13 de setembro de 2011

Maioria dos concluintes do ensino médio tem nota abaixo da média no Enem 2010

Comparação entre as provas de 2009 e do ano passado mostra pequena melhora nos resultados dos estudantes, mas a maioria (cerca de 53%) ainda está aquém da média; houve aumento do índice de candidatos que concluíram o ensino médio
13 de setembro de 2011 

Embora a nota da edição 2010 do Enem tenha sofrido um ligeiro aumento - de 9,63 pontos - em relação a 2009, a maioria dos estudantes de ensino médio ainda apresenta desempenho abaixo da média nacional na prova objetiva.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), 52,98% dos concluintes do ensino médio regular ficaram abaixo da média em 2010 (511,21). Em 2009, a porcentagem foi de 55,45% - naquele ano, a média foi de 501,58. Pela primeira vez, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que calibra o grau de dificuldade de avaliações distintas, permite a comparação de dois Enems consecutivos.
Entre 2009 e 2010, o número de alunos concluintes do ensino médio que se inscreveram e fizeram a prova aumentou de 824.027 (45,8% do total de concluintes) para 1.011.952 (56,4%), entre 2009 e 2010.
Os números do último Enem foram discutidos ontem durante reunião da coordenação política do governo, no Palácio do Planalto, que contou com a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff "compreendeu o significado" de um aumento de 9,63 pontos na média.
"O dado não nos surpreendeu porque estava dentro das nossas projeções", afirmou o ministro.
Obrigatoriedade. Haddad voltou a lembrar que o Congresso Nacional discute a integração do Enem ao sistema de avaliação da educação básica, o que o tornaria um componente curricular obrigatório.
"Estamos discutindo com secretários de educação a possibilidade de transformar o Enem em exame obrigatório, em que todo mundo é convocado para fazer e é obrigado a participar. Isso não significa dizer que necessariamente o aluno precisaria tirar uma certa nota para obter o diploma de conclusão de estudos", disse Haddad.
A proposta de tornar o Enem obrigatório já é discutida há algum tempo por especialistas em avaliação escolar. Ouvido pelo Estado horas antes da entrevista do ministro, o consultor da Fundação Cesgranrio Ruben Klein defendeu a mudança como a melhor forma de eliminar distorções na análise dos dados do exame.
"Mas tem de deixar claro para a sociedade que o Enem vai servir como um instrumento de avaliação da qualidade da educação, não vai impedir ninguém de se formar no ensino médio", disse. "Nossas escolas são ruins há décadas: se o exame de repente servisse para reprovações em massa, você pode imaginar o risco de caos social que isso causaria."
Para o consultor da Cesgranrio, hoje falta uma referência básica quando se analisa dados do Enem: saber quantos dos inscritos são, de fato, concluintes do ensino médio. A diferença de ordens de grandeza é imensa. No Enem do ano passado, houve 4,6 milhões de inscritos para um número estimado de 2,2 milhões de alunos no 3.º ano do médio no País. Tanto que a faixa etária com maior número de candidatos (1,5 milhão) ia de 21 e 30 anos.
Isso ocorre porque o Enem atende a uma clientela muito mais ampla que os adolescentes a caminho da universidade. Garante acesso às bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) e serve como diploma de conclusão do ensino médio para maiores de 18 anos.
"O Enem não é amostra de nada, porque o candidato se autosseleciona para a prova", diz Klein. "Agora o exame é comparável de um ano para outro em termos de nota, mas não em termos demográficos." / COLABOROU SERGIO POMPEU 

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