No final dos anos 90, época em que ainda negava publicamente a existência do PCC (Primeiro Comando da Capital), chamando-o de "ficção" e de "bobagem", o governo de São Paulo começou a transferir discretamente seus chefes para outros Estados, imaginando que conseguiria, assim, desarticulá-los.
Na prática, o efeito foi espalhar a semente da organização criminosa por diversos lugares do país. Tanto que a quadrilha, que nasceu na Casa de Custódia de Taubaté, no interior paulista, em 1993, possui atualmente ramificações ou parceiros em pelo menos outros 15 Estados.
Foi justamente num desses intercâmbios em penitenciárias de outras regiões do Brasil que detentos oriundos do Maranhão conheceram integrantes do PCC e aprenderam a sua "tecnologia". Ao retornarem para São Luís, tempos depois, criaram uma facção própria, o PCM (Primeiro Comando do Maranhão), com estatuto, cobrança de mensalidade e a mesma ferocidade do bando paulista. A outra quadrilha que atua no Maranhão, o "Bonde dos 40", surgiu como uma reação ao PCM, mas é considerada ainda mais violenta.
O resultado é de domínio público: 62 mortes e algumas cabeças cortadas desde janeiro de 2013 na penitenciária, quatro ônibus e duas delegacias atacadas e uma garotinha de seis anos assassinada com 95% do seu corpo incendiado.
Como se tudo isso não bastasse, o Maranhão, com apoio do governo federal, resolveu adotar a providência de sempre para tentar retomar o controle do complexo prisional: vai transferir detentos para outros Estados. Novas cabeças vão rolar.
Folha de S.Paulo, 9/1/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário