12 de setembro de 2011

MEC reajusta piso salarial do magistério mas classe continua insatisfeita

Embora Ministério da Educação tenha assegurado aumento, a situação do professor no Brasil segue problemática
Sxu.hu
Ser professor é uma das mais antigas e importantes profissões no mundo. Ela ensina uma arte, ciência, técnica, ou qualquer outro conhecimento. Deveria ser uma das mais valorizadas atividades, porém, a classe ainda não alcançou a remuneração que ela merece. Nesse ano, o Ministério da Educação (MEC), reajustou o piso salarial do magistério em 15,85%.

A correção, de acordo com o órgão, reflete a variação ocorrida no valor mínimonacional por aluno no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) de 2010, em relação ao valor de 2009. Porém, quais os motivos que levaram os professores a essa situação em que se encontram? Para os especialistas ouvidos nesta reportagem, a formação precária é um agravante e uma conseqüência que acaba contribuindo para a não valorização do professor. 

Além disso, a falta de políticas por parte dos governos também interfere no desempenho dos professores, entre outros fatores. Para o professor Emérito da UNICAMP, Pesquisador Emérito do CNPq e Coordenador Geral do Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”, Dermeval Saviani, a formação precária dos professores aliada aos baixos salários são fatores que desmotivam a classe prejudicando, em conseqüência, a qualidade do trabalho.

“Assim, se uma formação precária resulta numa atividade docente precária, também as condições precárias de realização da docência condicionam negativamente a formação, uma vez que elas se ligam à desvalorização social da profissão de professor”, conta Dermeval. Sendo assim, os jovens não se sentem motivados a investir tempo e recursos na obtenção de uma formação longa e altamente qualificada .

Jorge Werthein, Doutor em Educação pela Universidade de Stanford, a situação do professor é paradoxal em numerosos países.  Mas ele ressalta que por um lado o professor possui uma imagem extremamente positiva, daquele que sabe e pode ensinar e, por isso, merece admiração e respeito.  No entanto, por outro lado ele geralmente trabalha muito, ganha pouco e recebe estímulo intelectual insuficiente para seguir na carreira. 

Jorge lembra ainda que os motivos que levam o professor a essa situação podem ser variados, com destaque na cadeia de produção capitalista, onde professor não pertence a nenhum dos setores-chaves, como o financeiro, industrial e comercial e nem o político. “É um equívoco, sem dúvida, porque o professor é responsável pela formação inicial de todos os profissionais de todas as áreas”, afirma o Doutor em Educação.

“Essa situação reflete em grande medida o descaso a que foi relegada, durante décadas, a educação em muitos países, entre eles o Brasil”, completa. Jorge Werthein explica também que há duas décadas essa situação vem se alterando no Brasil e a importância que se confere a educação vem aos poucos se estendo também ao professor.

MEC aumenta remuneração mínima de professores de nível médio
Vale lembrar que o MEC elevou a remuneração mínima do professor de nível médio, e jornada de 40 horas semanais, para R$ 1.187,00. Esses novos valores estão assegurados pela Constituição Federal e deve ser acatado em todo território nacional pelas redes educacionais públicas, municipais, estaduais e particulares.

Jorge Werthein conta que é preciso se difundir o mais amplamente possível a ideia de que o professor é um agente fundamental para a construção e a sustentação da chamada sociedade do conhecimento. “Ele precisa de reconhecimento não apenas no nível simbólico e nem exclusivamente do ponto de vista salarial, mas especialmente do ponto de vista do estímulo, que envolve formação constante, benefícios para que se desenvolva intelectualmente, ambiente escolar favorável”, diz.

Já para Dermeval Saviani, uma medida preliminar deve ser tomada, se quer efetivamente uma escola funcionando em condições adequadas, instituindo a carreira do magistério com salários dignos em contrato de tempo integral para fixar os professores nas escolas. “Trabalhando em jornada de 40 horas semanais numa única escola com no máximo 50% das horas em sala de aula cada professor se identificará com determinada escola onde ele estará trabalhando todos os dias, o dia todo”, conta.

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