,2% afirmaram que acontece raramente ou às vezes. Pela primeira vez os adolescentes foram questionados se participam de ataques aos colegas, por isso não há comparação com 2009.
Os dados mostram que a prática de bullying está crescendo nas escolas. Nas capitais, 5,4% disseram sofrer ataques sempre ou quase sempre em 2009, proporção que subiu para 7,2% em 2012. Os que sofrem algum tipo de bullying eram 30,8% e passaram para 35,4%.
Maior do que a proporção de adolescentes que sofrem bullying sempre ou quase sempre, no entanto, é a de jovens que são agredidos por adultos da própria família. Pouco mais de 10% dos entrevistados disseram terem sido agredidos nos 30 dias anteriores à pesquisa. As meninas são mais vulneráveis (11,5% delas sofreram agressões) que os meninos (9,6%).
Os dados também revelam que é crescente a proporção de adolescentes que se envolvem em brigas com armas brancas (passou de 6,1% para 7,3%) e com armas de fogo (de 4% em 2009 para 6,4%).
Trabalho. Embora o trabalho de crianças e adolescentes até 13 anos não seja permitido pela lei brasileira, 8,6% dos alunos do 9º ano no País trabalham, mostram os dados do IBGE. A Região Sul tem a maior proporção, com 11,9% de estudantes trabalhadores. O menor índice está no Sudeste, com 7,5%.
Sexo. A PeNSE mostra ainda uma ligeira queda entre os adolescentes que já tiveram relação sexual e um aumento do uso de preservativos. Em 2012, 28,7% dos adolescentes já tinham tido relação sexual, proporção um pouco inferior aos 30,5% de 2009. Dos que têm experiência sexual, 79,5% dos adolescentes usaram camisinha na última relação, índice maior que os 75,9% de 2009.


Jovens se alimentam mal, se exercitam pouco e veem TV demais, mostra pesquisa

Quatro em cada dez adolescentes comem guloseimas cinco dias ou mais por semana, segundo IBGE


19 de junho de 2013 | 10h 04

Luciana Nunes Leal e Vinicius Neder - O Estado de S. Paulo
RIO - Os adolescentes brasileiros se alimentam mal, veem TV demais e se exercitam de menos, mostra a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) divulgada nesta quarta-feira, 19, pelo IBGE. Guloseimas como doces, balas e chocolates estão em terceiro lugar no consumo dos estudantes, atrás apenas do feijão e do leite e à frente de frutas e hortaliças.
Quatro em cada dez adolescentes comem guloseimas cinco dias ou mais por semana e apenas três em cada dez comem frutas com a mesma frequência.
Guloseimas estão em terceiro lugar no consumo dos estudantes, atrás apenas de feijão e leite - Divulgação
Divulgação
Guloseimas estão em terceiro lugar no consumo dos estudantes, atrás apenas de feijão e leite
Os técnicos do IBGE se surpreenderam com a informação de que apenas 22,8% dos alunos das escolas públicas comem os alimentos oferecidos nas escolas, apesar de 98% terem acesso a refeições oferecidas pela rede de ensino.
"Essa informação nos causou surpresa porque a oferta de alimento é um estímulo para a presença de alunos na escola. Se eles não comem, é um contrassenso. Em parte, pode ser próprio do comportamento dos adolescentes que querem escolher o que comer, o que vestir. Mas também pode ser que eles não gostem da comida oferecida ou não tenham tempo de se alimentar na escola", diz o gerente de estatísticas de saúde do IBGE, Marco Antonio Andreazzi. 
Em relação aos exercícios físicos, apenas três em cada dez adolescentes são considerados ativos (fazem 300 minutos ou mais de exercício por semana, o que equivale a uma hora de atividade física, cinco dias por semana). Quase oito (78%) em cada dez adolescentes veem televisão durante pelo menos duas horas por dia, tempo considerado excessivo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). "O hábito de assistir TV é um indicador de sedentarismo e a OMS recomenda que crianças não deve estar mais que uma ou duas horas em frente à TV. O tempo em frente à TV está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerantes e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia", diz o estudo do IBGE. 

27,1% dos adolescentes entre 13 e 15 anos já dirigiram veículos

RIO - Ansiosos por autonomia para conduzir a própria vida, os adolescentes ouvidos pela PeNSE demonstraram que ainda precisam aprender bastante quando o assunto é direção. Embora, pela legislação brasileira, menores de 18 anos estejam proibidos de obter a carteira de habilitação, 27,1% dos estudantes do 9º ano, com idades variando entre 13 e 15 anos, informaram ter dirigido um veículo motorizado no mês anterior à realização da pesquisa.


Considerando apenas os dados relativos às capitais, entre 2009 e 2012, houve um aumento na proporção: passou de 18,5% para 22,4%. O pior resultado, 32,7%, foi registrado em Boa Vista (RR). No Rio, o percentual também subiu, passando de 19,7% para 21,4%.
A infração foi cometida, principalmente, pelos meninos. A proporção de estudantes do sexo masculino que desrespeitaram o Código Brasileiro de Trânsito, pondo em risco a própria vida e a de terceiros, foi de 38,6%, mais do dobro da registrada entre as meninas (16,6%).
A irresponsabilidade, infelizmente, não se restringe à condução proibida. Entre os adolescentes, 19,3% relataram ter andado de motocicleta sem usar capacete. No Rio, porém, os adolescentes estão se arriscando ainda mais: 33,1% relataram deixar o acessório de lado.
Igualmente importante para garantir a segurança de quem está dentro dos veículos é o uso do cinto de segurança, que, embora também seja exigido por lei, não foi adotado por 16,1% dos estudantes nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. Quando avaliamos apenas os dados das capitais, porém, os dados revelam que, entre 2009 e 2012, a conscietização aumentou consideravelmente, já que a proporção de infratores caiu de 26,1% para 10,1%.
Os fatores de risco a que os adolescentes estão expostos no trânsito vão ainda mais além. A pesquisa revelou que 22,9% dos estudantes foram transportados em veículos dirigidos por motoristas que consumiram bebida alcoólica. A comparação dos dados relativos às capitais do país revela que, infelizmente, a prática tornou-se mais comum. Em 2009, a situação foi relatada por 18,7% dos estudantes. Já em 2012, saltou para 23,8%. O quadro é pior em Cuiabá, capital do Mato Grosso, onde a proporção sobe para 31,5%. No Rio, foi de 23%.

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