Pesquisa divulgada hoje (21) também mostra que computador com internet é o bem durável que mais aumentou em domicílios brasileiros.
A taxa de analfabetismo declinou de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda que em queda, as diferenças regionais persistem: a taxa no Nordeste é de 16,9%, a mais elevada do País. Na região, o percentual era ainda maior em 2009: 18,8%. Dos 6,8 milhões de analfabetos do País, 52,7% viviam no Nordeste em 2011. Na região Norte, a taxa também estava acima da média - 10,2%. Nas demais, os percentuais eram inferiores à média: 6,3% no Centro-Oeste, 4,9% no Sul e 4,8% no Sudeste.
O IBGE pesquisou ainda o analfabetismo funcional, que atingiu 20,4% da população, mesmo percentual de 2009. Os pesquisadores ressaltam, porém, que esse indicador é apenas uma aproximação, já que não foram realizados testes de escrita e leitura. Foram incluídos nessa categoria todos com menos de quatro anos de estudo.
Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a pesquisa do IBGE não leva em conta o nível de proficiência dos alunos em leitura e escrita. "Alfabetização é muito mais do que escolarização. O IBGE olha os jovens e adultos com mais de 15 anos, aqueles que tem quatro anos ou mais de escolaridade já são considerados alfabetizados. Mas, como a gente tem uma qualidade de educação muito ruim no Brasil, o que ocorre é que tem muita criança de 11, 12 anos, jovem que está no ensino médio com 15, 17 anos, que ainda é analfabeto. Infelizmente, isso ainda é uma realidade no nosso país", diz Priscila.
De acordo com ela, dados da Prova ABC - uma parceria do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionaisa (Inep), do Todos pela Educação, do Instituto Paulo Montenegro, a Fundação Cesgranrio - mostram outra realidade. "Essa prova mostrou que, das crianças de 8 anos no Brasil, só metade é plenamente alfabetizada. É um dado bem diferente do apresentado pelo IBGE. É diferente você fazer a prova e testar [o aluno] de você considerá-lo alfabetizado apenas pelo número de anos de estudo que ele tem."
Segundo os dados do IBGE, a escolaridade média do brasileiro ficou em 7,3 anos de estudo - 7,1 para homens e 7,5 para mulheres. Outro dado pesquisado foi a taxa de escolarização, que chegou a 98,2% em 2011 na faixa de 6 a 14% - ou seja, esse é o percentual de crianças na escola, que atingiu praticamente a universalidade.
Renda e matrículas - De acordo com a pesquisa, a renda familiar tem maior influência na matrícula de crianças de 4 e 5 anos na escola do que em outras faixas etárias. Para a gerente do Pnad, Maria Lúcia Vieira, na faixa etária equivalente ao ensino fundamental obrigatório, o rendimento mensal domiciliar per capita praticamente não interfere na taxa de escolarização (percentual de crianças na escola).
"Para a população de 6 a 14 anos, a questão do rendimento não influencia quase nada, mais de 97% das crianças nessa faixa etária estão na escola independentemente do rendimento domiciliar. Para a população de 4 e 5 anos, que é o pré-escolar, a questão tem influência na taxa de escolarização: quanto maior o rendimento domiciliar, maior a chance de essa criança ir para a escola."
Enquanto 69,1% das crianças de 4 e 5 anos com renda familiar per capita até um quarto do salário mínimo estavam na escola, a proporção sobe para 88,9% na faixa de renda superior a um salário mínimo. No grupo etário de 6 a 14 anos, o índices são 97,4% para 99,2%, respectivamente. Entre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização caiu de 85,2% para 83,7%.
Com relação à rede de ensino, 78,4% dos estudantes do Brasil eram atendidos por escolas públicas, de um total de 53,8 milhões de alunos. No ensino fundamental, a rede pública atende a 87% dos estudantes e no ensino médio chega a 87,2%. Nas regiões Norte e Nordeste, as matrículas na rede pública passam de 90% nos ensinos fundamental e médio.
Já no ensino superior, a maior parte dos estudantes era atendida pela rede privada, chegando a 73,2%. As universidades públicas aumentaram a proporção de 23,3% em 2009 para 26,8% em 2011.
Computadores - O computador com acesso à internet foi o bem durável que mais aumentou sua presença nos lares brasileiros, de 2009 a 2011, mostrou a pesquisa. O item teve a maior alta entre os 14 tipos verificados pelo IBGE. De acordo com a pesquisa, 22,4 milhões de domicílios brasileiros encerraram 2011 com computador com acesso à internet - alta de 39,8% em relação ao verificado dois anos antes.
O computador (não necessariamente com acesso à internet) esteve presente em 26,3 milhões de domicílios brasileiros em 2011. O valor representa avanço de 29,7% em relação ao apurado em 2009.
Os lares com apenas celular e sem telefone fixo totalizaram 30,5 milhões, alta de 26,6%. Telefone fixo atingiu 55,1 milhões de lares em 2011, alta de 11,8%. As altas de computadores (com e sem internet) e de celular ficaram acima de itens como motocicleta (23%), máquina de lavar roupa (20,3%), carro (14,5%) e freezer (12,6%).
A televisão encerrou 2011 em 59,4 milhões de lares e o DVD, em 46,3 milhões. O fogão esteve em 60,4 milhões de lares e geladeira, em 58,7 milhões. O cruzamento de dados mostra algumas particularidades brasileiras. Havia em 2011 mais casas com televisão (59,4 milhões) do que com filtro de água (32,6 milhões).
(Informações da Folha de São Paulo e Agência Brasil)
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22 de setembro de 2012
Analfabetismo cai, mas diferença regional persiste
Postado por
jorge werthein
às
10:34
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